quinta-feira, janeiro 21, 2016

5. Licínia

O insondável destino dos objectos faz-me pensar no insondável destino dos homens. Do brilho dos salões ao mais apagado recanto da indiferença. Da vertical do luxo à indigência dos tempos. Todo o brilho se apaga, toda a cor desvanece, tudo quebra, tudo tomba, tudo. Na última prateleira, na última gaveta, alguém dirá do objecto: já não serve, falta-lhe um pedaço, estorva. Mais tarde, alguém o encontrará num lugar improvável, provisório, ainda, e dirá: como foi belo, o que o tempo faz.

Licínia

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