Dia 19 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia da Luisa.
quarta-feira, fevereiro 25, 2015
AGENDA PARA MARÇO DE 2015
Proposta
da Luisa
Dia
5 - Ao jeito de
cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Pe”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia
12 - Reticências
com
a frase “Não
te espantes”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
19 -
Com
as palavras
dentro do olhar sobre
fotografia
da Luisa.
Dia
26 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o poema
Uma
após uma as ondas apressadas
Enrolam
o seu verde movimento
E
chiam alva spuma
No
moreno das praias.
Uma
após uma as nuvens vagarosas
Rasgam
o seu redondo movimento
E
o sol aquece o spaço
Do
ar entre as nuvens scassas.
Indiferente
a mim e eu a ela,
A
natureza deste dia calmo
Furta
pouco o meu senso
De
se esvair o tempo.
Só
uma vaga pena inconsequente
Pára
um momento à porta da minha alma
E
após fitar-me um pouco
Passa,
a sorrir de nada
Ricardo
Reis
Odes
Edições
Ática, 1983
Nota:
spuma spaço, scassas são apresentadas assim na edição que possuo.
O DESAFIO DE HOJE
Dia
26 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o excerto
(…)
Mas
ele já estava a descer a escadaria em direcção à praça. Ao longe
ouvia-se o tambor e, por revoadas, o rumorejo ondissonante da
multidão. As janelas do Clube dos Valetes de Paus estavam
inabitualmente encerradas. Nem os vadios que costumavam coçar-se
junto ao pedestal lá se encontravam nesse dia. Nem o homem do
realejo, nem os zíngaros com as suas rabecas mágicas. Um cachorro
atravessou a praça silenciosa, numa diagonal alegre, e nada mais
houve a contrastar o abandono daquele espaço.
Talvez fosse melhor esperar que tudo se consumasse, pensou Zoltan e encostou-se ao pedestal.
Talvez fosse melhor esperar que tudo se consumasse, pensou Zoltan e encostou-se ao pedestal.
O
VARANDIM SEGUIDO DE OCASO EM CARVANGEL, de Mário de Carvalho, Porto
Editora, pág. 79
quinta-feira, fevereiro 19, 2015
AGENDA PARA FEVEREIRO DE 2015
Dia
26 - Fotografando
as palavras de outros sobre
o excerto
(…)
Mas
ele já estava a descer a escadaria em direcção à praça. Ao longe
ouvia-se o tambor e, por revoadas, o rumorejo ondissonante da
multidão. As janelas do Clube dos Valetes de Paus estavam
inabitualmente encerradas. Nem os vadios que costumavam coçar-se
junto ao pedestal lá se encontravam nesse dia. Nem o homem do
realejo, nem os zíngaros com as suas rabecas mágicas. Um cachorro
atravessou a praça silenciosa, numa diagonal alegre, e nada mais
houve a contrastar o abandono daquele espaço.
Talvez
fosse melhor esperar que tudo se consumasse, pensou Zoltan e
encostou-se ao pedestal.
O
VARANDIM SEGUIDO DE OCASO EM CARVANGEL, de Mário de Carvalho, Porto
Editora, pág. 79
10. Zambujal
A cidade. Emoldurada pelas pernadas de umas árvores e pelo horizonte onde a vista acaba. Nem o fumo de uma fábrica, nem um sino, nem um klaxon. Nem uma Torre Eiffel ou dos Clérigos, nem um Zimbório da Estrela ou um Castelo dos… altaneiros.
A cidade. De betão. Com as janelas como olhos vazados, e por isso inúteis, por não terem por detrás olhos vivos a espreitarem entre cortinas. A urbe. Sem turba. Sem turba multa (nem multas!…)
A cidade. De betão. Com as janelas como olhos vazados, e por isso inúteis, por não terem por detrás olhos vivos a espreitarem entre cortinas. A urbe. Sem turba. Sem turba multa (nem multas!…)
Zambujal
9. Teresa Silva
Grande cidade visitada por muitos turistas. Estão todos a olhar a extensão de prédios que se avista, por certo de um ponto alto. Curioso o destaque, no primeiro plano, para a árvore e um candeeiro, tornam a fotografia mais interessante. Fica a curiosidade sobre o local da viagem, a autora poderá esclarecer?
