Dia
17
- Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de Mena M.
quinta-feira, outubro 27, 2016
AGENDA PARA NOVEMBRO DE 2016
Proposta
de Mena M.
Dia
3 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Go”
para formar as nossas palavras.
A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e
exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre
ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a
mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a
sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas
facultativo e um complemento.
Dia
10 - Reticências
com
a frase “ Ao
cair da noite”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
17
- Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de Mena M.
Dia
24
– Fotografando
as palavras de outros sobre
o texto
CAMINHO
DA MANHÃ
Vais
pela estrada que é de terra amarela e quase sem nenhuma sombra. As
cigarras cantarão o silêncio de bronze. À tua direita irá
primeiro um muro caiado que desenha a curva da estrada. Depois
encontrarás as figueiras transparentes e enroladas; mas os seus
ramos não dão nenhuma sombra. E assim irás sempre em frente com a
pesada mão do Sol pousada nos teus ombros, mas conduzida por uma luz
levíssima e fresca. Até chegares às muralhas antigas da cidade que
estão em ruínas. Passa debaixo da porta e vai pelas pequenas ruas
estreitas, direitas e brancas, até encontrares em frente do mar uma
grande praça quadrada e clara que tem no centro uma estátua. Segue
entre as casas e o mar até ao mercado que fica depois de uma alta
parede amarela. Aí deves parar e olhar um instante para o largo pois
ali o visível se vê até ao fim. E olha bem o branco, o puro
branco, o branco da cal onde a luz cai a direito. Também ali entre a
cidade e a água não encontrarás nenhuma sombra; abriga-te por isso
no sopro corrido e fresco do mar. Entra no mercado e vira à tua
direita e ao terceiro homem que encontrares em frente da terceira
banca de pedra compra peixes. Os peixes são azuis e brilhantes e
escuros com malhas pretas. E o homem há-de pedir-te que vejas como
as suas guelras são encarnadas e que vejas bem como o seu azul é
profundo e como eles cheiram realmente, realmente a mar. Depois verás
peixes pretos e vermelhos e cor-de-rosa e cor de prata. E verás os
polvos cor de pedra e as conchas, os búzios e as espadas do mar. E a
luz se tornará líquida e o próprio ar salgado e um caranguejo irá
correndo sobre uma mesa de pedra. À tua direita então verás uma
escada: sobe depressa mas sem tocar no velho cego que desce devagar.
E ao cimo da escada está uma mulher de meia idade com rugas finas e
leves na cara. E tem ao pescoço uma medalha de ouro com o retrato do
filho que morreu. Pede-lhe que te dê um ramo de louro, um ramo de
orégãos, um ramo de salsa e um ramo de hortelã. Mais adiante
compra figos pretos: mas os figos não são pretos mas azuis e dentro
são cor-de-rosa e de todos eles corre uma lágrima de mel. Depois
vai de vendedor em vendedor e enche os teus cestos de frutos,
hortaliças, ervas, orvalhos e limões. Depois desce a escada, sai do
mercado e caminha para o centro da cidade. Agora aí verás que ao
longo das paredes nasceu uma serpente de sombra azul, estreita e
comprida. Caminha rente às casas. Num dos teus ombros pousará a mão
da sombra, no outro a mão do Sol. Caminha até encontrares uma
igreja alta e quadrada.
Lá dentro ficarás ajoelhada na penumbra olhando o branco das paredes e o brilho azul dos azulejos. Aí escutarás o silêncio. Aí se levantará como um canto o teu amor pelas coisas visíveis que é a tua oração em frente do grande Deus invisível.
Lá dentro ficarás ajoelhada na penumbra olhando o branco das paredes e o brilho azul dos azulejos. Aí escutarás o silêncio. Aí se levantará como um canto o teu amor pelas coisas visíveis que é a tua oração em frente do grande Deus invisível.
