Confesso
que quando recebi esta fotografia da Agrades fiquei um pouco
atrapalhada. Que dizer dela? Que pensar? Apetecia-me espreitar para
lá da janela, olhar para baixo, procurar pessoas para as sentar nos cadeirões.
Estaria a sala vazia? Espreito, não espreito? É feio espreitar,
disse-me uma vozinha dentro de mim, a outra que gosta de competir
comigo. Coitada, é pouco aventureira. Nem sabes o que perdes com
essas manias. Pôr-me em bicos de pés, colar o nariz à
transparência da vidraça? Quem me dera. Claro que não devo,
ficaria embaciada com o bafo da minha curiosidade. Desenhar ali
com os dedos bonecos que se desfazem... ui! tentador. Não podes, que disparate. Tem juízo. Repara, parece uma sala importante, que
diriam aqueles senhores pendurados em quadros à volta da parede?
Eles já estão tão sérios, depois ficariam ainda mais sérios, ou
zangados, tenho a certeza. Ali não se brinca.
Bem, de que espaço se trata não me é evidente e, por alguns textos que me
chegaram, há quem tenha dúvidas onde mora. Fazem-me falta o Sherlock Holmes e
o Dr. Watson.
M
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