Dia
16 - Com
as palavras dentro do olhar sobre fotografia
do Zé-Viajante.
quinta-feira, abril 25, 2013
AGENDA PARA MAIO DE 2013
«There´s a man all over for you, blaming on his boots the fault of his feet.»
Samuel Beckett (1906 - 1989)
Dia 2 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “Ti” para formar as nossas palavras. Poderá ser colocada no início, no meio ou no fim da palavra que escolhermos. E não se esqueçam da fotografia. O texto que alguns de nós acrescentamos é facultativo.
Dia
9 - Reticências
com
a frase “Há
momentos”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
16 - Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
de Zé-Viajante.
Dia
23
-
Provérbios
Fotografados: «Coisas
vistas à noite, de manhã outras parecem» (Como
maio tem cinco quintas-feiras, resolvi ressuscitar este desafio
antigo).
Dia
30 - Fotografando
as palavras de outros sobre
este poema lindo:
MANHÃ
Como
um fruto que mostra
Aberto
pelo meio
A
frescura do centro
Assim
é a manhã
Dentro
da qual eu entro
Obra
Poética (Livro Sexto, I As Coisas),
Sophia de Mello Breyner Andresen, Editorial Caminho, Outubro de 2010
A PEDIDO DO ZAMBUJAL e DA JUSTINE
Em relação ao desafio da semana passada:
Agradeço
muito a TODAS/OS os textos com que legendaram a foto sobre “a minha
pedra”.
Saiu
(mais um) cacharolete de prosas curtas e certeiras... porque sentidas
e bem escritas.
Achei
muita graça aos apetites gulosos que suscitou!
Compreenderão
a referência especial a Teresa Silva, Jawaa e Agrades porque
acertaram em cheio num ponto a que sou muito sensível. Cá por
coisas passadas...
As
minhas saudações solidárias
Zambujal
******************************
Em relação às publicações de hoje:
A Justine pediu-me que vos informasse que não terá oportunidade de nos comentar dentro do prazo habitual e que tentará fazê-lo no início da próxima semana.
O DESAFIO DE HOJE
Dia
25 - Fotografando
as palavras de outros sobre
dois excertos deliciosos retirados do livro abaixo indicado, publicados no dia 18.
Pigmalião,
Bernard Shaw, Publicações Europa-América, Edição bilingue,
Ilustrações de Feliks Topolski
Título
original: Pygmalion
(A Romance in five acts)
Tradução
de Mário César de Abreu
12. Zambujal
9. Mena M.
7. M.
Woman
in her Bath, Sponging her Leg,
Edgar Degas, 1883
Louvre,
Paris
Retirado
do meu livro
The Impressionists, William
Gaunt, Thames and Hudson Ltd, London
Escolhi esta fotografia, que ilustra em certa medida parte da cena da casa de banho descrita no excerto II retirado do livro Pigmalião, porque me interessa sempre relacionar os vários intervenientes de uma determinada época, as suas influências uns nos outros, artistas ou não, vivam eles no mesmo país ou não, conheçam-se ou não pessoalmente.
Portanto, neste caso, George Bernard Shaw (1856 - 1950) e Edgar Degas (1834 - 1917) foram contemporâenos. Fascinante!
6. Luisa
quinta-feira, abril 18, 2013
AGENDA PARA DIA 25 DE ABRIL DE 2013
FOTOGRAFANDO AS PALAVRAS DE OUTROS
Excerto I
Pygmalion
(...)
PICKERING
(gently)
But what is it you want, my girl?
THE
FLOWER GIRL. I want to be a lady in a flower shop stead of selling at
the corner of Tottenham Court Road. But they wont take me unless I
can talk more genteel. He said he could teach me. Well, here I am
ready to pay him – not asking any favor – and he treats me zif I
was dirt.
(…)
Act
II Páginas 185 e 186
************************************************Pigmalião
(...)
PICKERING
(delicadamente)
– Mas
afinal que é que você quer?
A VENDEDEIRA DE FLORES – Quero trabalhar cumo uma senhora numa loja de flores imbez de ser bendedeira numa esquina de Tottenham Court Road, mas eles no m'aceitam se eu no falar melhor. Ele disse que podia ensinar-me, e por isso aqui estou pronta pra le pagar. No le peço nenhum fabor e ele trata-me como s'eu fosse lixo.
A VENDEDEIRA DE FLORES – Quero trabalhar cumo uma senhora numa loja de flores imbez de ser bendedeira numa esquina de Tottenham Court Road, mas eles no m'aceitam se eu no falar melhor. Ele disse que podia ensinar-me, e por isso aqui estou pronta pra le pagar. No le peço nenhum fabor e ele trata-me como s'eu fosse lixo.
