Dia
21
- Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de Zambujal.
quinta-feira, maio 31, 2018
AGENDA PARA JUNHO DE 2018
Proposta
de Zambujal
Dia
7 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “dra” para
formar as nossas palavras.
A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e
exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre
ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a
mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a
sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas
facultativo e um complemento.
Dia
14 - Reticências
com
a frase “Com
a pedra no sapato”
a
iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
21
- Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia de Zambujal.
Dia
28
– Fotografando
as palavras de outros sobre
o poema de Carlos Drummond de Andrade
No Meio do Caminho
Publicado em 1928 na Revista de Antropofagia, S. Paulo, Brasil
No Meio do Caminho
No
meio do caminho tinha uma pedra
tinha
uma pedra no meio do caminho
tinha
uma pedra
no
meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca
me esquecerei desse acontecimento
na
vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca
me esquecerei que no meio do caminho
tinha
uma pedra
tinha
uma pedra no meio do caminho
no
meio do caminho tinha uma pedra.
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
de Mónica
Dia
31
– Fotografando
as palavras de outros sobre
o poema
O
futuro
Aos
domingos, iremos ao jardim.
Entediados,
em grupos familiares,
Aos
pares,
Dando-nos
ares
De
pessoas invulgares,
Aos
domingos iremos ao jardim.
Diremos,
nos encontros casuais
Com
outros clãs iguais,
Banalidades
rituais,
Fundamentais.
Autómatos
afins,
Misto
de serafins
Sociais
E
de standardizados mandarins,
Teremos
preconceitos e pruridos,
Produtos
recebidos
Na
herança
De
certos caracteres adquiridos.
Falaremos
do tempo,
Do
que foi, do que já houve...
E
sendo já então
Por
tradição
E
formação
Antiburgueses
-
Solidamente antiburgueses -,
Inquietos
falaremos
Da
tormenta que passa
E
seus desvarios.
Seremos
aos domingos, no jardim,
Reaccionários.
Reinaldo
Ferreira (1922-1959), in “Um Voo Cego a Nada”
6. M.
quinta-feira, maio 24, 2018
AGENDA PARA MAIO DE 2018
Proposta
de Mónica
Dia
31
– Fotografando
as palavras de outros sobre
o poema
O
futuro
Aos
domingos, iremos ao jardim.
Entediados,
em grupos familiares,
Aos
pares,
Dando-nos
ares
De
pessoas invulgares,
Aos
domingos iremos ao jardim.
Diremos,
nos encontros casuais
Com
outros clãs iguais,
Banalidades
rituais,
Fundamentais.
Autómatos
afins,
Misto
de serafins
Sociais
E
de standardizados mandarins,
Teremos
preconceitos e pruridos,
Produtos
recebidos
Na
herança
De
certos caracteres adquiridos.
Falaremos
do tempo,
Do
que foi, do que já houve...
E
sendo já então
Por
tradição
E
formação
Antiburgueses
-
Solidamente antiburgueses -,
Inquietos
falaremos
Da
tormenta que passa
E
seus desvarios.
Seremos
aos domingos, no jardim,
Reaccionários.
Reinaldo Ferreira (1922-1959), in “Um Voo Cego a Nada”
8. Rocha/Desenhamento
7. Mónica
quinta-feira, maio 17, 2018
10. Teresa Silva
Fotografia
interessante com as diversas tonalidades metálicas. São caixas de
correio de um prédio velho ou um novo design vanguardista?
Teresa
Silva
9. Rocha/Desenhamento
Por
pouco que pareça, nós vemos apoiados em muitas memórias que
conservamos na
nossa complexa estrutura cerebral, campo
cognitivo. Eu
nunca vi presencialmente este painel de caixas de correio, situado
num prédio, algures. Mas sei do que se trata, dos materiais, design,
função. Já tinha grande parte de imagens assim dentro
da minha cabeça. O
olhar permite levar à devida "caixa"
neuronal
o estímulo de uma nova percepção, dizer o que estas outras caixas
exprimem e como funcionam enquanto houver correio nesta terra de
tantas e por vezes demolidoras alternativas.
Rocha
de Sousa
8. Mónica
Por
razões profissionais tive que entrar num prédio que me partiu o
coração logo à entrada ao olhar para as caixas do correio: uma de
cada cor, presas por arames improvisados, remendadas, com a
identificação escrita à mão, nunca tinha visto nada assim. Como é
que se estraga uma caixa de correio? E tantas estragadas? Terá
havido algum mau fígado, vingança, bebedeira, partida juvenil,
briga a provocar o estrago geral e depois cada um reparou como pôde?
