quinta-feira, março 14, 2013
10. Rocha/Desenhamento
Era apenas uma pequena lâmpada eléctrica aconchegada no côncavo de uma corola em forma de tulipa, feita de vidro levemente rosado, vagamente cor de grão. Ficara ali, suspens de um tecto em madeira, só ela acesa ao fim de um abandono de seis meses. As companheiras, em círculo por fora, deixadas igualmente acesas, em breve se queimaram, escurecendo sem remédio. Aquela lâmpada enfim singular e solitária foi a única a receber os donos de casa no sul, vindos para férias perto do verão, perto do anoitecer, espantando-se com a luz breve mas viva, assim incandescente desde a última passagem deles por ali, seis meses antes.
Rocha de Sousa
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7 comentários:
A foto - a luz brilhando no fundo negro - faz sobressair a importãncia que é dada no texto a esta pequena lâmpada- acto de boas-vindas dos moradores da casa.
Equilíbrio perfeito!
Uma luz na escuridão.
O acolhimento, o sorriso na recepção, a fidelidade.
Há lá coisa mais bonita?
Há sempre alguém ou alguma coisa que ilumina a nossa vida.
Uma única estrela
resistindo e esperando.
Como o aparecimento duma pequena luz (e que belo o abat-jour quelque jour) dá origem a um texto terno!
Muito bonito "este casamento" teu RS. foto/palavras.
É sempre bom sentirmo-nos bem-vindos!
Teimosia solitária e solidária.
Uma lampada simples bastou para uma escrita bonita.
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