Teresa Silva
Teresa Silva
8. Rocha/Desenhamento
Dentro
dos meus olhos, a cidade grande; não me revejo nela mas vejo-a
e posso imaginar donde se olha para além. Sei, cada vez mais
convictamente, que as cidades com este perfil me são hostis,
obrigam-me a pensar num território diferente quanto à ocupação e
mais ampla paisagem entre várias condensações urbanas. Perto e
longe umas das outras, cada qual com populações entre vinte mil e
duzentos mil habitantes. Sem contar com os lugares de pouca gente,
rios, bosques, lagos, aldeias para se nascer de novo.
Rocha de Sousa
7. Mena M.
Em
vão procurei os óculos e tentei aumentar a fotografia.
De
dentro do meu olhar de vista cansada, um mar de casas, inquieto, dois
ou três prédios-navios lá no meio, o miradouro um cais, onde
imagino ver algumas pessoas a acenar.
Já
não sei se é falta de vista ou se é a falta que o mar me faz...
Mena
6. M.
Como um binóculo através do qual recordo a cidade amada e desço saudosa às suas ruas. É assim que te sinto, fotografia.
M
5. Luisa
Do alto olha-se a cidade. Quem viverá dentro daquelas paredes? Deve ser gente como nós, desejosa de sair do seu betão para ir admirar outros betões, os betões dos outros.
Luisa
4. Licínia
Grande,
grande é a cidade. Um colosso de casas e gentes, de histórias
alegres e tristes das casas, das gentes. A cidade tem um coração,
mais pequeno que a soma dos corações das gentes. A cidade é um
polvo, é uma aranha, é um animal maior que a soma dos pequenos
animais que a habitam. A vida da cidade não é a soma das vidas das
gentes. É outra coisa, é uma mole gigantesca de madeira, betão,
pedra, metal, que constantemente se corrói e se constrói. Vista de
longe, do alto, é uma planura pontuada de pequenos e grandes cerros,
um diamante aqui, outro acolá, a rebrilhar ao sol do dia.
Vulnerável, a cidade grande, às intrusões dos que a desamam, aos
desmandos dos que a amam. Pelos séculos permanece, mutante,
enigmática, desejada.
Licínia
3. Justine
A
cidade apresenta-se-me, na sua imensidão, como um lugar de
insegurança, uma hipótese de ameaça, um sopro de frieza. Contudo,
a suavizar este meu sentimento, há este verde em primeiro plano,
este verde intenso fresco e escuro – sinto-o como local de refúgio
possível e necessário num deserto de construções!
Justine
2. Bettips
Da
cidade, ao longe, percebemos a harmonia, sabemos que é bela, que os
monumentos a enfeitam de rendas nas franjas do céu, que o sol a
protege, que o emaranhado das ruas e avenidas espera os nossos passos
admirados. A cidade é, assim vista, apenas um postal.
Mas, se pensarmos em cada casa e muitas casas habitadas, quantas as pessoas, quantas as alegrias ou desventuras, os dramas, as tramas, os palácios, os esconsos sótãos, a cidade será como uma biblioteca de livros por escrever. De vidas que nunca serão contadas, de gente que nunca se saberá que existe. Que lá passou, que lá viveu o amor ou o ódio, na ternura ou na ira. Nevoeiros de que nos apercebemos, vagamente.
Tal qual agora, vejo e penso “a cidade”, ao olhar a fotografia.
Mas, se pensarmos em cada casa e muitas casas habitadas, quantas as pessoas, quantas as alegrias ou desventuras, os dramas, as tramas, os palácios, os esconsos sótãos, a cidade será como uma biblioteca de livros por escrever. De vidas que nunca serão contadas, de gente que nunca se saberá que existe. Que lá passou, que lá viveu o amor ou o ódio, na ternura ou na ira. Nevoeiros de que nos apercebemos, vagamente.
Tal qual agora, vejo e penso “a cidade”, ao olhar a fotografia.
