Dia
17
- Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de Mónica.
quarta-feira, setembro 25, 2019
AGENDA PARA OUTUBRO DE 2019
Proposta
de Mónica
Dia
3 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “ma” para
formar as nossas palavras.
O
foco tem de estar todo, e apenas, na ligação entre a palavra que
escolhermos para a sílaba proposta e a fotografia que a expressará,
quer se trate de um objecto ou de um conceito.
Dia
10 - Reticências
com
a frase “Dava-me
jeito”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
17
- Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de Mónica.
Dia
24 –
Jornal de Parede
Dia
31 -
Fotografando
as palavras de outros sobre
“A
tristeza abranda a velocidade do pensamento e pode levar-nos a
repisar a situação que a desencadeou; a alegria pode acelerar o
pensamento e reduzir a atenção para com acontecimentos não
relacionados.”
O
Livro da Consciência,
António Damásio, Círculo
de Leitores
O NOSSO QUERIDO MÊS DE AGOSTO
Proposta de M.
Dia
26 de setembro -
O Tempo dos Outros
E assim terminámos o desafio O Nosso Querido Mês de Agosto. A mim deixa-me saudades, e suponho que a todos os que nele participaram também. Mas já lá vai, aninha-se agora na memória das coisas e Setembro para o seu fim caminha. Espreita Outubro ao virar da folha do calendário e nós aqui estamos para o receber.
M
E assim terminámos o desafio O Nosso Querido Mês de Agosto. A mim deixa-me saudades, e suponho que a todos os que nele participaram também. Mas já lá vai, aninha-se agora na memória das coisas e Setembro para o seu fim caminha. Espreita Outubro ao virar da folha do calendário e nós aqui estamos para o receber.
M
8. Mónica
O tempo dos outros, o tempo deles, o tempo da próxima geração foi o que pensei quando li o mote para esta semana, lembrei-me desta fotografia que tirei na praia aos meus filhos e neto, gosto de os fotografar de costas, as caras não interessam, são pormenores, o que interessa é a figura, as figuras juntas, as figuras descontraídas e felizes. Ao fotografá-los nestes momentos, estou ao mesmo tempo a desejar-lhes que vivam bem todos os dias das suas vidas.
Mónica
7. Margarida
6. M.
4. Licínia
3. Justine
Tempo de casa cheia com filhos e noras e netos! Refeições a horas, quem as prepara? Compras dos iogurtes e da fruta e do pão e da carne e de tudo que está em falta, quem vai fazer? Toalhas de piscina e calções e brinquedos perdidos pelo quintal, quem os recolhe? Tempo de ir para a cama para os donos da casa poderem ter um pequeno e tranquilo serão para eles – que não, que não há horários para as crianças em férias!!
Ah meu querido mês de Agosto!
Ah meu querido mês de Agosto!
Justine
1. Agrades
quinta-feira, setembro 19, 2019
11. Zambujal
Os Agostos da nossa minha juventude tinham, ao que hoje me parece, mais de 31 dias. E cada dia desses Agostos tinha mais do que as 24 horas dos dias dos outros meses.
Os mais de 31 dias começavam de manhãzinha muito cedo e prolongavam-se para além das horas a que o sol se punha, deixando uma luz, uma cor, uma temperatura, um ambiente, que convidava a tudo menos a ir dormir as horas que completavam as tais convencionadas 24 horas.
Na aldeia natal (e de férias), os Agostos da minha juventude tinham a ligação ao resto do ano, aos meses de antes de Agosto e aos meses de depois de Agosto, na ida e volta de buscar jornais (os desportivos saiam 2 vezes por semana!) com notícias da Volta a Portugal em bicicleta, à venda do sr. Francisco da Reca, a 4 quilómetros de distância. A pé ou de bicicleta.
A propósito de bicicletas... houve um Agosto da minha juventude com passeios que a sumida fotografia sobrevivente a tantos anos passados lembram e tornam inesquecível esse Agosto da minha nossa juventude.
A propósito de bicicletas... houve um Agosto da minha juventude com passeios que a sumida fotografia sobrevivente a tantos anos passados lembram e tornam inesquecível esse Agosto da minha nossa juventude.
Zambujal
NOTA:
O texto que o Zambujal me enviou tinha uma espécie de tracejado por cima da palavra "nossa", na primeira frase, e o mesmo tracejado sobre a palavra "minha" no fim. Infelizmente não consigo manter esse aspecto, o que era relevante pelo sentido que lhe imprimia. Lamento.
M
M
9. Mónica
Não gosto do mês de Agosto por nenhuma razão especial ou particular, não gosto da euforia que se apodera de toda a gente no mês de Agosto: o país “fecha” e as pessoas deslocam-se para o litoral, exceto algumas aldeias que só “abrem” em Agosto para receberem os emigrantes. Alinhei nesses Agostos em três anos seguidos da minha juventude, na viragem dos anos 70 para 80 do século passado (faz de conta que estou a explicar o tempo aos meus colegas de trabalho), festas de garagem em casas cujos anfitriões desconhecia, viajar à boleia entre praias do Algarve, andar de mota a três, umas beijocas desinteressantes ao rapaz mais bonito e popular da escola, o meu primeiro namorado a sério, fiz amigos que foram cúmplices, participantes nesses Agostos e que nunca mais vi, aturei despreocupada a vigilância paterna machista “Manuel traz a Mónica para casa à meia-noite e depois vais à tua vida” que o meu irmão cumpria, ouvíamos as músicas dos Boney-M, Gloria Gaynor, CheapTrick, FisherZ, sentia-me feliz, sem planos, cada dia diferente e surpreendente, a pisar o risco sem consequências, alienada do que me rodeava, nem sabia que era Agosto...
