Dia
16 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
de M.
quinta-feira, setembro 25, 2014
AGENDA PARA OUTUBRO DE 2014
Eu
em substituição da Benó que, de momento, não está disponível
Dia
2 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “çu”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia
9 - Reticências
com
a frase “Gosto
da luz”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
16 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
de M.
Dia
23 – Jornal
de Parede
Dia
30 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o excerto
466.
O
homem não deve poder ver a sua própria cara. Isso é o que há de
mais terrível. A Natureza deu-lhe o dom de não a poder ver, assim
como de não poder fitar os seus próprios olhos.
Só
na água dos rios e dos lagos ele podia fitar seu rosto. E a postura,
mesmo, que tinha de tomar, era simbólica. Tinha de se curvar, de se
baixar para cometer a ignomínia de se ver.
O
criador do espelho envenenou a alma humana.
Fernando
Pessoa,
Livro
do Desassossego Composto por Bernardo Soares, ajudante de
guarda-livros na cidade de Lisboa,
Edição Richard Zenith, Assírio & Alvim
O DESAFIO DE HOJE
Dia 25 - Fotografando as palavras de outros sobre o excerto
" Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente não ande debaixo do céu mas em cima dele; talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu."
Nenhum Olhar, José Luís Peixoto, Bertrand Editora
1. Agrades
«(...)Talvez a gente veja as coisas ao contrário (...)»
E
depois de correr céus e mares, achei uma foto que acho adequada e
penso fugir à banalidade. Foi tirada em Bruxelas e é uma homenagem
a um facto comum: as batatas fritas, vendidas avulso e colocadas num
cartucho de papel; só que em vez de saírem do cartucho batatas,
saem pernas de pessoas.
Agrades
quinta-feira, setembro 18, 2014
AGENDA PARA SETEMBRO DE 2014
Dia 25 - Fotografando as palavras de outros sobre o excerto
" Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente não ande debaixo do céu mas em cima dele; talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu."
Nenhum Olhar, José Luís Peixoto, Bertrand Editora.
12. Zambujal
Uma
casa, uma porta, uma árvore?
Uma
árvore que nasceu à beira da casa, ou uma casa com porta para uma
árvore que já lá estava? Haverá decerto quem seja capaz de
decifrar estabelecendo certidões de idade – da casa, da árvore.
Nanja eu que de arquitecto ou botânico nada tenho.
Sendo
estas as palavras que me traz o olhar, poderia ainda especular com o
abraço (?) dos ramos altos da árvore às telhas de canudo (?) da
casa, ou com o anacronismo de uma porta de madeira industrial “às
portas” de uma vetusta árvore que, como madeira viva e vivida,
humilhada se sentirá.
Zambujal
11. Teresa Silva
Uma
fotografia muito bonita. Transmite a sensação de mistério sobre o
que se passará dentro daquela casa. Mas seja o que for, existe uma
árvore que a protege.
Teresa
Silva
10. Rocha/Desenhamento
O
que entra no nosso olhar é a brevidade de um muro e de uma porta em
madeira, tratada em tom castanho, cortada em parte pela sobreposição
de um forte tronco de árvore bem idosa, acastanhada, baça. Curta
imagem de um lugar onde haverá gente. Breve recanto onde a luz solar
só parece plena no ângulo esquerdo superior, o brilho de certa
desfocagem ou sobre-exposição começando o tocar os olhos em
deriva. A ideia com que se fica é a de uma história de famílias,
de horas pacíficas e árvores e paredes em silêncio.
Rocha
de Sousa
9. Mena M.
Amizade
de raízes profundas e de alicerces seguros, são as minhas palavras
sobre o olhar da fotografia da Agrades.
Gosto
de imaginar que terão crescido juntas, a casa e a árvore.
Mena
8. Mac
Após
alguns anos de os meus avós terem falecido, regressei à sua casa, a
fim de averiguar um possível valor para a vender.
A
casa era mais pequenina daquilo que me lembrava, e estava um pouco
velha, a precisar de obras de recuperação... isto não abonava a
uma venda com lucro.
Quando
cheguei às traseiras vi que a velha oliveira ainda lá estava, e de
repente veio tudo à memória... os anos despreocupados da minha
infância, quando, após cansados de tanta brincadeira, eu e os meus
primos nos sentávamos desordenadamente num banco corrido que aqui
havia, à sombra desta árvore, a rir que nem perdidos.
Ou
quando, ao fim de semana, os adultos iam buscar uma mesinha, e
debaixo da oliveira, passavam a tarde a jogar à sueca ou à malha,
com a cerveja, a batota e a risota a serem servidas em quantidades
proporcionais.
E
nos meses quentes de Verão, naqueles dias abafados, em que quase
custa a respirar, a sombra desta árvore era o que nos valia...
aquela sombrinha sabia tão bem...
Não
há nada que pague estes momentos, pensei eu. Os banqueiros que se
lixem! Fico com a casa!
