quinta-feira, dezembro 17, 2015

5. Licínia

Como nós, tantas vezes, de nariz colado ao vidro, a tentar ver, a tentar perceber o que se passa do outro lado. Só que a este bichinho mole de casca dura não lhe basta um nariz, mas todo o seu longo, flexível pé, sobre o qual se locomove, com a proverbial lentidão. Quando se cansa da viagem, ali mesmo se encolhe, se enconcha, se cola. Se alguém passar e disser, caracol, caracol, põe os pauzinhos ao sol, ele sorri, manhoso, para dentro da casca, diz baixinho, só para ele, aqui não está ninguém, e adormece, tranquilo, seguro, a ganhar forças para amanhã voltar ao caminho, no seu passo lento, de caracol.

Licínia

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