Mónica
7. Margarida
6. M.
Várias fotografias e palavras poderia eu escolher para lembrar os agostos da minha juventude mas elas seriam restritivas pela sua condição de eleitas para um objectivo de ocasião. Se distinguisse apenas determinados episódios e as emoções a eles associadas correria o risco de esquecer por momentos a relevância de outros igualmente marcantes guardados no desejo de absoluto que a memória por vezes tem. Assim, num compromisso meu com essa ideia de absoluto, privilegio esta imagem: nela está contida a essência desse tempo da minha vida.
M
5. Luisa
4. Justine
Todos os anos, em Agosto, os pais as deixavam lá, no campismo. À guarda de uma amiga de confiança, pois pareceria mal duas meninas ficarem sozinhas em férias. E as duas irmãs, com a conivência da amiga de confiança, que nelas confiava, de manhã nadavam na lagoa, passeavam até à aberta, combinavam encontros no Inatel à tarde com amigos de muitos anos, para um refresco ou um gelado. Era le temps de l’amour, le temps des copains et de l’aventure. E à noite, à luz das estrelas, era tempo para se inventarem histórias sobre a casa que fora envelhecendo à medida que as meninas se tornavam jovens, mas que nunca deixara de as fascinar.
Justine
3. Isabel
Os Agostos da minha juventude eram felizes e despreocupados. Uns, passados na aldeia, outros na praia, outros na cidade...
Passeava, brincava, nadava, ia às compras, lia muitos livros, via muita televisão, dançava... eram tempos despreocupados e os problemas resolviam-se sempre.
Naquele tempo tudo estava bem / tudo ficava bem.
Acima de tudo, naquele tempo não faltava ninguém importante, ao fim do dia na mesa do jantar ou nas reuniões de família...
Isabel
2. Bettips
Há tempos, passei na praia da minha juventude. Onde só as pedras amarelas restam, embora domesticadas por passadiços e gente itinerante que lhe pousa os pertences. O areal já não é imenso, nas dunas e pinhais fizeram ruas, instalaram prédios, cafés, supermercados, "bons-dias"... Há estacionamentos, rotundas, parques de manutenção para os nutridos ou com o frenesim da saúde, pistas para bicicletas, tabuletas "vá por aqui/vá por ali", tudo bem organizado para a vida irrepreensível que se quer ter. A maior parte das casas estão vazias, são feias, cada prédio de sua cor e feitio, sem harmonia, uma selva moderna de betão e vidro. Há fachadas que lembram bichos negros, com varandas-olhos a brilhar no escuro.
Recolho-me ao passado, com um arrepio. Onde estarão aquelas pessoas, que se juntavam ao fim de semana, em nossa casa, no nosso quintal, no campismo que, agora, sei chamar-se de "ecológico"? De alguns soube do desaparecimento, morreram chegado o seu termo de vida. Mas confesso que, da gente nova e dos que eventualmente ainda restam, gostaria de saber o que é feito deles e que lembranças têm desse tempo. E, é claro, saber das fotografias que se tiravam e nunca vi.
Recolho-me ao passado, com um arrepio. Onde estarão aquelas pessoas, que se juntavam ao fim de semana, em nossa casa, no nosso quintal, no campismo que, agora, sei chamar-se de "ecológico"? De alguns soube do desaparecimento, morreram chegado o seu termo de vida. Mas confesso que, da gente nova e dos que eventualmente ainda restam, gostaria de saber o que é feito deles e que lembranças têm desse tempo. E, é claro, saber das fotografias que se tiravam e nunca vi.
Bettips
quinta-feira, setembro 12, 2019
7. M.
É lugar de emigração aquele, a serra caminho verde para o abraço no regresso às festas do calendário litúrgico de cada aldeia e ao tule a esvoaçar como pássaros no adro da igreja. Conversas abrem risos entre famílias e amigos, visitam a casa em construção, assentam mais uma fiada de tijolos na parede da varanda virada ao pôr do sol, escolhe-se o chão onde pousar o futuro, o pensamento entre là-bas e o depois. No entanto, despedaçados podem ficar os sonhos na curva da estrada que se conhece desde sempre, violentamente expostos na memória da terra-mãe em empresa de sucata à beira das giestas em flor. Tão invasivo e chocante pode ser este nosso mundo!
M
quarta-feira, setembro 11, 2019
6. Luisa
5. Licínia
4. Justine
quinta-feira, setembro 05, 2019
O NOSSO QUERIDO MÊS DE AGOSTO
O Nosso Querido Mês de Agosto
Proposta de M.
