Grande,
grande é a cidade. Um colosso de casas e gentes, de histórias
alegres e tristes das casas, das gentes. A cidade tem um coração,
mais pequeno que a soma dos corações das gentes. A cidade é um
polvo, é uma aranha, é um animal maior que a soma dos pequenos
animais que a habitam. A vida da cidade não é a soma das vidas das
gentes. É outra coisa, é uma mole gigantesca de madeira, betão,
pedra, metal, que constantemente se corrói e se constrói. Vista de
longe, do alto, é uma planura pontuada de pequenos e grandes cerros,
um diamante aqui, outro acolá, a rebrilhar ao sol do dia.
Vulnerável, a cidade grande, às intrusões dos que a desamam, aos
desmandos dos que a amam. Pelos séculos permanece, mutante,
enigmática, desejada.
Licínia
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