quinta-feira, abril 11, 2013

11. Rocha/Desenhamento



É triste sair do café, perto da marginal, junto ao Tejo, e olhar para a via paralela, além da relva em verde surdo, completamente vazia. Depois desse plano relativamente próximo, outra faixa de chão plano, comprimido pela perspectiva e escurecido pelo céu cinza. Há nesse limite uma série de bancos, virados para o rio, que se recortam na bruma cobrindo o largo vão fluvial, pouco deixando ver-se o recorte da margem sul. Ninguém. É triste e melancolicamente belo. 

Rocha de Sousa

9 comentários:

M. disse...

Sim, "é triste e melancolicamente belo". Assim também a nossa vida em alguns dos seus momentos.
Um texto muito bonito a acompanhar a imagem, também ela cheia de beleza.

Justine disse...

As pessoas ou não têm tempos livres ou têm tempos livres a mais e indesejados. O que não lhes permite liberdade de espírito para apreciar o Belo. É profundamente triste...

Luisa disse...

Espaços onde é difícil chegar. Nem sempre o Belo está ao alcance de todos.

Licínia Quitério disse...

Ou a tristeza dos nossos olhos magoados.

agrades disse...

E triste fazer o culto da tristeza...

bettips disse...

A fotografia quase sem horizonte, pela névoa que encobre o rio e o corte abrupto das linhas, remete-nos para a finitude e solidão das coisas. O vazio que, mesmo tão belo, não se pode/não se quer/não se sabe aproveitar.
Sim, melancólico pensar: pelo menos captaste o lado mágico das sombras.

Benó disse...

Uma bonita foto talvez um pouco triste pelo tom cinzento.

Anónimo disse...

Bela fotografia. Mas ampliando, sempre se vê alguém...

Teresa Silva

zambujal disse...

O vazio, o deserto, é na verdade melancolicanete triste e belo. Sobretudo quando o deserto, o vazio, é o despovoamente, é a ausência de seres humanos, de gente gente.