Dia
19 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
a luminosa fotografia
da Justine.
quinta-feira, novembro 28, 2013
AGENDA PARA DEZEMBRO DE 2013
«Designs in connection with postage stamps and coinage may be described, I think, as the silent ambassadors on national taste.»
William Butler Yeats (1865 - 1939)
Dia 5 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “Hu” para formar as nossas palavras. O texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia
12 - Reticências
com
a frase “Um
pedaço de mar”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
19 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
da Justine.
Dia
26 - Fotografando
as palavras de outros sobre
este excerto de um livro que acho muito interessante:
«Quando
as coisas são verdadeiramente importantes, quando se chega ao limite
de cada coisa, estamos sós. Sempre e irremediavelmente sós.»
Não
te deixarei morrer, David Crockett (A Solidão),
Miguel Sousa Tavares, Oficina do Livro, Edição Dezembro 2001
O DESAFIO DE HOJE
Dia
28 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o belíssimo poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
DEUS
É NO DIA
Deus
é no dia uma palavra calma
Um
sopro de amplidão e de lisura
7. Luisa
3. Bettips
2. Benó
quinta-feira, novembro 21, 2013
AGENDA PARA NOVEMBRO DE 2013
Dia
28 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o belíssimo poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
DEUS
É NO DIA
Deus
é no dia uma palavra calma
Um
sopro de amplidão e de lisura
O DESAFIO DE HOJE
14. Zé-Viajante
"Estou
cansado, é claro.
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
Do que estou cansado, não sei."
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
Do que estou cansado, não sei."
Fernando
Pessoa - Antologia
Poética
Socorro-me dos versos
do poeta e confirmo: estou cansado. E não sei porquê.
Daí apenas dizer que
adoro as folhas caídas do Outono do meu contentamento.
Zé-Viajante
13. Zambujal
Não.
Não fechei a porta.
Aliás,
não gosto de fechar portas (nem janelas). Fui só ali, ali mesmo, ao
quintal, ver – ao vivo – que palavras me dá o olhar convocado
pela foto. Dá-me as palavras nostalgia
e tranquilidade.
Dá-me
a nostalgia do verão que passou e que deixou um tapete verde de
relva a recuperar, de folhas de cores suaves e tranquilas.
Dá-me
a tranquilidade na espera do inverno que vem ao encontro do meu
tempo. De ainda. De sempre.
Não.
Não fechei a porta. Fui só ali. Fui ver, também e mais longe, a
primavera nascida de uma neta.
Aqui
estou. No canto remanso.
Zambujal
12. Teresa Silva
Bonita
coloração de folhas: vermelho, ocre, laranja, cores quentes do
Outono. Mas folhas caídas na erva a lembrar o Inverno do nosso
descontentamento que se aproxima e vem para ficar.
Teresa Silva
Teresa Silva
11. Rocha/Desenhamento
Esta
imagem foi obtida olhando de cima para baixo, certamente através do
view
finder de
uma máquina fotográfica. Porventura no auge do Outono e a encher os
olhos dos recortes amarelados e aquecidos desta folha de plátano,
contra o fundo fecundo de um tipo qualquer de relva verde e ainda
húmida. Folha seca, de rebordos avermelhados, folha emblemática,
geométrica, inteira antes de o tempo a desfazer. Folha entre outras
já baças, morrendo, imagem que simbolicamente se cola aos meus
olhos, entre elementos adicionais, bem fundo e para sempre.
RS
10. Mena M.
Amarelas, vermelhas, castanhas e verdes de um lado, do outro com mais ou menos pintas, todas pardas.
Dualidade foi a palavra que me ocorreu ao olhar a bela foto da Jawaa.
Mena
Mena
9. M. J. Jara
Despiram-se as árvores da sua folhagem. As folhas cobrem a relva como um manto de formas ondulantes nas suas cores outonais, belas, pálidas e frágeis, fazendo-me sentir como todas as estações têm um encanto ímpar.
Assim são os ciclos da vida!
M. J. Jara
Assim são os ciclos da vida!