Bettips
segunda-feira, fevereiro 16, 2015
quinta-feira, fevereiro 12, 2015
O DESAFIO DE HOJE
Dia
12 - Reticências
com
a frase “Nunca
te esqueças”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
11. Zambujal
NUNCA TE ESQUEÇAS… de quê? Se é do nome daquele alemão da doença podem estar descansados que se trata de exercício de memória quotidiano. Dos comprimidos? Eles são tantos… De aniversários? Às vezes acontece, na voragem dos dias e nas falhas da agenda. De compromissos? Procuro que nunca aconteça. De quê, então? Ah!, já sei… não esquecer a fotografia: que tal esta
9. Rocha/Desenhamento
Nunca te esqueças de que, naquele tempo, o escudo era a nossa moeda e o muro de Berlim ainda não tombara, nem deixava abrir caminhos à liberdade - ou simplesmente ao "outro lado". Não foi há muito tempo, não, e já tudo minimizou a Europa. Nunca te esqueças disso: guarda o euro como as moedas de cobre do antigamente. Finge que não sabes que a globalização vai acabar com a paz e as paisagens sepultadas por cidades mamutianas. Tudo voltará a ficar submerso por um oceano do tamanho do mundo. Nunca te esqueças.
Rocha de Sousa
8. Mena M.
7. M.
Nunca te esqueças. Se o terão dito um ao outro não sei, nem faço ideia quem eram e de onde vinham. Eu andava por ali e vi-os ao longe, acompanhados pelo fotógrafo, a máquina fotográfica na mão, a de filmar pendurada ao ombro, a lente especial resguardada dentro do estojo. Ensaiavam o cenário a compor, o momento a registar na memória, o lugar. De certo modo insólita, e tão bela, aquela imagem fugidia entre arcadas de silêncios anónimos num lugar de fé esvaziado de peregrinos onde os anos foram fechando portas e costumes. Nunca te esqueças, terão prometido um ao outro.
4. Justine
Nunca te esqueças que eles crescem depressa, que o tempo em que são nossos é curto. O bater de asas vem sempre muito cedo, sentimos nós irracionalmente. Por isso aproveita-os sem distracções desde o primeiro dia, e guarda bem guardadas todas as alegrias da inocência e da descoberta. Deixa a vida fluir com doçura, mas nunca te esqueças que eles crescem depressa...
Justine
3. Jawaa
quarta-feira, fevereiro 11, 2015
2. Bettips
quarta-feira, fevereiro 04, 2015
AGENDA PARA FEVEREIRO DE 2015
Dia
12 - Reticências
com
a frase “Nunca
te esqueças”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
O DESAFIO DE HOJE
Dia
5 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Ga”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
E porque manifestei dúvidas sobre a divisão silábica usada na palavra escolhida pela Jawaa, ela deu-me a seguinte informação (clicando sobre a fotografia, consegue-se ler melhor):
12. Zambujal
Galiza
A GAma de alternativas do desafio deixou-me a GAguejar… embora só me visse apeGAdo a usar sílabas impróprias em GAjos e nalguns gritantes GAmanços provocados pela GAnância e GAbarolice… ou em coisas dessas. E para a fuGA aos GAtos e GAtas, GAlinhas e Galos, e mais fauna doméstica (que decerto inspirarão amiGAS de luGAres vizinhos) salvou-me esta foto de viagem amiGA à Galiza.
Zambujal
10. Rocha/Desenhamento
Gabriel ou cão
Gabava-se de que o seu cão era muito especial, que tinha esperto no cabeça. Perguntei-lhe se não gostava mais de gatos. «Gatos não», disse depressa: «São estranhos e não percebem bem as pessoas.» Pensei que tudo isto era muito subjectivo. «E então como vai a relação entre vocês?» O João Galo respondeu que estava tudo muito bem: «Falo com o Gabriel sobre quase tudo, peço-lhe coisas através de palavras e latidos.» Estarrecido, nem sequer me ocorreu que diálogo poderia ser aquele. Mas perguntei: «Consegues isso com o bicho?» Ele: «Claro». Insisti: «E como, e porquê?» Galo, muito sério: «Porquê? Porque ele é uma pessoa.»
Baseado numa cena do livro «O Branco e as Sombras», de Sousa Carneiro
5. Licínia
Regador
O regador tem atravessado os tempos sem desistir da modesta tarefa de matar sedes vegetais, nascidas em pequenos quintais, ou pátios, ou canteiros, ou vasos que alimentem a seus donos o sonho de nunca perderem o chão, de nunca se perderem da deusa-mãe a que chamam terra ou pó de estrelas.
Licínia
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