(…)
Acto II Página 42
Pigmalião, Bernard Shaw, Publicações Europa-América, Edição bilingue, Ilustrações de Feliks Topolski
Título original: Pygmalion (A Romance in five acts)
Tradução de Mário César de Abreu
Acto II Página 42
Pigmalião, Bernard Shaw, Publicações Europa-América, Edição bilingue, Ilustrações de Feliks Topolski
Título original: Pygmalion (A Romance in five acts)
Tradução de Mário César de Abreu
Excerto II
Pygmalion
(...)
LIZA. I should look all right with my hat on. (She takes up her hat; puts it on; and walks across the room to the fireplace with a fashionable air).
(...)
LIZA. I should look all right with my hat on. (She takes up her hat; puts it on; and walks across the room to the fireplace with a fashionable air).
HIGGINS.
A new fashion, by George! And it ought to look horrible!
DOOLITTLE (with fatherly pride) Well, I never thought she'd clean up as good looking as that, Governor. She's a credit to me, aint she?
LIZA. I tell you, it's easy to clean up here. Hot and cold water on tap, just as much as you like, there is. Wooly towels, there is; and a towel horse so hot, it burns your fingers. Soft brushes to scrub yourself, and a wooden bowl of soap smelling like primroses. Now I know why ladies is so clean. Washing's a treat of them. Wish they saw what it is for the like of me!
HIGGINS. I'm glad the bathroom met with your approval.
LIZA. It didn't: not all of it; and I dont care who hears me say it. Mrs. Pearce knows.
HIGGINS. What was wrong, Mrs. Pearce?
MRS. PEARCE (blandly). Oh, nothing, sir. It doesnt matter.
LIZA. I had a good mind to break it. I didnt know which way to look. But I hung a towel over it, I did.
HIGGINS. Over what?
MRS. PEARCE. Over the looking glass, sir.
(..)
Act II Páginas 210 e 211
DOOLITTLE (with fatherly pride) Well, I never thought she'd clean up as good looking as that, Governor. She's a credit to me, aint she?
LIZA. I tell you, it's easy to clean up here. Hot and cold water on tap, just as much as you like, there is. Wooly towels, there is; and a towel horse so hot, it burns your fingers. Soft brushes to scrub yourself, and a wooden bowl of soap smelling like primroses. Now I know why ladies is so clean. Washing's a treat of them. Wish they saw what it is for the like of me!
HIGGINS. I'm glad the bathroom met with your approval.
LIZA. It didn't: not all of it; and I dont care who hears me say it. Mrs. Pearce knows.
HIGGINS. What was wrong, Mrs. Pearce?
MRS. PEARCE (blandly). Oh, nothing, sir. It doesnt matter.
LIZA. I had a good mind to break it. I didnt know which way to look. But I hung a towel over it, I did.
HIGGINS. Over what?
MRS. PEARCE. Over the looking glass, sir.
(..)
Act II Páginas 210 e 211
******************************************************
Pigmalião
(..)
LISA – Co meu chapéu debo ficar melhor. (Pega no chapéu, põe-no na cabeça e atravessa a sala em direcção à lareira, com um ar elegante.)
(..)
LISA – Co meu chapéu debo ficar melhor. (Pega no chapéu, põe-no na cabeça e atravessa a sala em direcção à lareira, com um ar elegante.)
HIGGINS
– Fantástico! Mais uma nova moda! E tinha de ser horrível!
DOOLITTLE (com orgulho paternal) – Nunca pensei que um bom banho a deixasse com tão bom aspecto, patrão! Estou a marcar pontos, no estou?
LISA – Pois fique sabendo que aqui é fácil a gente labar-se. Nas torneiras há toda a água quente e fria que se queira. Toalhas fofas e um toalheiro tão quente que'inté queima os dedos. Escobas macias para uma pessoa se esfregar e uma taça de madeira com sabão dentro que cheira a primaberas. Agora sei por que é que as senhoras são tão limpas. Um banho, pra elas, é um regalo! Gostaba que elas soubesem o que é um banho pra pessoas como eu!
HIGGINS – É um prazer saber que a casa de banho te agradou.
LISA – No é bem assim. Nem toda me agradou. E no m'importa quem me esteja a oubir. A Srª. Pearce sabe porquê.
HIGGINS – Que é que estava mal, Srª. Pearce?
SRª. PEARCE (com voz suave) – Nada, Sr. Higgins. Não tem importância.
