quinta-feira, março 11, 2021

11. Zambujal

ESPANTO

segundo PICASSO

 


Num recanto do espaço Refúgio do nosso canto, está há anos uma cópia de Guernica, oferecida por um grande amigo (como um irmão!) recentemente falecido.

Embora aparentemente cópia para ali desvalorizada de grande de arte, em circuito quase permanente pelas capitais de (uma) cultura, ali nos espanta cada vez que vamos buscar fruta, limões ou batatas para a refeição (e que, agora, parece iluminada por uma melancia).

Espanto e horror! Como foi possível? Uma cidade destruída (uma Hiroshima antes de Hiroshima) por um ataque aéreo, no uso deshumano de conquistas da humanidade (voar como os pássaros). Para travar caminhos do humano ser.

E nós aqui tão perto, tão perto do espanto e horror de que Picasso nos quis dar testemunho! Às vezes tão longe…

Zambujal

8 comentários:

Anónimo disse...

Linda e horrível a tua evocação de Guernica e espantosa a foto em que a mostras misturada com a fruta de todos os dias
Luisa

Licínia Quitério disse...

Foi o quadro que mais emoção me provocou quando finalmente o vi. Fiquei ali pasmada sem arredar pé. Bom que a tenhas trazido aqui.

Justine disse...

Um luxo, ter a Guernica no velho celeiro da casa. Gosto de ver o quadro aí, todos os dias, para nunca esquecer...

bettips disse...

Aqui, um lugar comum, o da vida e das coisas que se comem, com o pensamento também. E fica bem a cor dos frutos nos cinzentos da guerra.
Tudo isso que dizes me vem à memória.
Alguns de nós passaram pelo tempo em que ter uma reprodução de "Guernica" ou um poster do "Che", era perigoso e subversivo para o regime vigente.

M. disse...

Gosto de tudo nesta imagem de hoje. Muito bela e comovente a ligação dos frutos ao quadro, de grande significado, a guerra, as perdas, a fome em contraste com os alimentos básicos para a sobrevivência. E no texto aquele último parágrafo com aquilo em que tantas vezes penso: o próximo e o longe vivido ao mesmo tempo numa época comum. Terrível.

Sérgio Ribeiro disse...

Imperdoável: a dita melancia é uma abóbora!
São assim os avanços da escrita, vai-se embalado e ao som da prosa sai melhor melancia que abóbora... e sai melancia o que era abóbora. Depois, se se relê... nem se nota que a melancia é uma abóbora!
Mea culpa... máxima e única!

Anónimo disse...

Eh lá... estavas a pensar na Cinderela!!! e já passava da meia-noite, por isso não viste o coche...
Abraços e gracejos
B

Mónica disse...

ahhahaah gente fina tem arte assim aos pontapés, arrumada lá pros cantos das cebolas e das batatas, se calhar uma monalisa na casa de banho ou quem sabe um matisse na garagem ahahahahah
adorei!