Já que Novembro se despede de nós dentro de poucos dias e que Dezembro se aproxima a passos largos, aqui fica a informação sobre o que é pedido:
Dia 1 - Provérbios Fotografados: «Em casa de menino de rua, o último a sair apaga a lua» (Proposto pela Jawaa)
Dia 8 - Reticências com a frase “A lua” a iniciar o texto
Dia 15 - Fotodicionário com a palavra “Cidade” escolhida pela Nucha
Dia 22 - Fotodicionário com a palavra “Restauradores” escolhida pelo Zambujal
Dia 29 - Fotografando as palavras de outros sobre o interessante e muito belo poema de António Gedeão
Homem
Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.
Poesias Completas, (Movimento Perpétuo), António Gedeão, Portugália Editora, Colecção Poetas de Hoje, Outubro de 1964
NOTA: Como já vos disse anteriormente, se algum de vós tiver um gosto especial em propor um provérbio que nunca tenha aparecido, basta que mo faça chegar e eu divulgá-lo-ei no mês seguinte para que possamos “fotografá-lo” no desafio Provérbios Fotografados.
quinta-feira, novembro 24, 2011
O DESAFIO DE HOJE
O desafio de hoje foi baseado neste excerto belíssimo de uma crónica de António Lobo Antunes.
Valeu a pena!
O cheiro das ondas no instante
em que o ar é mais frio do que a água
«Normalmente é no terceiro minuto a partir do crepúsculo que o ar da praia é mais frio do que a água. Não no segundo nem no quarto: no terceiro e durante onze segundos, o que requer discernimento, atenção e paciência. O melhor é encostarmo-nos à muralha, de queixo na palma, vigiar as gaivotas, dar fé da mudança de cor no horizonte e nisto, mal o terceiro minuto começa, tira-se a palma do queixo para que o ar poise nela e aí está: pega-se no ar da praia, mete-se no bolso e leva-se para casa sem deixar entornar. Tem de utilizar-se logo visto que no dia seguinte, a partir das dez, já o ar aqueceu. Puxa-se com cuidado do bolso e respira-se devagarinho. Quase sempre, então, os pinheiros estremecem e parece existir, nas mulheres da família, uma espécie de vontade de chorar. Não de tristeza, claro: do facto de existir para sempre, dentro delas, um búzio comovido.»
in Segundo Livro de Crónicas, António Lobo Antunes, Publicações Dom Quixote, Outubro de 2002
Valeu a pena!
O cheiro das ondas no instante
em que o ar é mais frio do que a água
«Normalmente é no terceiro minuto a partir do crepúsculo que o ar da praia é mais frio do que a água. Não no segundo nem no quarto: no terceiro e durante onze segundos, o que requer discernimento, atenção e paciência. O melhor é encostarmo-nos à muralha, de queixo na palma, vigiar as gaivotas, dar fé da mudança de cor no horizonte e nisto, mal o terceiro minuto começa, tira-se a palma do queixo para que o ar poise nela e aí está: pega-se no ar da praia, mete-se no bolso e leva-se para casa sem deixar entornar. Tem de utilizar-se logo visto que no dia seguinte, a partir das dez, já o ar aqueceu. Puxa-se com cuidado do bolso e respira-se devagarinho. Quase sempre, então, os pinheiros estremecem e parece existir, nas mulheres da família, uma espécie de vontade de chorar. Não de tristeza, claro: do facto de existir para sempre, dentro delas, um búzio comovido.»
in Segundo Livro de Crónicas, António Lobo Antunes, Publicações Dom Quixote, Outubro de 2002
quarta-feira, novembro 23, 2011
Do Zé-Viajante
sexta-feira, novembro 18, 2011
A Nucha também brinca... :-))
quinta-feira, novembro 17, 2011
A brincar se vão dizendo as verdades :-))
No dia 24 de Novembro são esperadas belas fotografias...
Dia 24 - Fotografando as palavras de outros sobre este excerto belíssimo de uma crónica de António Lobo Antunes (Adoro as crónicas dele.)
O cheiro das ondas no instante
em que o ar é mais frio do que a água
«Normalmente é no terceiro minuto a partir do crepúsculo que o ar da praia é mais frio do que a água. Não no segundo nem no quarto: no terceiro e durante onze segundos, o que requer discernimento, atenção e paciência. O melhor é encostarmo-nos à muralha, de queixo na palma, vigiar as gaivotas, dar fé da mudança de cor no horizonte e nisto, mal o terceiro minuto começa, tira-se a palma do queixo para que o ar poise nela e aí está: pega-se no ar da praia, mete-se no bolso e leva-se para casa sem deixar entornar. Tem de utilizar-se logo visto que no dia seguinte, a partir das dez, já o ar aqueceu. Puxa-se com cuidado do bolso e respira-se devagarinho. Quase sempre, então, os pinheiros estremecem e parece existir, nas mulheres da família, uma espécie de vontade de chorar. Não de tristeza, claro: do facto de existir para sempre, dentro delas, um búzio comovido.»
