As cadeiras, assentes nas suas quatro pernas, e sem terem quem nelas se
(as)sentasse, puseram-se a conversar. Para passar o tempo...
Até que uma, ao olhar ao redor, o chão e a parede mosaicados em quadrados pretos e brancos, teve uma ideia "... e se nós aproveitássemos a folga e as quadrículas, e fossemos jogar uma xadrezada?"; vai daí, outra disse "boa ideia!... mas essa coisa do xadrez é muito complicada ... talvez às damas..."; logo uma mais rabitesa veio de pronto resmungar "... ao xadrez, às damas!... cadeiras a jogar, a imitarem quem nelas s'assenta!, onde é que já se viu?, só de cadeiras tontas...".
Nenhuma lhe ligou, embora a da ideia tivesse ficado um bocadinho sentida (cadeira que não se sente não é filha de boa gente, não é verdade?...), e começaram a organizar um torneio. A formar equipas e, curiosamente, todas queriam ser do Boavista, por ser axadrezado.
No entanto... no entanto, antes de iniciarem o torneio, ainda houve uma cadeira que se levantou do assento e colocou uma questão pertinente: "jogamos no chão ou na parede?".
Ficaram perturbadas. Ao chão não chegavam por causa das pernas altas, na parede, o tabuleiro ficaria torto e até as rodelinhas brancas e pretas que podiam fazer de conta que eram damas escorregariam... quanto mais com reis e rainhas, e bispos, e torres, e cavalos, e os peões, todos aos saltos e a comerem-se uns aos outros.
Ainda tentaram - só com as damas... - mas foi uma confusão ao quadrado, isto é, aos quadradinhos. Ensarilharam as pernas todas, as de umas nas de outras, e ficaram num monte. À molhada, como se costuma dizer. Mas quem disse a última palavra foi a rabitesa resmungona que disse "... eu não vos disse, suas cadeiras tontas?!"
Zambujal
Até que uma, ao olhar ao redor, o chão e a parede mosaicados em quadrados pretos e brancos, teve uma ideia "... e se nós aproveitássemos a folga e as quadrículas, e fossemos jogar uma xadrezada?"; vai daí, outra disse "boa ideia!... mas essa coisa do xadrez é muito complicada ... talvez às damas..."; logo uma mais rabitesa veio de pronto resmungar "... ao xadrez, às damas!... cadeiras a jogar, a imitarem quem nelas s'assenta!, onde é que já se viu?, só de cadeiras tontas...".
Nenhuma lhe ligou, embora a da ideia tivesse ficado um bocadinho sentida (cadeira que não se sente não é filha de boa gente, não é verdade?...), e começaram a organizar um torneio. A formar equipas e, curiosamente, todas queriam ser do Boavista, por ser axadrezado.
No entanto... no entanto, antes de iniciarem o torneio, ainda houve uma cadeira que se levantou do assento e colocou uma questão pertinente: "jogamos no chão ou na parede?".
Ficaram perturbadas. Ao chão não chegavam por causa das pernas altas, na parede, o tabuleiro ficaria torto e até as rodelinhas brancas e pretas que podiam fazer de conta que eram damas escorregariam... quanto mais com reis e rainhas, e bispos, e torres, e cavalos, e os peões, todos aos saltos e a comerem-se uns aos outros.
Ainda tentaram - só com as damas... - mas foi uma confusão ao quadrado, isto é, aos quadradinhos. Ensarilharam as pernas todas, as de umas nas de outras, e ficaram num monte. À molhada, como se costuma dizer. Mas quem disse a última palavra foi a rabitesa resmungona que disse "... eu não vos disse, suas cadeiras tontas?!"
2 comentários:
Este pequeno conto sobre "as cadeiras falantes" está um primor! Ainda procurei a "rabitesa" mas elas são tão iguais como a assembleia vista na tv; sem som, claro...
Divertida, a humanização dos objectos. Texto muito vivo!
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