
Em
família - O livro “o Legado de Nhô Filili” é a história de uma família de Cabo
Verde, começa em meados século XIX com Nhô Filili, filho de minhotos, até
meados do século XX. Nada por acaso, Nhô Filili existiu, o autor é casado com
uma descendente, quase todas as personagens têm nomes de pessoas reais, nomes
pouco vulgares, tipo Armando Napoleão (o autor do primeiro dicionário de
crioulo-português) que não deixa dúvida de quem se tratam os acontecimentos e
as personagens do livro, o que não permite ao autor dizer que a história do
livro é ficção e pura coincidência. Parte da família ofendeu-se muito com a
caracterização das personagens e o relato dos eventos, há sites e blogues com
trocas de pedidos de justificações, desculpas, esclarecimentos, retirada do
livro de circulação, reedição, etc. O autor tem um lugar no inferno da família
dos descendentes de Nhô Filili. Eu adorei ler o livro (apesar de algumas frases
racistas sem contexto), passou-me de raspão, Nhô Filili era irmão do meu
trisavô Júlio e não eram filhos mas sim netos de minhotos que foram para Cabo
Verde nos primeiros anos do século XIX. Tinha piada se o autor tivesse contado
que a avó do Nhô Filili, a minhota Custódia Ricarda Angelina Rodrigues, ao fim
de muitos anos de casamento e cinco filhos adultos tenha fugido de casa,
apanhado o barco e voltado para a sua terra Viana do Castelo, conforme relata o
marido no testamento: sem causa ou motivo me abandonou em idade avançada quando
mais dela precisava e levando dinheiro, joias e tudo o que de melhor havia em
casa encheu dois baús. Em família não se agrada a todos.
Mónica