És
a pedra.
És a pedra sobre que se edificou a casa onde meu pai nasceu, ainda
em anos do século 19, e onde vivemos. Hoje e até quando.
Não
és a pedra que foi apontada a Pedro em frase bíblica sobre que se
levantou, e levanta, tanta interpretação e celeuma entre Igrejas e
confissões.
Não
és a pedra que um esquecido primeiro-ministro português afirmou ser
o euro, e que sobre ela se iria construir a Europa... como se a
Europa estivesse à espera de uma moeda única para ser os povos, as
culturas, as nações, o continente assim convencionalmente chamado,
com nome vindo da Grécia (veja-se lá…) e dado a bela mulher-deusa
raptada por Zeus.
Não
és a pedra do Alberto Caeiro, apenas diferente da flor, só
diferente dele-pessoa, nada mais nem menos que diferente de
nós-gente. Nem superior, nem inferior. Diferente.
Mas
tu és esta pedra. Não és como as outras. És
a minha pedra.
A pedra pisada pelos meus avós, que pelo meu neto será pisada, e
que o sol quis aquecer como se fosse para esquecer (ou lembrar…) as
grades de uns anos há anos atrás.
Zambujal
5 comentários:
É a tua pedra, afagada pelo sol (e eu que fui logo acertar no que não era para ser lembrado).
Que os que vierem possam continuar a venerá-la assim.
Pedra-lar. Única. Que a transformaste aqui numa pedra saborosa ao olhar e tão belamente a descreves!
A tua pedra, que eu tenho o privilégio de partilhar nos passos quotidianos!
"No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra...". Assim a tua que te fez a casa, a vida, o futuro. Belíssimo texto, Zambujal. Um abraço.
Se é pedra, a luz é falsa, ou pelo menos as sombras. De resto, pode-se
viajar pela imagem como faz Zambujal
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