Pano
Palavras em murmúrio, eu as oiço como sopro do entardecer. Parecem frases fracturadas, ditas de boca em boca, de ouvido para ouvido. E fico a lembrar-me das noites em casa da tia, minha mulher menina, sentada no valado, contando as primeiras palavras da sua vida comigo.
Rocha de Sousa
6 comentários:
Uma fotografia belo em drapeado, um texto belo em lisura!
Quase como pano de cenário que se fecha sobre a cena abaixo descrita? Assim a memória das memórias?
Pano ou palavra, tudo são palavras.
Em casa das tias há sempre um pano a tapar a mesa onde nos sentamos à roda.
Diria a tia: "Em bom pano cai a nódoa".
A foto: etérea como o tempo de lembrar as palavras na brisa da memória.
Atrás do cortinado a referência maior de um tempo que já passou, mas se repete e continua vivo, trazendo paz.
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