in Segundo Livro de Crónicas, António Lobo Antunes, Publicações Dom Quixote, Outubro de 2002
O cheiro das ondas no instante
em que o ar é mais frio do que a água
«Normalmente é no terceiro minuto a partir do crepúsculo que o ar da praia é mais frio do que a água. Não no segundo nem no quarto: no terceiro e durante onze segundos, o que requer discernimento, atenção e paciência. O melhor é encostarmo-nos à muralha, de queixo na palma, vigiar as gaivotas, dar fé da mudança de cor no horizonte e nisto, mal o terceiro minuto começa, tira-se a palma do queixo para que o ar poise nela e aí está: pega-se no ar da praia, mete-se no bolso e leva-se para casa sem deixar entornar. Tem de utilizar-se logo visto que no dia seguinte, a partir das dez, já o ar aqueceu. Puxa-se com cuidado do bolso e respira-se devagarinho. Quase sempre, então, os pinheiros estremecem e parece existir, nas mulheres da família, uma espécie de vontade de chorar. Não de tristeza, claro: do facto de existir para sempre, dentro delas, um búzio comovido.»
in Segundo Livro de Crónicas, António Lobo Antunes, Publicações Dom Quixote, Outubro de 2002
quarta-feira, novembro 16, 2011
quinta-feira, novembro 10, 2011
A AGENDA PARA NOVEMBRO CONTINUA
Dia 17 - Fotodicionário com a palavra “Estação” escolhida pela ~pi
(Depois da resposta tão variada e criativa ao mote dado que foi, para quem nos lê e não sabe de que se trata, a frase "Voltei a ouvi-los".
Estes meus companheiros de desafios surpreendem-me!)
Procuremo-los nos seus lugares de residência habitual. Aqui, entre as várias presenças de outros tempos:
Agrades António Stein Belisa Benó Bettips Cristal David Smith Despertando Dulce Escorpião Gustaaf V. B. IsaMar Jawaa Justine Lagoas Licínia Luisa M. Mac Maria de Fátima Mena M. Mj M.J.Jara Nucha ~pi Rocha/Desenhamento T Teresa Silva: teresa47@netcabo.pt (mail) Zambujal Zé-Viajante
NOTA:
Em baixo, na janelinha de comentários, há mensagens da Bettips para a Nucha e para a Mac que nunca chegaram às suas destinatárias por razões que nos escapam.
(Depois da resposta tão variada e criativa ao mote dado que foi, para quem nos lê e não sabe de que se trata, a frase "Voltei a ouvi-los".
Estes meus companheiros de desafios surpreendem-me!)
Procuremo-los nos seus lugares de residência habitual. Aqui, entre as várias presenças de outros tempos:
Agrades António Stein Belisa Benó Bettips Cristal David Smith Despertando Dulce Escorpião Gustaaf V. B. IsaMar Jawaa Justine Lagoas Licínia Luisa M. Mac Maria de Fátima Mena M. Mj M.J.Jara Nucha ~pi Rocha/Desenhamento T Teresa Silva: teresa47@netcabo.pt (mail) Zambujal Zé-Viajante
NOTA:
Em baixo, na janelinha de comentários, há mensagens da Bettips para a Nucha e para a Mac que nunca chegaram às suas destinatárias por razões que nos escapam.
15. Zé-Viajante
Voltei a ouvi-los...com a mesma alegria (e também raiva) de há 37 anos antes. Hoje já não os vejo nas janelas, nas ruas, a confraternizar com o povo. Voltei a ouvir " O Povo Unido Jamais Será Vencido", se calhar apenas na minha mente.
Hoje, como ontem, há a necessidade imperiosa de não esquecer. Os "Senhores" agora são outros. Mais "abertos e democráticos".
Mas talvez mais perigosos.
Sim, quero voltar a ouvi-los. Mas não aos que monopolizam a informação. Quero voltar a ouvir a minha gente gritar:
Este país é nosso.
Zé-Viajante
14. Zambujal
Voltei a ouvi-los…
… aqueles que, sendo de vinil, tanto nos ajudaram. A viver o tempo, a dar-nos força para vencermos o (mau) tempo. Foram companheiros em tantos momentos da vida…
Voltaram a ser ouvidos, ainda que o destreinado gira-discos tenha protestado e mostrado mau feitio. Resmungão.
Mas, nas suas tão diferentes e lembradas ajudas, só tirá-los do seu lugar de repouso, tocá-los com os dedos da memória – como se agulhas fossem – já ajudou muito neste tempo de agora!
