quinta-feira, abril 11, 2013

8. M.



É triste passear pelas ruas e encontrar assim fechada a vida. Por isso ali demorei o olhar e acariciei os traços marcados na porta, como se com esse meu gesto fosse capaz de reanimar as feições dos antigos moradores da casa. 
Tão desamparada é por vezes a memória da existência humana! 

M

9 comentários:

Rocha de Sousa disse...

Um belo olhar, que a fotografia
conserva, e um texto bem adequado
ao sentimento da percepção.

Justine disse...

Uma fotografia despojada e cheia de significado, com a tua habitual sensibilidade. Quantas histórias de vida por trás destas portas fechadas...
Triste e belo!

Luisa disse...

Tantas portas encontramos assim fechadas. Quem ficou lá dentro abandonado?

Licínia Quitério disse...

Triste o apagar da porta, o apagar da memória. Inevitável.

agrades disse...

Dói quando os outros nao gostam do que nos gostamos...

bettips disse...

Porta e vidas feitas a gosto, rendilhadas e desenhadas. E o teu olhar/palavras transportam-nos para uma figura enchapelada que sai, uma mulher de saia ondulante que entra. Passado.
É triste.

(se não tivéssemos memória nem sequer poderíamos "provar que não éramos um robô"... como se pede abaixo, não é? e contudo a memória também é um gume)

Benó disse...

É triste ver tanta casa abandonada. Portas que se abriam à alegria hoje não são mais de que albergue de carunchos.

Anónimo disse...

Urgente a reabilitação urbana para que não haja tanta casa a cair que se imagina para além da porta.


Teresa Silva

zambujal disse...

Sim. É triste o desamparo e o abandono. O esquecimento. Um gesto pode vencer a tristeza, um olhar pode dar alegria ao que está triste, gentes e coisas.