Dia
5 de setembro - A Luz dos Lugares
12. Zambujal
O
NOSSO QUERIDO MÊS DE AGOSTO
A LUZ DOS LUGARES.
em alguns agostos. naquele lugar.
A LUZ DOS LUGARES.
em alguns agostos. naquele lugar.
Era em
Agosto. Começava pela tarde. Quando acabava o dia de trabalho dos
que não tinham férias… Ou para os que as tinham noutro mês,
noutros lugares.
Convidava-se
quem, a seu gosto, viesse animar o dia.
A
gosto de…
com os seus convidados.
E
falava-se de livros, ou lia-se, ou ouvia-se música,
ou
mostravam-se fotos, ou ensinava-se tiro ao arco.
A
gosto de…
Para
os convidados do convidado, para os que viessem.
Naquele
Agosto, nos fins de tarde.
E
acendiam-se luzes porque o lugar era numa cave.
Foram
poucos os Agostos. Mas deixaram saudades.
Ao
Som
da Tinta! Em
Ourém.
Zambujal
9. Mena M.
8. Margarida
Altura era, na altura, inóspita e apenas habitada por locais, entenda-se, por pescadores.
Ansiávamos – nós, as primas – por esses 15 dias de areia branca, água salgada e vinho verde Gatão.
O mar era morno e a luz das luas convidativa. Da janela do nosso querido r/c fugíamos naturalmente, ajudadas por 1 tia mansa e permissiva. E voltávamos algumas horas depois, quando não madrugada dentro, ébrias de idade, areadas de pés, vidradas de olhar e de esperança.
Eram os nossos loucos anos 70.
Ansiávamos – nós, as primas – por esses 15 dias de areia branca, água salgada e vinho verde Gatão.
O mar era morno e a luz das luas convidativa. Da janela do nosso querido r/c fugíamos naturalmente, ajudadas por 1 tia mansa e permissiva. E voltávamos algumas horas depois, quando não madrugada dentro, ébrias de idade, areadas de pés, vidradas de olhar e de esperança.
Eram os nossos loucos anos 70.
Margarida
7. M.
A luz dos lugares tem afinidades com os que lhe são íntimos ao longo de muitos anos.
Em tempos idos, nem as paredes da casa nem as crianças que ali viviam os meses de verão se importavam com as respectivas estaturas. Existia aquela espécie de porta de casa de bonecas que abria e fechava à passagem desenfreada de meninos em busca de brincadeiras novas e pronto, tudo era festa. Apenas os adultos mostravam algum cuidado ao entrar e sair, não fossem as suas cabeças supostamente experientes provocar litígios com o lintel da porta, ao ponto de criarem galos onde ninguém pensa que cresçam, ou verem pássaros a esvoaçar entre estrelas coloridas. E porque, como diz o ditado popular Cada um em sua casa é rei, esses nossos conhecidos de penas apresentam-se sem dúvida mais garbosos quando anunciam um novo dia nas manhãs orvalhadas ou debicam nos campos de terra batida acompanhados da sua prole.
Ora aconteceu que alguém com artes de desenho, prevendo que os meninos medram como as culturas na aldeia, teve a ideia brilhante de ali colocar um aviso divertido para evitar problemas aos distraídos. E passou a velha casa de grossas paredes de pedra, que em tempos tinha sido curral de cabras, a sentir-se honrada com as vénias que a todo o momento lhe são prestadas. E nós felizes por podermos continuar a observar constelações de estrelas no céu das noites límpidas de verão.
Ora aconteceu que alguém com artes de desenho, prevendo que os meninos medram como as culturas na aldeia, teve a ideia brilhante de ali colocar um aviso divertido para evitar problemas aos distraídos. E passou a velha casa de grossas paredes de pedra, que em tempos tinha sido curral de cabras, a sentir-se honrada com as vénias que a todo o momento lhe são prestadas. E nós felizes por podermos continuar a observar constelações de estrelas no céu das noites límpidas de verão.
M
4. Justine
3. Isabel
quarta-feira, setembro 04, 2019
2. Bettips
Dizendo: nunca gostei do mês de Agosto, desde o tempo em que o nome dos meses se escrevia obrigatoriamente com "letra grande". Oferecia-me sempre para trabalhar, quando todos iam de férias. Acumulava funções e misteres, e trabalhava o dobro. Mas saía da corrente, do êxodo, das multidões. E a cidade era quente; e contudo mais repousante.
Agora, que todos os reformados têm tanto que fazer neste mês, aprecio as pequenas coisas que acontecem. E basta um canto de rua onde se habita, por acaso e necessidade, para sorrir com ironia: "meu querido mês", que me deslocas, que me colocas, onde nunca estaria de vontade assumida. Onde apenas uma luz me chama e me acende a velha chama.
Agora, que todos os reformados têm tanto que fazer neste mês, aprecio as pequenas coisas que acontecem. E basta um canto de rua onde se habita, por acaso e necessidade, para sorrir com ironia: "meu querido mês", que me deslocas, que me colocas, onde nunca estaria de vontade assumida. Onde apenas uma luz me chama e me acende a velha chama.
Lisboa, Agosto 2019
Bettips
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