AS SOMBRAS
Matar as sombras
é ofício que requer
minúcias de arquivista
a numerar passados.
É preciso chamá-las,
convencê-las ao recato dos sótãos,
à solidão das arcas,
ao refúgio do olvido,
ao silêncio do gelo.
Depois atá-las,
em novelo,
conservá-las escuras,
imprestáveis.
Fechar todas as portas,
fechar todos os bichos,
fechar os dias,
até que morram,
as sombras,
provisoriamente.
Virão por fim as flores,
com pétalas raiadas de penumbra.
Licínia
4 comentários:
Belo poema. As sombras são sempre difíceis de tratar porque nós gostaríamos que tudo fosse sempre luz.
Luisa
Um poema intenso, delicado, significativo! Muito bom!
Tanta Poesia à solta nestes nossos pensamentos. Interessante o que estes tempos nos fazem para libertar a mente.
Um poema muito belo, dolorido mas com esperança. A fotografia a condizer, entre a flor completamente em desânimo e as outras viradas para o horizonte, de cabeça erguida.
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