SOPHIA
DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in LIVRO SEXTO (Moraes Ed, 1962) e OBRA
POÉTICA (Caminho, 2010; Assírio & Alvim, 2015)
O DESAFIO DE HOJE
Dia
27
– Fotografando
as palavras de outros sobre
o poema
As
árvores sobem até à minha janela como sendo a voz amorosa da terra
muda.
A
Asa e a Luz – aforismos, poemas breves
Rabindranath
Tagore, Assírio & Alvim, Porto Editora, 2016
2. Benó
sábado, outubro 22, 2016
RESPOSTA DA LUISA PARA A PERGUNTA DA ISABEL A RESPEITO DO DESAFIO "AO JEITO DE CARTILHA" ÚLTIMO
"Isabel
Abri a moldura onde estavam estes registos da minha bisavó Quitéria e verifiquei que eram feitos por uma senhora de Vila Franca de Xira. Não sei se consegues perceber qual o material de que eram feitos mas parece-me ser cartão, papel de cor e fios dourados, tudo rematado com laços de seda. Estes registos eram dados (ou vendidos ?) aos fieis que assistiam às cerimónias religiosas, neste caso em Alenquer. Não tenho qualquer data mas pela idade da minha bisavó devem ser de meados do sec. XIX."
Luisa
sexta-feira, outubro 21, 2016
AGENDA PARA OUTUBRO DE 2016
Proposta
de M.
Dia
27
– Fotografando
as palavras de outros sobre
o poema
As
árvores sobem até à minha janela como sendo a voz amorosa da terra
muda.
A
Asa e a Luz – aforismos, poemas breves
Rabindranath
Tagore, Assírio & Alvim, Porto Editora, 2016
11. Rocha/Desenhamento
Dentro
do real (se sabemos o que isso seja) os nossos meios de percepção,
todos ou apenas uma parte deles, consoante a saúde da nossa raiz
genética e o seu correcto desenvolvimento, mantêm-se, no estado de
vigília, em constante funcionamento: olhamos e vemos e ajuizamos,
por outros apoios do nosso universo neuronal, as imagens e os sons e
os cheiros, ou vemos uma imagem que destacamos e aprofundamos, ou
escutamos uma melodia cujas nuances vibratórias nos permitem fazer
leituras da frequência do som, altos e baixos, porventura em relação
com o espaço visível, os músicos, os emissores de máquinas que
tratam a gravação do visível e do som — e assim por diante,
numa graduação de mobilidade cognitiva de grande agilidade e
integração relacionada de sentidos.
Se
olharmos para a figura da fotografia, a nossa percepção não vai
trabalhar em grande mobilidade de sentidos e elações perceptivas,
porque a mensagem, mostrando um tema/assunto elementar (uma pequena
escultura de menina, entre adições configurativas) pode
recordar-nos várias experiências do artesanato moderno,
integrando-o nos valores de sombra e luz, misturas mas ou menos
fortes, com dois registos atrás, negro à direita, uma sombra densa
à esquerda.
Rocha de Sousa
10. Mena M.
Sempre
elegante no seu vestidinho curto, nos pés as havaianas, na mão
direita o saco, estaria agora a passear pela avenida à procura de
uma esplanada para tomar um refresco, quiçá comer um gelado, não
fora estar presa àquela base de mármore.
A luz
inunda a sala e ela, ao ver-se na parede, acabada de transpor o
limiar da porta da rua, sorriu.
Foi o
que me assaltou o pensamento ao ver a lindíssima fotografia da M.
