quinta-feira, abril 18, 2013

11. Rocha/Desenhamento

O olhar prende as imagens às palavras — e tanto uma palavra vale mil imagens como uma imagem vale mil palavras. É uma questão de circunstância ou de mobilidade, também de contexto e contingência; e tantas vezes de intrínseca conotação. Há casos em que referimos a pintura como mentira para dizer a verdade. Simula o real para o tornar visível, como dizia Paul Klee. 
A bem dizer é em parte o que se passa com a imagem desta vez proposta: há aqui uma espécie de instalação em forma de paralelepípedo e expressa numa matéria que, parecendo calcário, poderá ser apenas esferovite, sobre a qual se projectam sombras, em princípio vindas de uma grade situada um pouco atrás e um pouco à nossa direita. Sombras? Será antes um jogo de trompe l'oeil. As sombras são faixas pintadas, a cor bem modelada e no tom apropriado à mentira que nos propõe uma equivalência à verdade.

Rocha de Sousa 

5 comentários:

jawaa disse...


As palavras mescladas de imagens, a verdade/mentira do ver.
Cada qual olha o que o cerca de modo diverso, consoante o estado de espírito.

bettips disse...

Neste caso, Klee iria gostar duma "soleira de porta" tão surrealisticamente camuflada de colorido e sol.

Justine disse...

Uma pedra que é de facto muita outra coisa - ou a metáfora de muitas vivências!

Licínia Quitério disse...

"A cada um sua verdade". A cada olhar o seu entendimento.

Licínia Quitério disse...

E não viu o gelado? Faltou-lhe essa sinestesia.