Vou começar a ir a pé do trabalho para casa, aproveitar os dias maiores, apreciar a beleza da cidade, se é minha aproveito-a, nem preciso de comprar bilhete de avião, vou começar por subir a avenida que vem do rio, deixar a igreja das estrelas e personalidades pelas costas, percorrer o jardim frondoso que me atiça as alergias, descer a rua que àquela hora está cheia de pais que vão de carro buscar os meninos que leem a cartilha, ignorar o autocarro e o metropolitano, subir outra avenida, esta de lojas com vestidos em que cada botão custa o valor do meu salário, atravessar outro jardim com turistas, antigas histórias de má fama, uma escultura bizarra, para não dizer feia, autocarros tour de matrículas desconhecidas, continuar a caminhada tranquila e em segurança, passar pela catedral do consumo, pelos pães da padaria, pelos éclairs gourmet, pela mercearia biológica, sem tentar não me tentar, cruzar-me com os estudantes meus futuros colegas de copo de cerveja de plástico numa mão e cigarro na outra, sigo fingindo que não me escandalizo com os buracos etno nas orelhas e nos cabelos lanzudos, e depois, depois é sempre em frente até chegar a casa, mais uma última etapa de montanha, e casa, é tão bom chegar a casa.
Mónica
4 comentários:
Muito melhor que um GPS!!!
Chegas a casa com o exercício já feito.
Itinerário divertido e certeiro para quem quiser conhecer a cidade por baixo da pele
Já estou cansada só de pensar no percurso. Prefiro olhar a foto do parque com o rio ao fundo.
Teresa
Teresa a fotografia é mm p fazer um pausa p descansar, metade do caminho, n custa, vá mais outro tanto
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