DOOLITTLE (com orgulho paternal) – Nunca pensei que um bom banho a deixasse com tão bom aspecto, patrão! Estou a marcar pontos, no estou?
LISA – Pois fique sabendo que aqui é fácil a gente labar-se. Nas torneiras há toda a água quente e fria que se queira. Toalhas fofas e um toalheiro tão quente que'inté queima os dedos. Escobas macias para uma pessoa se esfregar e uma taça de madeira com sabão dentro que cheira a primaberas. Agora sei por que é que as senhoras são tão limpas. Um banho, pra elas, é um regalo! Gostaba que elas soubesem o que é um banho pra pessoas como eu!
HIGGINS – É um prazer saber que a casa de banho te agradou.
LISA – No é bem assim. Nem toda me agradou. E no m'importa quem me esteja a oubir. A Srª. Pearce sabe porquê.
HIGGINS – Que é que estava mal, Srª. Pearce?
SRª. PEARCE (com voz suave) – Nada, Sr. Higgins. Não tem importância.
LISA
– Apeteceu-me parti-lo. Nem sabia para que lado olhar. Mas acabei
por pendurar uma toalha nele.
HIGGINS – Nele o quê?
SRª. PEARCE – No espelho, Sr. Higgins.
(…)
Acto II Páginas 67 e 68
HIGGINS – Nele o quê?
SRª. PEARCE – No espelho, Sr. Higgins.
(…)
Acto II Páginas 67 e 68
Pigmalião,
Bernard Shaw, Publicações Europa-América, Edição bilingue,
Ilustrações de Feliks Topolski
Título original: Pygmalion (A Romance in five acts)
Tradução de Mário César de Abreu
Título original: Pygmalion (A Romance in five acts)
Tradução de Mário César de Abreu
O DESAFIO DE HOJE: «COM AS PALAVRAS DENTRO DO OLHAR»
14. Zé-Viajante
Revelo
um truque. Ou mania, ou hábito.
Logo que aparece a próxima foto do CPDO - Com as palavras dentro do olhar - passo-a para o desktop do computador. E até me aparecerem ideias sobre as palavras a escrever, ela lá se mantém. Com a foto de Zambujal era suposto acontecer o mesmo. Mas por mais vezes que a olhe acho-a intensa, viva, mas incompleta.
Logo que aparece a próxima foto do CPDO - Com as palavras dentro do olhar - passo-a para o desktop do computador. E até me aparecerem ideias sobre as palavras a escrever, ela lá se mantém. Com a foto de Zambujal era suposto acontecer o mesmo. Mas por mais vezes que a olhe acho-a intensa, viva, mas incompleta.
E foi só num relance que descobri
que o que está em falta naquele lugar é um gato especial que dá
pelo nome de Mounty. Com ele lá, a foto seria perfeita. Ainda assim,
reconheço, é uma foto muito bonita.
Zé-Viajante
13. Zambujal
És
a pedra.
És a pedra sobre que se edificou a casa onde meu pai nasceu, ainda
em anos do século 19, e onde vivemos. Hoje e até quando.
Não
és a pedra que foi apontada a Pedro em frase bíblica sobre que se
levantou, e levanta, tanta interpretação e celeuma entre Igrejas e
confissões.
Não
és a pedra que um esquecido primeiro-ministro português afirmou ser
o euro, e que sobre ela se iria construir a Europa... como se a
Europa estivesse à espera de uma moeda única para ser os povos, as
culturas, as nações, o continente assim convencionalmente chamado,
com nome vindo da Grécia (veja-se lá…) e dado a bela mulher-deusa
raptada por Zeus.
Não
és a pedra do Alberto Caeiro, apenas diferente da flor, só
diferente dele-pessoa, nada mais nem menos que diferente de
nós-gente. Nem superior, nem inferior. Diferente.
Mas
tu és esta pedra. Não és como as outras. És
a minha pedra.
A pedra pisada pelos meus avós, que pelo meu neto será pisada, e
que o sol quis aquecer como se fosse para esquecer (ou lembrar…) as
grades de uns anos há anos atrás.
Zambujal
12. Teresa Silva
O
sol entra através das grades desenhando-as num bloco de cimento.
Quase parece uma manta, o que me leva a imaginar que aí, certamente
numa prisão, já dormiu alguém... por crimes cometidos, por delitos
de opinião, porque lutou por uma causa justa, não sei. Mas foi
certamente muito duro o tempo aí passado.
