XLIX
Meto-me para dentro, e fecho a janela.
Trazem o candeeiro e dão as boas-noites,
E a minha voz contente dá as boas-noites.
Oxalá a minha vida seja sempre isto:
O dia cheio de sol, ou suave de chuva,
Ou tempestuoso como se acabasse o mundo,
A tarde suave e os ranchos que passam
Fitados com interesse da janela,
O último olhar amigo dado ao sossego das árvores,
E depois, fechada a janela, o candeeiro aceso,
Sem ler nada, nem pensar em nada, nem dormir,
Sentir a vida correr por mim como um rio por seu leito,
E lá fora um grande silêncio como um deus que dorme.
Poesia, Alberto Caeiro, edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, Assírio & Alvim, Obras de Fernando PessoaFoto de M
Foto de M
«… Foi a este lar, humilde como os que mais o eram, que vieram acolher-se os meus avós depois de casados, ela, segundo havia sido voz corrente no tempo, a rapariga mais bonita da Azinhaga, ele, o exposto na roda da Misericórdia de Santarém e a quem chamavam «pau-preto» por causa da tez morena. Ali viveriam sempre. Contou-me a avó que a primeira noite a passou o avô Jerónimo sentado à porta da casa, ao relento, com um pau atravessado nos joelhos, à espera dos ciumentos rivais que haviam jurado ir apedrejar-lhe o telhado. Ninguém apareceu, afinal, e a Lua viajou (permita-se-me que o imagine) toda a noite pelo céu, enquanto minha avó, deitada na cama, de olhos abertos, esperava o seu marido. E foi já madrugada clara que ambos se abraçaram um no outro.»As Pequenas Memórias, José Saramago, CaminhoFoto de M
Coisa tão triste aqui esta mulher
com seus dedos pousados no deserto dos joelhos
com seus olhos voando devagar sobre a mesa
para pousar no talher
Coisa mais triste o seu vaivém macio
p'ra não amachucar uma invisível flora
que cresce na penumbra
dos velhos corredores desta casa onde mora
Que triste o seu entrar de novo nesta sala
que triste a sua chávena
e o gesto de pegá-la
E que triste e que triste a cadeira amarela
de onde se ergue um sossego um sossego infinito
que é apenas de vê-la
e por isso esquisito
E que tristes de súbito os seus pés nos sapatos
seus seios seus cabelos e seu corpo inclinado
o álbum a mesinha as manchas dos retratos
E que infinitamente triste triste
o selo do silêncio
do silêncio colado ao papel das paredes
da sala digo cela
em que comigo a vedes
Mas que infinitamente ainda mais triste triste
a chávena pousada
e o olhar confortando uma flor já esquecida
do sol
do ar
lá de fora
(da vida)
numa jarra parada.
Emanuel Felix (1936 - 2004), poeta açoriano.
In Antologia de Poesia Açoriana do sec. XVIII a 1975, Pedro Silveira, Sá da Costa
Foto de M
Holiday Greetings to EveryoneI wanted to send some sort of holiday greeting to my friends, but it is so difficult in today's world to know exactly what to say without offending someone. So I met with my lawyer yesterday, and on his advice I wish to say the following: Please accept with no obligation, implied or implicit, my best wishes for an environmentally conscious, socially responsible, low stress, nonaddictive, gender neutral celebration of the winter solstice holiday, practiced with the most enjoyable traditions of religious persuasion or secular practices of your choice with respect for the religious/secular persuasions and/or traditions of others, or their choice not to practice religious or secular traditions at all. I also wish you a fiscally successful, personally fulfilling and medically uncomplicated recognition of the onset of the generally accepted calendar year 2007, but not without due respect for the calendars of choice of other cultures whose contributions to society have helped make our country great (not to imply that the UK is necessarily greater than any other country) and without regard to the race, creed, colour, age, physical ability, religious faith or sexual preference of the wishee. By accepting this greeting, you are accepting these terms: This greeting is subject to clarification or withdrawal. It is freely transferable with no alteration to the original greeting. It implies no promise by the wisher to actually implement any of the wishes for her/himself or others and is void where prohibited by law, and is revocable at the sole discretion of the wisher. This wish is warranted to perform as expected within the usual application of good tidings for a period of one year or until the issuance of a subsequent holiday greeting, whichever comes first, and warranty is limited to replacement of this wish or issuance of a new wish at the sole discretion of the wisher. Disclaimer: No trees were harmed in the sending of this message; however, a significant number of electrons were slightly inconvenienced. __._,_.___
(Não me foi indicado o nome do autor.)
Foto de S. a pedido da M.
Foto de Dulce. Tirada hoje mesmo, em Almada.
Foto de Teresa David



«Feliz Natal
Com muita paz e alegria
São os votos da Luisa»
Tempo de formular desejos. FELIZ NATAL. BOM ANO NOVO. Tempo de saudades, de esperanças, de balanços. Fôssemos nós capazes de dar a Paz, o Pão, o Amor e seriam BOAS as FESTAS neste louco mundo em que vivemos.
O meu abraço.
Licínia
Dezembro de 2006