M. J. Jara
8. M.
É tão bonito quando as estrelas escorregam do céu e se misturam com o restolhar dos nossos passos sobre a erva.
M
M
7. Luisa
Como
entre os humanos, também a Natureza usa a sedução para fazer
esquecer os males de que sofremos. As lindas cores outonais desta
fotografia fazem com que nos esqueçamos que o inverno prepara a sua
triste chegada.
Luisa
6. Licínia
É
sempre assim, neste tempo do calendário, neste lado do mundo. Um
arrepio nas vestes, uma pequena sombra no olhar, um pequeno ruído na
folhagem. Diz-se Outono, com as suas sílabas fechadas, e abre-se uma
arca de memórias de outros Outonos, de outros tapetes de verde e
cobre, noutros jardins onde passeou alguém como nós, dentro de nós,
riscando o saibro do chão com a ponta do sapato, a traçar a
fronteira do Verão que se ausentou, mas voltará.
Licínia5. Justine
Serenidade. Silêncio fértil. Melancolia. Crepúsculo contido. Sulcos do tempo. Cores altivas mas sóbrias. Cheiros telúricos. Fulgor fatigado da natureza. Luz lenta e leve. Tempo indeciso de felicidade. Fim de ciclo!
Justine
Justine
4. Jawaa
Algures, no fim da tarde, uma lassidão morna se instala e não deixa que a luz permaneça com a luminosidade, a intensidade do meio-dia, por mais que o desejo impere. Assim acontecem as suaves tardes outonais onde a brisa corre de leve para atapetar os lugares dos passos, semeando um colorido belo de fim de ciclo.
Jawaa
Jawaa
3. Bettips
Nasci
da minha árvore-mãe e era apenas um ponto indefinido nos primeiros
dias frios do ano.
(os
humanos nada nos disseram, miravam rápidos os ramos de onde iríamos
nascer, descontentes e sem crença).Lutei bravamente para sair, sob a chuva e o nevoeiro, eu e tantas das minhas irmãs.
Vimos
o sol de Março, a geada a sobressaltar-nos de cristais brancos: e
resistimos.
Dançámos
com as raparigas de Maio e os primeiros ventos cálidos.
Abrimos
as palmas da mão-sombra nos dias quentes de Verão.
(os
humanos que raras vezes olham para cima, tão desprendidos andam da
dança das estações, surpreenderam-se com o conforto que lhes
dávamos)
Voltamos
hoje, enfeitadas das cores mais belas que encontrámos e acenamos uma
promessa.
De
sermos alimento, levadas pela chuva e desfeitas no húmus que
fertiliza a Terra.
(e
desta vez ouvimos os humanos admirarem as nossas pinturas, presos
duma vaga melancolia de Outono. Não ouvem o que estes tons sublimes
lhes dizem porque eles falam em despedida espiritual: iremos mas ao
mesmo tempo ficamos).
Bettips
2. Benó
Ao
olhar para as coloridas folhas vêm à minha memória as figuras do
Adão e da Eva.
E porquê?
Nós as mulheres temos o armário com várias blusas, saias, vestidos, enfim, feminilidades que gostamos e, com alguma frequência, renovamos ou acrescentamos mais alguma peça bonita, o que faz aumentar a coleção. Apesar disso, qual de nós não se terá interrogado sobre o que vestir ante tanta diversidade.
A Eva, só com uma parra, tinha o guarda-roupa completo e por isso não tinha dificuldade na escolha. No entanto, se tivesse estas folhas tão bonitas à sua disposição, certamente se debateria com o mesmo problema que nós: - Qual delas vou colocar hoje?
E porquê?
Nós as mulheres temos o armário com várias blusas, saias, vestidos, enfim, feminilidades que gostamos e, com alguma frequência, renovamos ou acrescentamos mais alguma peça bonita, o que faz aumentar a coleção. Apesar disso, qual de nós não se terá interrogado sobre o que vestir ante tanta diversidade.
A Eva, só com uma parra, tinha o guarda-roupa completo e por isso não tinha dificuldade na escolha. No entanto, se tivesse estas folhas tão bonitas à sua disposição, certamente se debateria com o mesmo problema que nós: - Qual delas vou colocar hoje?
