quarta-feira, novembro 09, 2011
6. Licínia
Voltei a ouvi-los na manhã de sol, com o frio da noite adormecido na relva do jardim. Não lhes vi o vulto, não lhes sei o tamanho, a idade, se a têm. A sua fala continua sibilante, entrecortada, de sílabas sem vogais, porventura apagadas por outros geniozinhos de maus humores e vizinhanças não desejadas. Era chegado de novo o tempo do concílio, em torno do pequeno arbusto, no seu dia único de florir. Só eu sei o que decidiram, mas não o posso revelar, sob pena de nunca mais serem visíveis a meus olhos as flores do desejo de aqui voltar, nos anos todos que me pertencerem.
Licínia
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9 comentários:
Da poesia, Licínia ... pura e simples como um bocado de relva, uma sombra de árvore na paisagem, desfiar sons imaginados e palavras que os ligam.
É um segredo bonito!
Um lindo exto como todos os teus.
É assim a beleza das coisas a cativarem o olhar atento de quem passa e se detém nelas e delas fala com palavras lindas.
Ah poetisa, há coisas que nos vais revelando, mesmo sem quereres:))))
É preciso estar muito atento e sereno.
Agrades
Essa beleza suspensa do único dia de florir( a manter intacta).
~
Duma fotografia simples que, numa primeira visão (minha), me pareceu nada ter para se ouvir, fizeste o tema para ser lido e ouvido.
Bonito, Licinia.
Não captei o sentido do texto mas a imagem é lindíssima.
Teresa Silva
Ouvir o que não se vê, ver o que não se ouve, sentir o que só nós sentimos!
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