quinta-feira, novembro 15, 2012

7. M.

A lembrar-me um filme para crianças em que apenas aparecem dois sapatos de duendes a correr pela floresta, numa pressa engraçada de fazer rir quem os vê e não sabe para onde eles vão. Aqui, no entanto, parece não serem sapatos de histórias de meninos nem haver pressa. Ou então talvez ela tenha existido, acompanhada do cansaço de desejar chegar onde não se chegou e assim se ficou pelo caminho, o desânimo desmaiado sobre as pedras da calçada. Ou pior ainda, porque preso ao chão esse desânimo, com espigão de ferro ao jeito de armadilha de caça colocada em lugar onde é suposto correr a vida.
M

4 comentários:

Justine disse...

Começando com a referência a um filme que me lembro de ver para mostrá-lo ao meu filho(há 40 anos???),acabas por fazer um retrato real dos dias amargos que actualmente vivemos neste nosso país malbaratado. Afinal não há muita distância entre a imaginação e a realidade...

Sérgio Ribeiro disse...

Tantas as hipóteses, ou os cenários... como dizem os melhor-falantes.
Ora aqui ficou um verdadeiro desafio para as palavras revelaram o que os olhos vêem!

bettips disse...

Vagamente melancólico, discorres um texto que aflora o riso das corridas na floresta e logo lembra o metal com bicos, das tais armadilhas de caça. Para meninos e não só.

Rocha de Sousa disse...

A ideia do filme é muito boa: mas, como o que nos é dado a ver é apenas parte de uma proposta ar-
tística (instalação) o jogo está viciado. Não o digo por mal, digo-o
porque falta aqui o elemento peda-
gógico e ético