Benó
1. Agrades
O meu coração derrete-se com as cores quentes do outono. As folhas dos plátanos vermelhas, cor de cobre, alaranjadas formam um tapete fofo onde dá gosto enterrar os pés e ouvir os clic clic das folhas estaladiças. Gostos tão simples, tão possíveis, tão ao nosso alcance.
Agrades
Agrades
quinta-feira, novembro 14, 2013
O DESAFIO DE HOJE
Dia
14 - Reticências
com
a frase “Não
feches a porta,
disse”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
13. Zé-Viajante
Não feches a porta, disse o velho. Com a vaga esperança que a porta de comunicação com o filho se mantivesse aberta. Muitos erros e equívocos tinham acontecido entretanto, cavando um fosso imenso entre eles.
Naquele dia, em mais uma tentativa de remediar a situação, o velho quase implorara um entendimento. Foi com imensa tristeza, ao olhar a porta por onde o filho saíra, que ele percebeu que tudo tinha sido em vão.
Aquela porta estava, talvez para sempre, encerrada.
Naquele dia, em mais uma tentativa de remediar a situação, o velho quase implorara um entendimento. Foi com imensa tristeza, ao olhar a porta por onde o filho saíra, que ele percebeu que tudo tinha sido em vão.
Aquela porta estava, talvez para sempre, encerrada.
Zé-Viajante
12. Teresa Silva
10. Mena M.
9. M. J. Jara (Lembram-se dela? Regressa agora ao nosso convívio depois de alguns meses de ausência)
8. M.
Não feches a porta, disse ela, debruçando-se sobre o parapeito da janela do primeiro andar.
A amiga tinha acabado de descer as escadas que gemiam sob o peso dos seus passos e chegara naquele momento ao pátio onde as crianças da vizinhança brincavam. Acenaram uma à outra em jeito de despedida.
Não feches a porta, recomendou de novo. Deixa-a encostada. O sol e o vento gostam de se refugiar ali quando brincam às escondidas com os meninos. Lembras-te como era divertido?
Leonor lembrava-se. Nesse tempo a porta estava pintada de verde vivo e as dobradiças não chiavam. Nem as minhas... respondeu, o sorriso gaiato a abrir caminho entre as rugas do rosto.
A amiga tinha acabado de descer as escadas que gemiam sob o peso dos seus passos e chegara naquele momento ao pátio onde as crianças da vizinhança brincavam. Acenaram uma à outra em jeito de despedida.
Não feches a porta, recomendou de novo. Deixa-a encostada. O sol e o vento gostam de se refugiar ali quando brincam às escondidas com os meninos. Lembras-te como era divertido?
Leonor lembrava-se. Nesse tempo a porta estava pintada de verde vivo e as dobradiças não chiavam. Nem as minhas... respondeu, o sorriso gaiato a abrir caminho entre as rugas do rosto.
M
6. Licínia
Não feches a porta, disse ela, que o Zé vem já aí. Ele nunca liga ao que ela diz, coisas de mulher, sei lá quando vem o Zé, e o frio a entrar. Fechou, bam! Salvaram-se da derrocada, apenas uns arranhões, muita poeira e cal no corpo todo. Ela ainda disse nunca fazes o que eu digo. E ele irritado, sacudindo a poeira, cala-te mulher, diz-me lá se o Zé veio, coisas de mulher, não há que ligar. Arranjaram outra casa, bem melhor. O Zé vai lá muitas vezes. Ele é que nunca mais bateu com a porta daquela maneira. Em vez de bam! ouve-se tlic! Nada! que com a crise o seguro só iria dar tuta e meia se a derrocada se repetisse. Só por isso, que ligar ao que a mulher diz, isso nem pensar. Coisas de mulher...
Licínia
5. Justine
4. Jawaa
3. Bettips
Não feches a porta, disse, com a entoação quebrada por um sopro. E sobretudo, não me levantes a voz nem me atires as pedras do silêncio: fala-me, de suavidade antiga e marcas nas paredes da vida comum, coisas que nos doeram. Símbolos.
