quinta-feira, fevereiro 15, 2018

4. Licínia

Era uma vez um tronquinho de árvore arrancado, porque velho, porque inútil, recusado, rejeitado. Nisto pensava o tronquinho, muito triste, abandonado por mão de homem que o poisou ao acaso no balcão. Foi quando a noite chegou que de desgosto chorou e a sua seiva brotou do magoado coração. Já seiva a seiva não era, já madeira não seria quando a manhã despontou e uma dama que passou lhe pegou e exclamou: uma jóia, que alegria, isto que aqui se apresenta. Será de oiro lavrado, de diamante lapidado, mas por estranho que pareça, se a olhar à transparência, vejo folha, vejo pássaro, e aos meus ouvidos chega um pedido de clemência. Com cuidado redobrado, ao seu peito o aconchegou e numa caixa guardou o tronquinho que chorou e em tesouro se tornou.
FIM
Licínia

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