Mena
9. M.
Um
recanto da minha sala de estar onde tantas vezes o meu olhar e o meu
pensamento se encontram em conversa aprazível sobre os objectos que
ali moram. Amo estas personagens a quem atribuo sentido e ligação
com o mundo a que pertenço como ser humano. Um mundo de
universalidade e de particularidades, de realidade e sonho, de
intenções, de beleza, de fealdade, de amor e ódios, de desalento,
de esperança, de solidariedade e abandono, de devaneios e desilusão,
de energia e lassidão, de bondade e brutalidade, de angústias, de
comportamentos ora idênticos ora diferentes perante o desenrolar da
existência. Ramificações, julgo eu, de uma raiz inicial a que
chamo desejo de vida, comum a todas as gerações, ainda que com os
traços peculiares de cada época. A propósito... a forma arredondada
a espreitar do lado direito da fotografia cativa-me. Bem sei que ela
é, na realidade, a parte visível do abat-jour
branco de um candeeiro pousado na mesa mas lembra-me uma barriga
grávida de vida. Não
me digas que é por eu dar a luz. Não estarás a divagar demais? A
rapariga não te merece nenhuma referência? Claro
que merece, gosto muito dela. Caminha entre luz e sombras, entre
pausas e passos, consciente das ambivalências existentes. Contudo,
suponho que lhe agradaria embarcar naquela nave estacionada ali atrás. Para ter uma visão mais ampla do Universo.
Pronto,
rendo-me às tuas conjecturas. Noutra ocasião falaremos nós de ti.
Também te observamos quando te sentas nesse sofá, pensativa.
M
8. Luisa
Ela
decerto não vai para a fonte nem está descalça. Também não se
chamará Leonor mas Sandra, Vanessa ou Cátia. Contudo permanece
nesta obra a subtileza da Mulher-Menina em que se inspirou Camões.
Luisa
7. Licínia
Gota
de água, transparência, a menina não caminha, desliza. A menina é
a leveza da própria sombra.
Licínia
6. Justine
Ambiente
elegante e despojado. A sala de estar, presumo. O quadro pendurado na
parede acentua a serenidade do conjunto. É contudo a jovem mulher
escultural, em primeiro plano, que me atrai a atenção: figura
esbelta, vestido esvoaçante projectando sombras quase humanas na
parede do fundo, que parece caminhar para mim. É bela, ondeando em
tranquilidade. Fico aqui à sua espera!
Justine
5. Jawaa
Num
jogo de luzes e sombras, uma figura de mulher emerge, serena e firme.
Apesar de cosmopolita, recorda-me os versos de Alda Lara:
E apesar de tudo
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia me sagrou.
E apesar de tudo
ainda sou a mesma!
Livre e esguia,
filha eterna de quanta rebeldia me sagrou.
Jawaa
4. Isabel
A
foto inspira delicadeza e elegância, algo que, nas pessoas, vem de
dentro.
Ou
se tem, ou não se tem! E não há roupas caras ou brilhos de ouro
que o consigam.
Isabel
3. Bettips
Não
escreveu logo que viu a figurinha: era talvez um Setembro saturado, e
o ar ia quente e denso, o sol a pique.
Algo recuada na lembrança, fugia-lhe uma imagem, uma sombra, alongada em outras sombras. Como a devoção dispersa de um "Livro de Horas" *** de memória revisto.
Algo recuada na lembrança, fugia-lhe uma imagem, uma sombra, alongada em outras sombras. Como a devoção dispersa de um "Livro de Horas" *** de memória revisto.
(***Nota:
Consultar as figurinhas de que me lembrei em:
Aconteceria em Outubro, a vontade de reter a recordação, no declínio do sol e nos tons de ouro.
Assim, escreveu “depois”.
Começava
o liceu: e a elegância esguia da adolescente, na ignorância de si,
movia-se pelo recorte da claridade apenas recomeçada num outro dos
dias.
E
viu o caminho para nascente – era sempre antes das 8h da manhã –
pela Rua do Heroísmo adiante, rebrilhando nas folhas caídas de
plátanos, ligeiramente tristes como serão todas as árvores depois
da secura do Verão. Ligeiramente sonhadora como nessa idade se é.
Todo
este tom e sombras da fotografia trouxeram mais de meio século da
fulgurante juventude, de volta às aulas, em 7 de Outubro.