Mac
7. M.
É
apenas uma árvore junto de uma casa, eu sei, mas o meu olhar
desenhou-lhe forma de gente. Corpo enrugado de mulher no silêncio de
si, regaço livre na sombra de gestos entrelaçados, berço,
trampolim, palavra, ouvido, riso, consolo, afago, pensamento,
memória.
M
5. Licínia
Qual
delas nasceu primeiro? Talvez a oliveira, filha natural de algum
caroço que pastor atirou para longe, desejando que um dia outro
almoço viesse, de azeitonas também, mas de mais pão, menos duro de
roer, de ganhar.
Quando
a casa chegou, seria a árvore um pequenino ramo verde a alçar-se da
terra.
Cresceu a casa e a árvore encorpou, alteou.
Hoje descansa um braço na cabeça da casa e nenhuma delas rejeita o enlace que da terra nasceu, o homem por perto, as duas habitando.
Licínia
Cresceu a casa e a árvore encorpou, alteou.
Hoje descansa um braço na cabeça da casa e nenhuma delas rejeita o enlace que da terra nasceu, o homem por perto, as duas habitando.
Licínia
4. Justine
Tenho
pena da velha oliveira! É árvore de muitas dezenas de anos, mas
parece-me estar condenada. Os seus braços envolvem o telhado da casa
num abraço destrutivo, e a casa já desistiu da árvore,
fechando-lhe a porta. Será decepada no próximo inverno, depois de
oferecer à casa a sua última frutificação.
Justine
3. Jawaa
A
casa nova construída no aconchego da árvore antiga, o cartão de
visita familiar, o cofre que guarda tesouros de risos e de perdas,
olhares de antanho que só a ela cabe desvendar.
Jawaa
2. Bettips
Não
se sabe bem quem nasceu primeiro, se as raízes da casa se as da
árvore. E o que cada uma ajuda a outra, com a sombra, com a firmeza
das paredes.
Gostaria de pensar que alguém fez a casa e deixou a árvore. Para se proteger do mundo, como se existissem duas portas a transpor para a vida: a da árvore e a da casa.
Gostaria de pensar que alguém fez a casa e deixou a árvore. Para se proteger do mundo, como se existissem duas portas a transpor para a vida: a da árvore e a da casa.
Bettips
1. Agrades
Um
tronco de oliveira, uma porta de madeira sólida, parede branca e
beiral de telhado à portuguesa podem levar-nos a imaginar uma cena
pacata em qualquer aldeia do sul de Portugal. Mas não é verdade. A
oliveira foi arrancada do seu ambiente natural e está a decorar o
exterior do Museu da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira. Houve
misericórdia, não a fizeram em achas!
quinta-feira, setembro 11, 2014
O DESAFIO DE HOJE
Dia
11 - Reticências
com
a frase “Amanhã,
sem falta”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
10. Rocha / Desenhamento
7. M.
Amanhã, sem falta, escrevo-lhe. Sei que espera notícias minhas, tão sozinha ficou quando regressei ao meu poiso habitual. Negras as vestes sobre o seu corpo de mulher, como estátua esculpida por artesão de um lugar de silêncios a vejo. Será vértice de ecos antigos, perdidos alguns, resguardados outros na dureza da pedra ou no encantamento da memória, dispersando-se ainda outros na voragem dos dias por preencher. Naquele ermo pardacento, apenas o vermelho da caixa de correio pendurada na ombreira de uma porta fechada, a lembrar coração que se recusa a morrer dentro de vida amortalhada.
M
5. Licínia
Amanhã, sem falta, alguém abrirá o marco e encontrará, ou não, as cartas que já ninguém escreve.
Uma curiosidade: este marco dos CTT viajou de Viseu para Marly le Roi, nos arredores de Paris, por mor de geminação das duas terras. Assim hoje, a cor muito desmaiada, o velho marco se tornou bilingue.
Uma curiosidade: este marco dos CTT viajou de Viseu para Marly le Roi, nos arredores de Paris, por mor de geminação das duas terras. Assim hoje, a cor muito desmaiada, o velho marco se tornou bilingue.
Licínia
4. Justine
Amanhã, sem falta, tenho de enviar à M. o texto das Reticências…! O primeiro saiu mal e a M. disse-mo, como boa leitora e boa amiga! E até hoje, nada de interessante me surgiu. Estou seca. Árida. Um deserto! De pouco me tem servido folhear alguns livros, reler os poemas preferidos, lembrar textos exemplares – nem uma ideia! Será que tenho de desistir? Não, desistir nunca! Fico-me ainda por aqui um pouco mais, entre os livros e os papéis, à espera de uma ideia – porque amanhã, sem falta, tenho de enviar o texto à M.!
Justine
3. Jawaa
quinta-feira, setembro 04, 2014
AGENDA PARA SETEMBRO DE 2014
Proposta da Agrades
Dia
11 - Reticências
com
a frase “Amanhã,
sem falta”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
O DESAFIO DE HOJE
Proposto pela Agrades
Dia 4 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “Ar” para formar as nossas palavras. O texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia 4 - Ao jeito de cartilha: Proponho-vos que usemos a sílaba “Ar” para formar as nossas palavras. O texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
11. Zambujal
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