Como
nós, tantas vezes, de nariz colado ao vidro, a tentar ver, a tentar
perceber o que se passa do outro lado. Só que a este bichinho mole
de casca dura não lhe basta um nariz, mas todo o seu longo, flexível
pé, sobre o qual se locomove, com a proverbial lentidão. Quando se
cansa da viagem, ali mesmo se encolhe, se enconcha, se cola. Se
alguém passar e disser, caracol, caracol, põe os pauzinhos ao sol,
ele sorri, manhoso, para dentro da casca, diz baixinho, só para ele,
aqui não está ninguém, e adormece, tranquilo, seguro, a ganhar
forças para amanhã voltar ao caminho, no seu passo lento, de
caracol.
Licínia
Sem comentários:
Enviar um comentário