Fotografei este recanto apenas porque o achei singular. Só agora, ao repescar a imagem para a publicar aqui, me saltou ao pensamento um versículo do Evangelho de São Mateus: «Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo; e teu Pai, que vê o oculto, premiar-te-á. (…)». Associações de ideias que amiúde me provocam, embora neste caso o conselho não possa ser seguido à risca. Tratando-se do corrimão de uma escada estreita que dá acesso à porta de entrada de uma casa, aquela mão esquerda que o sustém saberá, na maior parte das vezes, o que faz a direita. Não a sua porque não a tem, mas a de alguém que nele se apoie para subir os degraus com mais ligeireza. Além disso, estando ela presa à parede e sendo muda, terá menor capacidade de acção. Para quem desce, a situação será diferente. Em conformidade com a habitual constituição dos braços, a tal mão direita manterá a posição dextra no corpo a que pertence, não sendo visível do lado oposto. Encontrar-se-ão então apenas as duas esquerdas, ocasião propícia ao cumprimento mútuo, suponho, seja ele contido ou mais efusivo. Aliás, «Para baixo todos os santos ajudam», lá diz o ditado.
M
7 comentários:
O que a minha imaginação me impõe é o corpo dessa mão esquerda: onde está? Emparedado? Numa outra dimensão, onde só a mão esquerda é visível? Ou trata-se de uma mão decepada, sabe-se lá em que circunstâncias, que se agarrou ao corrimão numa última tentativa de sobrevivência?
E tantas mais questões que este "jornal de parede" suscita...
Seja a mão esquerda ou a direita a segurar o corrimão, o que é preciso é que ele lá esteja para ajudar quem sobe ou desce. Escadas sem corrimão são encaradas por mim como um sinal de perigo iminente.
Penso que a esquerda está a ajudar o corrimão, sem que a direita saiba. E, como sempre, M. faz-nos pensar e sorrir.
Deveras curiosa esta foto, e aquela mão, se quisermos, dá azo a grandes especulações quanto ao seu significado.
E é de certeza uma mão delicada.
Uma mãozinha marota que quase me deu uma palmada!
À esquerda de quem desce. Quem a pôs ali não teria uma mão direita? É um pormenor muito curioso sobre o qual a M. especula docemente, no seu discorrer de pensamentos que vão, voam, não se detêm.
Uma mão que segura um corrimão é, obrigatoriamente, bela na sua função de ajudar quem desce. Merece estar no jornal de parede para nos lembrar as boas ações.
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