Nomes? Para quê?, se tantos faltam…
Zambujal
13. Teresa Silva
12. ~pi
Voltei a ouvi-los... eram jovens e antigos e uivavam.
Os braços desceram-me devagarinho, parei de tocar.
Uivaram então mais forte - como antes, longa e distintamente, a chamar.
Eram cinco, eram sete. Cerrei os olhos para ver melhor: cada timbre, cada olho, cada cor, cada traço.
Do poço do fundo recordava. Ali, assombradamente, reflectiam-se aguarelas de adiados detalhes, afinados agora no palidíssimo fio de luz desse ocaso de cidade.
Parei de tocar.
E voltei a ouvi-los... cada vez mais perto. Eram nove. Nove vezes nove, a música recolhida nos braços, agora cruzados. O meu coração é uma bala prestes a abalar. Como no filme, pele a pele, boca a boca, pulso a pulso, transfigurado.
Inesperado, urgente e tão simples como sempre imaginara, o regresso evidente no eco adensado.
E será - como sempre soube, o mais completo e maravilhoso regresso. Cristalino, suave e nupcial: o regresso prolongado.
~pi
11. Nucha
9. Mac
quarta-feira, novembro 09, 2011
8. M.
Voltei a ouvi-los pelas ruas do bairro naquele seu chamamento que me confrange por me parecer um grito de desespero no desencanto dos dias.
Espreitei-os de longe. Eram dois. Um deles, sentado na bicicleta, alternava o movimento mágico da roda de esmeril a lançar chispas no ar com o gesto de avaliar com a ponta dos dedos o gume da lâmina que afiava. Ao de leve, repetidas vezes, como se a acariciasse.
A dada altura parou, suponho que satisfeito com o resultado conseguido. Retirou então outras facas de dentro da caixa de ferramentas colocada atrás do assento da bicicleta e acautelou-as num saco de plástico juntamente com a que tinha acabado de amolar. Atravessou vagarosamente a rua e tocou à campainha da porta de um dos prédios, de onde regressou passados alguns minutos com um molhinho de notas na mão. Percebi que as contava e que, com um gesto aberto, entregava uma parte ao companheiro.
Depois, enquanto se preparavam para ir embora, sopraram de novo as gaitas usadas como voz de distâncias e, correndo com o olhar as janelas debruçadas sobre o passeio, afastaram-se sem pressa.
M
6. Licínia
Voltei a ouvi-los na manhã de sol, com o frio da noite adormecido na relva do jardim. Não lhes vi o vulto, não lhes sei o tamanho, a idade, se a têm. A sua fala continua sibilante, entrecortada, de sílabas sem vogais, porventura apagadas por outros geniozinhos de maus humores e vizinhanças não desejadas. Era chegado de novo o tempo do concílio, em torno do pequeno arbusto, no seu dia único de florir. Só eu sei o que decidiram, mas não o posso revelar, sob pena de nunca mais serem visíveis a meus olhos as flores do desejo de aqui voltar, nos anos todos que me pertencerem.
Licínia
5. Justine
Voltei a ouvi-los este ano. Formaram aqui à porta, tocaram a primeira peça em honra dos da casa e subiram a ladeira, em marcha solene, até ao adro, onde deram o concerto. É sempre o ponto alto da festa da aldeia. Todos os anos. Este ano voltei a ouvi-los, e voltarei a ouvi-los para o ano. Enquanto…
Justine
4. Jawaa
3. Bettips
Voltei a ouvi-los... vendo-os. Aos poetas do exílio, aos poetas do amor, aos poetas do descontentamento, aos da ira, a todos os que empunham a Poesia como uma arma contra o convencionado.
Foram estes, em estátuas; poderiam ser outros, os das revoluções, os dos nossos antigos sonhos. Voa célere o pensamento com eles.
Os Poetas são o nosso laço com o passado mas escrevem sempre no chão do Futuro.
Bettips
2. Benó
Voltei a ouvi-los.
Foi a frase pronunciada quando fechou a porta ao mundo soturno dos surdos.
Agora que já tinha os seus aparelhos auditivos, teríamos de ser mais cautelosos com as conversas mantidas por perto, se não quiséssemos ser apanhados nalguma inconveniência.
A tia poderia, pois, escutar o canto dos seus canários, a chuva tamborilando no telhado e, até, como dizia a publicidade, escutar uma moeda a cair.
A sua cara refletia imensa felicidade quando ela própria se ouviu a dizer:
Voltei a ouvi-los.
Benó
1. Agrades
sábado, novembro 05, 2011
Ora digam lá se não é lindo este postal feito pela Nucha (clicar na imagem para ver em tamanho maior)
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