Teresa
Silva
11. Rocha/Desenhamento
O
olhar prende as imagens às palavras — e tanto uma palavra vale mil
imagens como uma imagem vale mil
palavras. É uma questão de circunstância ou de mobilidade, também
de contexto e contingência; e tantas
vezes de intrínseca conotação. Há casos em que referimos a
pintura como mentira
para dizer a
verdade. Simula
o real para o tornar visível, como dizia Paul Klee.
A bem dizer é em parte o que se passa com a imagem desta vez proposta: há aqui uma espécie de instalação em forma de paralelepípedo e expressa numa matéria que, parecendo calcário, poderá ser apenas esferovite, sobre a qual se projectam sombras, em princípio vindas de uma grade situada um pouco atrás e um pouco à nossa direita. Sombras? Será antes um jogo de trompe l'oeil. As sombras são faixas pintadas, a cor bem modelada e no tom apropriado à mentira que nos propõe uma equivalência à verdade.
Rocha de Sousa
10. Mena M.
As
palavras surgiram-me na boca desta vez pois imaginei-me a comer à
colherada este "tiramisu" gigante.
Terá
sido daí que me vieram as dores de dentes ;-)?
Mena
9. Mac
Sapatilhas,
ténis, botins, botas, sabrinas, sandálias...
Pedras desgastadas por passos perdidos e há muito já esquecidos...
Pedras desgastadas por passos perdidos e há muito já esquecidos...
Mac
8. M.
Um
torrão de açúcar. Ou uma fatia de bolo caída no chão. Foi esse o
meu olhar primeiro sobre esta fotografia. E pensei nas formigas que
vejo por aí, alinhadas e desalinhadas em carreiros, cruzando-se e
desviando-se em afazeres de economias caseiras, despertando
curiosidades aos meninos de cócoras que lhes seguem as azáfamas no
caminho para o formigueiro. O fascínio da vida nos olhos dos meninos. A
permanência de um degrau na existência de um adulto.
M
6. Licínia
Baunilha
ou chocolate? Nas praias, na cidade, no calor, ouvia-se esta pergunta
meio gritada, meio cantada, e em nós nascia a frescura de um gelado.
Era só escolher, o que nem sempre seria fácil se de ambos
gostássemos. Isto o que me ocorreu ao ver a foto de degraus com
sombras de caixilhos de janela. Associação de ideias, de imagens,
como nos é permitido neste gostoso palavrear depois de olhar.
Licínia
5. Justine
Será
do adiantado da hora? Será de alguma carência que escapa ao
controlo da minha habitual lucidez? O facto é que, por mais que olhe
a centenária e familiar pedra que piso todos os dias e que aqui na
bela foto de Zambujal
surge enfeitada com os reflexos da caixilharia da janela em frente, o
facto é que – como dizia – só consigo ver uma gigantesca barra
de gelado de baunilha com chocolate! E fico-me, estupefacta e meio
tola, a salivar! Será caso para consultar um psiquiatra?
Justine
4. Jawaa
No
degrau de pedra, a luz projecta os traços geométricos que ao
primeiro olhar acordam um arrepio na espinha, um aperto no peito.
Quem sabe uma imagem assim gravada em sucessivas manhãs aos que
sofreram na pele e na alma a condição de reclusos num forte
qualquer.
Jawaa
3. Bettips
No
chão ensolarado, sei que se chega e se entra, com o conforto de uma
manta de retalhos que nos acolhe.
De
mimo, de coloridos, de livros e ideias boas.
Local
improvável de encontrar quando o conheci.
Declaração
de carinho repetida quando, de longe, vejo o castelo que espreita
esse lugar aninhado a seus pés.
Bettips
2. Benó
Será
uma porta ou uma janela a impedir a entrada plena do sol pisando o
poial em pedra já carcomida pelo tempo ou pelo uso? Interrogações
que se me põem ao olhar para esta foto enigmática mostrando luz e
sombra; riscos, uns mais finos outros mais grossos feitos com pincel
ou trincha; talvez um volume branco sujo que tanto poderá ser um
degrau que se sobe como um degrau que se desce, como também um
embrulho que ali ficou esquecido, riscado, abandonado.
Não
sei o que escrever, não sei o que decidir. Só sei que olho e nada
de concreto, de real, de verdade me ocorre. Seja o que for, “com as
palavras dentro do olhar”, fico muda e vazia de pensar.
Benó
1. Agrades
Ao olhar para a foto com um olho, vejo a tenebrosa sombra de uma grade de prisão; porém o meu outro olho é mais positivo, mais dado à festa e à alegria e esse revela-me um prato de arroz-doce decorado com canela.
