Então era assim, a miúda passava todos os dias à mesma hora defronte do café dos velhos que a seguiam com olhos saudosos de juventude. A miúda não reparava neles, ia sempre apressada, segura de querer chegar onde a esperavam. Foi assim até ao dia em que a atenção dela foi tocada por um baque surdo e uma vozearia de aflição. Virou-se, deu uns passos atrás, disse, precisa de ajuda. Ajude-me a levantar, menina, que estes velhos não conseguem. Ela sorriu, abraçou-o pelas costas e ergueu-o. Estava pálido, ela só foi embora quando o viu sentado e a beber um copo de água. Os outros velhos diziam frases desgarradas, que coisa, tu vê lá, estás bem, ó pá atiraste-te para o chão para a miúda te agarrar, cala-te lá.
Entre dois golos, ele só disse, baixinho, é tão bonita.
Entre dois golos, ele só disse, baixinho, é tão bonita.
Licínia
4 comentários:
Que história engraçada!!! - Luisa
O teu conto é encantador, Licínia!
O velhote teria feito propositadamente para receber a atenção da garota?
Um momento de pura ternura: e é tão raro que os novos reparem nos "velhos"!
Um pequeno conto, bem comum mas surpreendente, dos teus...
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