quarta-feira, janeiro 18, 2023

6. M


De tão enorme que é, e visível de quase todos os lugares onde estejamos nas ilhas dos Açores, a Montanha do Pico faz-me pensar em crianças de pouca idade a brincar às escondidas. Tantas vezes se resguardam por detrás de um cortinado, um braço de fora, a cabecita a espreitar, os olhos a brilhar num Estou aqui! Outras vezes mal cabendo debaixo de uma mesa, ou de uma cadeira, o corpo pequeno à vista, a meia a fugir do pé, felizes por se julgarem invisíveis aos olhos dos adultos. E nós, supostamente gente crescida, a fingir que não as vemos, o espanto nos Ah, marotos, estavam aí! Apenas porque também nos apetece brincar à maneira da nossa infância.
Claro que é tudo uma questão de proporções. Evidentemente que, neste caso, os papéis estão invertidos: a criança serei eu e a montanha o adulto a ver-me lá do alto. E isto partindo eu da fantasia de que ela quer brincar comigo.
M

7 comentários:

Margarida disse...

Tão bonito o teu texto, M.

Anónimo disse...

Encantador este texto. Pura poesia
Luisa

mena maya disse...

Que bela associação, M.
Concordo contigo, Luisa, pura poesia!

bettips disse...

Só reafirmo o que foi dito, nesta brincadeira de criança e Pico!

Justine disse...

E assim, para nosso gáudio, deste asas à tua imaginação criativa. Excelente, M.!

Anónimo disse...

Muito interessante a associação de ideias neste teu texto.

Teresa

Mónica disse...

pico pico sardanico. texto amoroso