O resto do prédio combinava com o cartão-de-visita, o tecto da
caixa de escadas estava danificado em vários pontos, eufemismo para
“inexistente”, e era visível a telha e a estrutura de madeira de
apoio da telha, algumas torneiras de segurança da água tinham a
tampa violada, as paredes escavacadas, a sujidade confundia-se com os
materiais. A casa onde entrei, a razão profissional de entrar no
prédio, tinha uma parede negra de fungos de humidade, infiltrações
da chuva, tudo isso acumulado ou mais alguma coisa. O que importa, é
tarde demais. A degradação instalou-se. Mas o que é isto?, onde
estou?, na Síria? Não sei, é assustador. Isto existe. Está entre
nós.
Mónica
7. Mena M.
Ao
olhar a fotografia da Mónica, antes das palavras, veio a imagem da
minha vizinha do 1° andar do prédio onde vivi, quando cheguei a
Berlim há quase 31 anos.
Uma senhora de uns 65 anos, que ficava um pouco sem jeito quando nos encontrávamos no corredor da entrada do prédio, quase sempre junto às caixas do correio. Corava, dizia um "Guten Tag" meio mastigado e dirigia-se apressada para as escadas.
Esta cena repetiu-se vezes sem conta, deixando-me com a impressão de que com a senhora alguma coisa não batia muito certo.
Uns anos mais tarde mudou-se para um lar e qual não foi o espanto de todos nós vizinhos, quando soubemos que na sua casa foram encontradas centenas de cartas e postais, que foi "pescando" das diversas caixas do correio.
Posso imaginá-la, dia após dia, esperando ansiosa pela chegada do carteiro, na expectativa do que seria, talvez, o momento mais excitante de uma vida de solidão.
Uma senhora de uns 65 anos, que ficava um pouco sem jeito quando nos encontrávamos no corredor da entrada do prédio, quase sempre junto às caixas do correio. Corava, dizia um "Guten Tag" meio mastigado e dirigia-se apressada para as escadas.
Esta cena repetiu-se vezes sem conta, deixando-me com a impressão de que com a senhora alguma coisa não batia muito certo.
Uns anos mais tarde mudou-se para um lar e qual não foi o espanto de todos nós vizinhos, quando soubemos que na sua casa foram encontradas centenas de cartas e postais, que foi "pescando" das diversas caixas do correio.
Posso imaginá-la, dia após dia, esperando ansiosa pela chegada do carteiro, na expectativa do que seria, talvez, o momento mais excitante de uma vida de solidão.
Mena
6. M.
Impressionante
a degradação destas caixas de correio. E insólita a variedade de
cores, nada habitual em prédios com vários residentes onde o gosto
se pretende normalizado. Vontade de manter a individualidade dentro
de um grupo, cada um com as suas diferenças? Dentro não guardarão
tesouros de palavras, que actualmente o correio que se recebe
raramente os oferece. Já lá vai o tempo da correspondência escrita
com letra manuscrita que tanto diz das características de cada
pessoa e nos faz sentir a sua presença de modo especial. Mas isso é
coisa do passado, agora pouco mais do que a nossa assinatura fazemos,
a mão já quase desabituada desse gesto, desajeitada. E no entanto
há tantos postais bonitos nas lojas a tentar o nosso olhar e a nossa
vontade de enviar neles afectos e pensamentos. É pena.
M
4. Licínia
Tem
uns anitos, o prédio. Algumas caixas de correio já sofreram
restauros, substituições, conforme a bolsa dos inquilinos. Outras
encontram-se a precisar de quem lhes acuda. A do 1º. B até parece
ter levado um enxerto na chapa. Houve tempo em que ficavam a
abarrotar de correspondência, agora, na era do digital, só uma
carta ou outra e muita, muita publicidade. Tirando o Tenazinha,
ninguém se identifica como proprietário da caixa e, vendo bem, o
anonimato será mais seguro. A caixa do Tenazinha até já sofreu
tentativa de intrusão. O que estaria lá dentro que levou alguém a
pegar numa ferramenta e revirar os cantos da portinhola, já que a
fechadura não cedeu? Algum processo na justiça que não anda a
correr a contento do cliente? Sei lá. Cada caixa a sua história. Um
pormenor curioso: A CAVE Ç, com cedilha, em letras garrafais, para
que não haja engano.
