Apenas
uma casa…
… e
é, apenas, A CASA
(diria
o Neruda, se esta fosse a sua, LA CASA).
Desta
casa gosto de falar. Conta-me tanto…
No
começo de tudo,
com
serventia para os currais e para o forno,
para
se ir dar a comida ao gado, para fazer uma merendeira;
para
se sair para a fazenda, enxada às costas,
para
regressar, corpo cansado, pelas avé-marias.
Depois…
depois cresceu um pouco por dentro, mudando;
adaptando-se
a nós e à nossa constante adaptação.
Sem
mudar. Nem ela, nem nós!
Aqui,
nasceu meu pai. Aqui, gostaria eu de ter nascido.
Aqui,
naturalmente, morro um dia de cada vez,
e
nasço, cada manhã, ao viver a alegria de estar vivo
e
de saber porquê e porquê com quem.
8.3.16
Zambujal
6 comentários:
A casa que és tu, ou vice-versa...
Que feliz ainda és ao falar da casa onde tens as tuas raízes mais profundas. Parabéns, por isso.
A CASA - o tempo e o lugar dos que as constroem, dos que a habitam. Uma casa de afectos, como deviam ser as casas. Saúdo-te e saúdo A CASA que és.
Uma descrição da ternura, antes, depois e durante. Uma CASA verdadeira e gente de quem se gosta! Que prazer das pessoas, dos gatos, dos melros...
Abç
Que bom ter assim a CASA que já vem detrás e vai para o futuro.
Identifico-me com esse sentimento de pertença. Também trago em mim uma casa que sou eu mas já não existe. Não é aquela que postei, é outra, muito mais antiga onde moravam as lendas e as histórias que me encheram a infância e persistem num Pai que nunca morre.
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