quinta-feira, abril 18, 2013

13. Zambujal

És a pedra. És a pedra sobre que se edificou a casa onde meu pai nasceu, ainda em anos do século 19, e onde vivemos. Hoje e até quando.
Não és a pedra que foi apontada a Pedro em frase bíblica sobre que se levantou, e levanta, tanta interpretação e celeuma entre Igrejas e confissões.

Não és a pedra que um esquecido primeiro-ministro português afirmou ser o euro, e que sobre ela se iria construir a Europa... como se a Europa estivesse à espera de uma moeda única para ser os povos, as culturas, as nações, o continente assim convencionalmente chamado, com nome vindo da Grécia (veja-se lá…) e dado a bela mulher-deusa raptada por Zeus.

Não és a pedra do Alberto Caeiro, apenas diferente da flor, só diferente dele-pessoa, nada mais nem menos que diferente de nós-gente. Nem superior, nem inferior. Diferente.

Mas tu és esta pedra. Não és como as outras. És a minha pedra. A pedra pisada pelos meus avós, que pelo meu neto será pisada, e que o sol quis aquecer como se fosse para esquecer (ou lembrar…) as grades de uns anos há anos atrás.

Zambujal

5 comentários:

jawaa disse...


É a tua pedra, afagada pelo sol (e eu que fui logo acertar no que não era para ser lembrado).
Que os que vierem possam continuar a venerá-la assim.

bettips disse...

Pedra-lar. Única. Que a transformaste aqui numa pedra saborosa ao olhar e tão belamente a descreves!

Justine disse...

A tua pedra, que eu tenho o privilégio de partilhar nos passos quotidianos!

Licínia Quitério disse...

"No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra...". Assim a tua que te fez a casa, a vida, o futuro. Belíssimo texto, Zambujal. Um abraço.

Rocha de Sousa disse...

Se é pedra, a luz é falsa, ou pelo menos as sombras. De resto, pode-se
viajar pela imagem como faz Zambujal