Isso, pára e não feches a porta. Fala-me simplesmente da roda rodando em que vivemos.
Isso, pára e não feches a porta. Fala-me simplesmente da roda rodando em que vivemos.
Bettips
2. Benó
Não feches a porta, disse o guarda da fortaleza ao colega que ia embora e tinha acabado de fazer o turno da tarde.
- Mesmo que a quisesse fechar, não poderia, pois não tenho a chave, respondeu.
Tinha desaparecido a chave que, havia tantos anos, abria pela manhã e fechava à tardinha aquela porta enorme de acesso ao promontório. A Bettips tinha-a levado enfiada num arame com mais umas outras iguais na idade e tamanho, talvez, convencida que lhe serviriam para abrir as portas do céu.
Nunca mais apareceu a chave e creio que foi preciso mudar a fechadura ou a porta. Não sei ao certo.
Benó
- Mesmo que a quisesse fechar, não poderia, pois não tenho a chave, respondeu.
Tinha desaparecido a chave que, havia tantos anos, abria pela manhã e fechava à tardinha aquela porta enorme de acesso ao promontório. A Bettips tinha-a levado enfiada num arame com mais umas outras iguais na idade e tamanho, talvez, convencida que lhe serviriam para abrir as portas do céu.
Nunca mais apareceu a chave e creio que foi preciso mudar a fechadura ou a porta. Não sei ao certo.
Benó
quinta-feira, novembro 07, 2013
AGENDA PARA NOVEMBRO DE 2013
Dia
14 - Reticências
com
a frase “Não
feches a porta,
disse”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
(Nota: Cuidado com as correntes de ar...)
O DESAFIO DE HOJE
Dia
7 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Ga”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
E assim se formaram palavras diferentes.
Gosto desta nossa cartilha ao jeito de adultos-meninos. Ou de meninos-adultos. Como queiramos. Porque brincar vem de muito longe, do tempo em que desejávamos crescer depressa. Agora olhamos para trás e para a frente e misturamos tudo - como fazem os mágicos, estão a ver as mãos deles? - para continuarmos a sentir-nos vivos.
12. Teresa Silva
11. Rocha/Desenhamento
Ga...
Garantiram-lhes
que podiam
ficar ali, sentados, à espera do que pudesse acontecer ou nada.
Fiquem em paz, diziam os velhos, é preciso descansar. Os velhos
gabam
esta solução sob a mágoa
de os verem ali, depois de correrem durante todo o dia, na terrível
fúria
de viver, agora
sem restos, parados, à porta de um albergue desarrumado, cheio de
coisas de súbito inúteis. Nesta época de pressas impensáveis e
noites sem abrigo, há quem presuma, antes dos velhos, a mesma ideia
básica
mas sem esmola, voz saindo
de um jaguar
ao
entrar na garagem que logo se fechou; ou do lado dos condomínios
milionários,
intocáveis na sua diferença ensurdecedora.
Rocha
de Sousa
fotojornalismo
internacional
9. Mac
6. Licínia
3. Bettips
Galeão
Quantas vidas e quantos mares, vitórias e derrotas, mortes e exaltações, escorbuto e febres raras, partidas de muitos e chegadas de poucos...
quanto e quando navegou este galeão dos mares do séc. XV?
Trata-se de uma reprodução (feliz) do barco "La Niña" - e sim, é feminina nas suas formas e nos seus cabelos-mastros - um dos três utilizado por Cristovão Colombo (os outros são "La Pinta" e o "La Santa Maria") na travessia do Atlântico e descoberta do Novo Mundo, em 1492.
Bettips
2. Benó
Vaga
As grossas va(ga)s formam-se lá longe e vêm, umas atrás das outras
numa louca brincadeira, desfazer-se sobre os seixos nús da praia, em
risos de brancura e galhofas de sons. É assim, em dias de sueste, onde
va(ga)rosamente o mar vai retirando a areia para só deixar os rebolos
brilhantes e cantantes com o vai e vem da água.
Benó
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