Bettips
2. Benó
A flausina com o seu vestido de corte evasé por cima do joelho, leva na mão um saco grande onde mete tudo e mais alguma coisa, prende os cabelos lisos atrás das orelhas, os pés leves e frescos na chinela enfiada nos dedos, está pronta para se passear e chamar a atenção dos rapazes da sua idade que não lhe vão regatear piropos. É que ela ao passar saracoteia as ancas fazendo a roda do vestido esvoaçar e mostrar mais um pouco das pernas bem torneadas e ainda morenas do sol das férias. Haverá possivelmente uns olhares especiais que a farão corar mas o que ela quer com os seus verdes anos é sentir-se admirada e adulada. Sentir-se a especial de entre as suas amigas.
Como é bom ter quinze anos! Rir e ser feliz!
Como é bom ter quinze anos! Rir e ser feliz!
Benó
1. Agrades
Sombras e realidades, presença e ilusão, arte abstrata e vislumbre de objetos reais remetem-me para mil e uma visões sobre esta foto. A menina está presa à terra, à pedra, e a sua sombra flutua na luz? A ordem e o rigor da postura da menina misturam-se com o jogo da luz e das sombras; o pedaço de gravura contribui para dificultar a leitura envolvente. Porém, no essencial, vejo uma menina sozinha rodeada de sombras.
Agrades
quinta-feira, outubro 13, 2016
O DESAFIO DE HOJE
Dia
13 - Reticências
com
a frase “Estranha
planta esta”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
13. Zambujal
Estranha planta esta. Estranha planta esta que parece ter desistido da sua persistente procura do Sol, sempre a voltar-se para a janela, e se terá virado para dentro de casa, a fazer de capa ou chapéu protector do jarro com o vinho que o vizinho e amigo nos ofereceu da sua colheita do ano passado. Sim!, porque a deste ano…
Estranhas são as plantas.
Estranhas são as plantas.
Zambujal
12. Teresa Silva
11. Rocha/Desenhamento
Estranha planta esta. A Natureza produz as coisas mais bizarras. O planeta está sobrecarregado de gente, flora, oceanos, imensos sistemas orográficos. Recentemente começaram a nascer no dorso das raparigas e das senhoras conjuntos de flores naif, ornamento que, com o tempo, revestirão a pele, libertando os bichos do gelo de lhes cortarem a pele.
Rocha de Sousa
10. Mena M.
9. M.
Estranha planta esta que debrua veredas solitárias seduzindo caminhantes atraídos pela graciosidade dos seus pequenos frutos e ao mesmo tempo os agride com espinhos escondidos no emaranhado de ramos e folhas que lhes rasgam a pele dos braços e mãos. No entanto, o cesto encheu-se porque o sabor agridoce da compota de amora acabada de fazer permanece guardado na memória de verões antigos.
M
7. Licínia
6. Justine
Estranha planta esta, que surge das fendas do cimento, das frestas das pedras, entre duas telhas, e nunca é semeada. É forte, sobrevivendo ao calor intenso e às primeiras geadas, e é ao mesmo tempo delicada, de formas singulares e belas cores. Fazia o encanto da minha infância e hoje continua a encantar-me. São as bocas-de-lobo!
Justine
5. Jawaa
quarta-feira, outubro 12, 2016
4. Isabel
3. Bettips
2. Benó
Estranha planta esta que se desenvolve sem alimento e sem água. Prefere estar assim, pendurada gozando a sombra amiga de qualquer árvore. Não sei o seu nome. Gosto de a olhar e admirar o seu modo de viver e penso: Porque não somos nós, humanos, como esta estranha planta que não precisa de comer para ser?
Benó
1. Agrades
quinta-feira, outubro 06, 2016
AGENDA PARA OUTUBRO DE 2016
Dia
13 - Reticências
com
a frase “Estranha planta esta” a iniciar o texto. Não esquecer a
fotografia.
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
de M.
Dia
6 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Li”
para formar as nossas palavras.
A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e
exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre
ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a
mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a
sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas
facultativo e um complemento.
sábado, outubro 01, 2016
ASSIM COMEÇA OUTUBRO NO PPP
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