Licínia3. Justine
Em
tempos não muito distantes, era um local onde os vizinhos se
cruzavam com frequência. Todos recebiam uma carta de um parente a
viver longe ou de um filho no estrangeiro, um postal de um amigo em
férias, ou então as sempre assustadoras cartas das Finanças, da
polícia ou dos bancos. Agora tudo se passa na internet, todas as
notícias boas e más se recebem sem suporte em papel. E estas belas
caixas de correio como as que a fotografia mostra, algumas delas num
metal limpo a reluzir, passaram a ser meros adornos da nossa memória.
Justine
2. Bettips
Ah,
os correios, as cartas! Toda uma panóplia de artefactos e costumes
que me vêm ao pensamento, desde a pena de aparo metálico, à caneta
de tinta permanente, ao papel de cor escolhida conforme a pessoa a
quem se dirigia a carta (até se podia colocar pétalas de rosa secas
no envelope, se acaso queríamos saudar o amor ou a amizade), à ida
aos correios, à escolha do selo. Ao sobressalto de esperar a
resposta sendo os assuntos relevantes, tal os problemas adolescentes
o eram, todos.
E não digo mais, que se acabou a época. E todas estas coisas e locais são agora melancólicos e fora de moda, receptáculo de contas, avisos ou publicidade que não desejamos.
É lutando contra o tempo das mensagens rápidas e fortuitas que eu ainda escrevo postais.
E não digo mais, que se acabou a época. E todas estas coisas e locais são agora melancólicos e fora de moda, receptáculo de contas, avisos ou publicidade que não desejamos.
É lutando contra o tempo das mensagens rápidas e fortuitas que eu ainda escrevo postais.
Bettips
1. Agrades
Tantas
coisas posso imaginar ao olhar uma foto que mostra 20 caixas de
correio das antigas, não eletrónicas. Embora muito parecidas, não
são iguais, diferem na cor e não mostram aparentemente preocupações
estéticas. Externamente,
estão vistas, e no interior? O que contêm? Contas da água, da
eletricidade e telefone como na minha? Cartas de amor, de saudade,de
pedidos, de ofertas, de marcar presença, saber da saúde do dono da
caixa? Penso que essas cartas já não se escrevem…
No entanto, quem sabe? Ainda pode haver românticos incuráveis a rondar aquelas caixas…
No entanto, quem sabe? Ainda pode haver românticos incuráveis a rondar aquelas caixas…
Agrades
quarta-feira, maio 09, 2018
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
de Mónica
Dia
10 - Reticências
com
a frase “Vou
começar”
a
iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
10. Teresa Silva
9. Rocha/Desenhamento
Vou começar assim. É preciso andar em frente, ainda que se desconheça o que se encontra para além da curva deste túnel. O caminho está desenhado para passos humanos. Vou iniciar esses passos, devagar mas seguramente. Passou a noite, a madrugada vai alta. A minha viagem começa, ou recomeça, aqui e desta forma. Voltarei ali perto, à direita, e confio no espaço que me aguarda.
Rocha de Sousa
8. Mónica
Vou começar a ir a pé do trabalho para casa, aproveitar os dias maiores, apreciar a beleza da cidade, se é minha aproveito-a, nem preciso de comprar bilhete de avião, vou começar por subir a avenida que vem do rio, deixar a igreja das estrelas e personalidades pelas costas, percorrer o jardim frondoso que me atiça as alergias, descer a rua que àquela hora está cheia de pais que vão de carro buscar os meninos que leem a cartilha, ignorar o autocarro e o metropolitano, subir outra avenida, esta de lojas com vestidos em que cada botão custa o valor do meu salário, atravessar outro jardim com turistas, antigas histórias de má fama, uma escultura bizarra, para não dizer feia, autocarros tour de matrículas desconhecidas, continuar a caminhada tranquila e em segurança, passar pela catedral do consumo, pelos pães da padaria, pelos éclairs gourmet, pela mercearia biológica, sem tentar não me tentar, cruzar-me com os estudantes meus futuros colegas de copo de cerveja de plástico numa mão e cigarro na outra, sigo fingindo que não me escandalizo com os buracos etno nas orelhas e nos cabelos lanzudos, e depois, depois é sempre em frente até chegar a casa, mais uma última etapa de montanha, e casa, é tão bom chegar a casa.
