quinta-feira, janeiro 05, 2017

9. M.



Paredes

A memória da vida não precisa de chão, esvoaça dentro de nós. Tem crianças e adultos, quartos habitados e quartos vazios, portas por onde entramos com um sorriso nos lábios, salas com janelas onde nos encostamos para dizer adeus, vozes e silêncios, música e risos, árvores e flores, cor e sombras. Umas vezes conversa connosco, outras vezes cala-se para que a ouçamos melhor.
M

4 comentários:

jawaa disse...

Eu prefiro as minhas memórias povoadas de tudo o que sugeres, M.; estas paredes cheias de bocas abertas , esqueléticas, deixam-me angustiada.

Anónimo disse...

Também sinto uma tristeza enorme quando passo por estas paredes que já foram habitadas por gente feliz (Luisa)

Justine disse...

É um texto muito belo para uma realidade triste: ruínas de casas onde alguém passou uma vida...

Licínia Quitério disse...

Isso mesmo. A casa da memória não tem paredes nem chão, nem tecto. Tem no entanto salas, muitas salas que se abrem e fecham dentro de nós.