O
olhar prende as imagens às palavras — e tanto uma palavra vale mil
imagens como uma imagem vale mil
palavras. É uma questão de circunstância ou de mobilidade, também
de contexto e contingência; e tantas
vezes de intrínseca conotação. Há casos em que referimos a
pintura como mentira
para dizer a
verdade. Simula
o real para o tornar visível, como dizia Paul Klee.
A bem dizer é em parte o que se passa com a imagem desta vez proposta: há aqui uma espécie de instalação em forma de paralelepípedo e expressa numa matéria que, parecendo calcário, poderá ser apenas esferovite, sobre a qual se projectam sombras, em princípio vindas de uma grade situada um pouco atrás e um pouco à nossa direita. Sombras? Será antes um jogo de trompe l'oeil. As sombras são faixas pintadas, a cor bem modelada e no tom apropriado à mentira que nos propõe uma equivalência à verdade.
Rocha de Sousa
5 comentários:
As palavras mescladas de imagens, a verdade/mentira do ver.
Cada qual olha o que o cerca de modo diverso, consoante o estado de espírito.
Neste caso, Klee iria gostar duma "soleira de porta" tão surrealisticamente camuflada de colorido e sol.
Uma pedra que é de facto muita outra coisa - ou a metáfora de muitas vivências!
"A cada um sua verdade". A cada olhar o seu entendimento.
E não viu o gelado? Faltou-lhe essa sinestesia.
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