Agrades
Agrades
quinta-feira, abril 11, 2013
14. Zé-Viajante
13. Zambujal
É triste. É triste ver derrubar o que vai ficar sendo, apenas, a memória do que se vê ser destruído.
É triste, sobretudo quando nada nos é perguntado. Ou explicado.
É triste, até porque sabemos – adivinhamos… – que podia não estar a ser assim!
É triste, sobretudo quando nada nos é perguntado. Ou explicado.
É triste, até porque sabemos – adivinhamos… – que podia não estar a ser assim!
0---0---0
É triste. Ficou apenas a memória, apenas as fotos-testemunho, a imagem desfocada, a palavra a puxar pela palavra.
Zambujal
11. Rocha/Desenhamento
É triste sair do café, perto da marginal, junto ao Tejo, e olhar para a via paralela, além da relva em verde surdo, completamente vazia. Depois desse plano relativamente próximo, outra faixa de chão plano, comprimido pela perspectiva e escurecido pelo céu cinza. Há nesse limite uma série de bancos, virados para o rio, que se recortam na bruma cobrindo o largo vão fluvial, pouco deixando ver-se o recorte da margem sul. Ninguém. É triste e melancolicamente belo.
Rocha de Sousa
8. M.
6. Licínia
5. Justine
É triste… quando a incúria, ou a inércia, ou apenas o desinteresse cultural do poder deixa que o tempo vá destruindo a nossa história visível. Esta capela, aqui a dois passos de casa e que dizem ser do tempo das invasões francesas, não passa de um amontoado de pedras, morada de pombos e de ratos. E falta pouco para que nem isso seja…
Justine
4. Jawaa
3. Bettips
É triste... que seja Páscoa e chova. É triste que se saia para os montes, já vagamente apreensiva e até incrédula, a jurar que haverá flores. E se encontre chuva, cálices e pétalas envergonhados, folhas curvadas ao peso da água, árvores agressivas no seu esgar de ventania, tanta a névoa. É triste que demore tanto tempo a primaverar uma Primavera adiada quando a nossa vontade é “querer sol” em tudo, na natureza, nas relações.
Bettips
2. Benó
É triste!
Olho o vigoroso palmeiral que se perfila pela escadaria, que se agita com os sussurros do vento leste, que estremece com a fria nortada, que dá sombra a quem se senta neste banco, por agora, vazio de gente e de sonhos. Sei que, segundo a opinião de quem o trata e embeleza aprimorando o seu aspeto com cortes e limpeza de ervas e afins, esse vigor é temporário.
O maléfico escaravelho da palmeira já começou a sua devastação instalando-se no coração duma destas árvores que já mostra algumas das suas folhas secas, velhas, caducas caídas no chão. Em breve nada mais restará, senão um corpo decapitado.
É triste a perspetiva dessa morte lenta que está a atacar todo o palmeiral algarvio.
Benó
quinta-feira, abril 04, 2013
AGENDA PARA ABRIL DE 2013
Dia
11 - Reticências
com
a frase “É
triste”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
O DESAFIO DE HOJE: «AO JEITO DE CARTILHA»
Na beleza das nossas escolhas nos completamos.
Rica é a nossa língua.
Rico é o nosso olhar sobre o mundo.
Gostei muito.
M
Rica é a nossa língua.
Rico é o nosso olhar sobre o mundo.
Gostei muito.
M
11. Rocha/Desenhamento
Do
Do espaço que me envolve, terra solta e plantas secas, vejo os muros de um antigo lugar de camponeses, casas meio destruídas ou por completo arrasadas, as suas entranhas mostrando o sangue das pedras em grés. É estranho ver estas habitações dispersas e só constituídas por restos de muros ainda caiados, feridos de rachas, com janelas rombas, as pequenas salas abertas em palco para a paisagem, mas sem espectadores, excepto um ou outro cão dos arredores que por ali cheira antigas memórias, passos, sulcos de gente. Preso a uma certa nostalgia, porque nem uma só casa subsistiu na lenta morte em cadeia vagarosa, sou levado a sonhar com as imagens de uma qualquer plenitude, olhando móveis quebrados, malgas estilhaçadas, pratos e copos também, bocados do telhado estendidos sobre grande parte das coisas como a última manta poeirenta no definitivo final de um requiem.
Rocha
de Sousa
8. M.
Abandono
Um dos antigos fornos de cal em Casal de Santo Amaro, no concelho de Penacova.
http://www.diariocoimbra.pt/noticias/fornos-voltam-cozer-cal-em-casal-de-santo-amaro
3. Bettips
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