quinta-feira, janeiro 18, 2018

5. Licínia

O POEMA

Que te posso dizer daqui da beira-mar
se não anunciar que o poema nasceu?
Uma batida incerta a querer romper o peito,
uma breve tontura, uma agonia quase.
O mar vizinho, sempre inconformado,
apertado entre os céus e os fundos abissais.
O cheiro intenso a peixe, a náusea do que fomos,
a seduzir os braços do poema.
Ele aí vai, a roçagar escamas de luz,
febril, bamboleante, ébrio de sons,
ensaiando o nome do silêncio,
na estrada atapetada de algas e de búzios.
Em eterna vigília ficará, te digo,
o poema nascido à beira-mar.

(do meu livro “Da Memória dos Sentidos”, pág. 25 )

Este poema nasceu em 2002, exactamente no local que a foto da Luísa ilustra. Por isso…

Licínia


1 comentário:

Anónimo disse...

Um lindo poema de alguém que, como eu, adora o mar (Luisa)