Mónica
7. Mena M.
6. M.
Vou começar a pensar seriamente em aprender holandês. No que está escrito nesta caixa só identifico o bla bla... bla bla... e o hi hi... e ha ha..., o que, convenhamos, me limita a compreensão do texto. Ou talvez não, porque por vezes certas conversas resumem-se a esse conjunto de mini palavras, tenham elas sons guturais ou mais abertos. Pelo menos, penso eu, assim nos referimos a elas quando não lhes encontramos qualquer interesse ou sejam entediantes. No entanto, como as raparigas estão a rir, presumo que a frase seja divertida e tenha algum conteúdo. Seja como for, o que vos posso assegurar é que a família dona desta caixa é bem portuguesa e que o convívio à mesa do pequeno almoço foi recheado de frases completas ditas em português. A caixa era apenas uma recordação da sua estadia em Amsterdam.
M
4. Licínia
Vou começar o passeio pelas ruas antigas da cidade. O empedrado, as janelas, as varandas, vão-me contando a história dos tempos ali vividos, das mudanças, das permanências, dos cuidados, dos desleixos, das alegrias e das tristezas das gentes que viveram e vivem a rua, as ruas. Assim se fazem as casas, as ruas, as cidades dos povos de ontem, de hoje. Do amanhã tão pouco sabemos.
Licínia
Uma rua de Viana do Castelo
3. Justine
Vou começar por ler a badana. De facto, mal entro numa livraria começo por ser atraída pela capa, achá-la original, de bom gosto, e só então agarro no livro e leio a badana. Cheiro-o, gosto do cheiro dos livros. Depois, se não conheço o autor, vou ler o que por norma está escrito sobre ele na última página ou na contracapa. A seguir, como teste final, leio as duas primeiras páginas – alguém me disse que, se as duas primeiras páginas forem estimulantes, todo o livro será. Tem batido certo! Por fim trago o livro para casa e não descanso enquanto não o ler!
Justine
2. Bettips
Vou começar a organizar a saída de Primavera, para sul/sol. Olho esta fotografia que me apareceu e faço-lhe um sorriso amarelo: bastava apenas um cartão bancário recheado e um telemóvel que não fosse “um tijolo antigo”! Pois assim poderia ir leve como uma andorinha, tal este rei assírio com uma pequena bolsa, cerca de 700-692 a.C.
Bettips
1. Agrades
quinta-feira, maio 03, 2018
AGENDA DE MAIO DE 2018
Proposta
de Mónica
Dia
10 - Reticências
com
a frase “Vou
começar”
a
iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
de Mónica
Dia
3 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “Da" para
formar as nossas palavras.
A palavra que cada um apresentar tem que conter a sílaba pedida e
exprimir a imagem que lhe foi associada com sintonia clara entre
ambas. Se houver preferência por um conceito, a regra a aplicar é a
mesma, ou seja, ele tem que ser expresso por uma palavra que tenha a
sílaba pedida. O texto que alguns de nós acrescentarmos é apenas
facultativo e um complemento.
7. Mónica
6. M.
3. Justine
Cidade
Apenas duas faces do mosaico de faces de que uma cidade é composta: uma, a cidade-arquitectura, a cidade-espaço, bela e sem defeitos na luz de fim de tarde, fria e distante na ausência de pessoas que apenas adivinhamos na roupa que seca nas janelas; a outra, a cidade-gente, a cidade- -miscigenação, misteriosa e carente com cheiros e cores e rostos, invisível para quem com pressa e indiferença lhe passa ao lado.
Apenas duas faces da cidade que é Lisboa.
Justine
2. Bettips
Daninha
Como
chamar a esta trepadeira “daninha”?
Imagino uma pequena haste perseverante, a passar pelo minúsculo buraco de um caixilho de janela, supostamente estanque. Fez-me sorrir, solidária com a sua tenacidade.
Numa área de serviço qualquer, em que tudo é embalado e etiquetado, com moda igual em todos os sítios. Assim, ser daninha é uma dádiva da Natureza, mesmo que o seja só por uma época datada. E não tarde a diligência das limpezas a dá-la como desaparecida.
Fez-me sorrir, solidária com a sua tenacidade.
Imagino uma pequena haste perseverante, a passar pelo minúsculo buraco de um caixilho de janela, supostamente estanque. Fez-me sorrir, solidária com a sua tenacidade.
Numa área de serviço qualquer, em que tudo é embalado e etiquetado, com moda igual em todos os sítios. Assim, ser daninha é uma dádiva da Natureza, mesmo que o seja só por uma época datada. E não tarde a diligência das limpezas a dá-la como desaparecida.
Fez-me sorrir, solidária com a sua tenacidade.
Bettips
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