Eis
como o real, aparentemente arrumado, nos confunde quanto à exacta
postura dos planos. E os actos, as distâncias, as evidências.
Reconheço as coisas mas não sei exactamente onde estão e como. Há
uma balaustrada à frente, do outro lado, um homem ajeita não se
sabe o quê. Atrás dele talvez os meus olhos destilem dois degraus
de uma arquitectura do nosso tempo como é tudo neste imbróglio
acintoso de planos. Depois das escadas, vejo claramente um carro e
bem parece que está estacionado numa garagem de porta aberta diante
de nós. Mas a terra não tratada atrás do carro, à esquerda,
levanta novas dúvidas e só nos faltava que o carro fosse um placard
publicitário ou a coisa real entalada num espaço meio absurdo,
aberto para cá e para lá.
Como
se pode achar, sei tudo o que vejo mas não vejo a circunstância do
real. Parabéns, Licínia.
Rocha
de Sousa
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