Olhar
é um acto intrínseco à mobilidade visual e abre lugares
conceptuais à percepção do visível: durante instantes (com mais
ou menos demora) as coisas permanecem dentro dos nossos olhos. No
caso desta imagem, que nos foi proposta por M., talvez a síntese do
azul seja decisiva, porque, do lado óptico, a impressão passa por
aí, e o que sobra disso parece um suporte montanhoso logo negado
pelo tampo de mesa onde pousa um elegante e tortuoso ramo (porventura
de uma árvore ou arbusto). As flores ou as folhas que poderiam
envolver esse tronco configuram vidro ou gelo (mais gelo), o que
oferece ao conjunto a intrigante imagem de uma pintura, de uma
composição tridimensional, “instalação”, e releva de um
espectáculo visual melancólico, de subtil geometria, harmónica e
lírica.
Rocha
de Sousa
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