Talvez, quem sabe... eu tenha conseguido transmitir às mulheres da Póvoa de Atalaia o sentido de património universal que lhes dedicou o Poeta que ali nasceu.
Conversei com elas: básicas, humildes mas rancorosas. "Esse não nos deixou nada, não fez nada pela terra..." ... disse-me a que está de pé. Atrás delas, um grande cartaz sobre "Património" onde consta também o nome de Eugénio de Andrade. Dei voltas ao miolo para lhes explicar quem ele foi e o que fez por "nós, mulheres" e "nós, povo". Que me adiantava explicar que é o segundo poeta português mais traduzido no mundo? Elas nem ler sabiam! E de como o simples se torna complicado, numa teia da (in)cultura das nossas gentes. Talvez ...nada tenha conseguido senão um sorriso despeitado "lá vem esta da cidade..."; mas é que eu tenho alma de pregadora (ou corregedora?) e sempre meto conversa com as pessoas das terras. Uma vez, no Alvão profundo, numa tarde num café de aldeia, tive de explicar o porquê da "guerra colonial" desde as "descobertas".
Pois se o Eugénio de Andrade não lhes deixou um Posto Médico, uma Casa do Povo ou, ao menos uma Fonte, como quererias que elas tivessem orgulho nele? Letras são tretas, não é o que se diz por aí? O que é a poesia para estas mulheres cansadas de trabalhar? Gostaria de ter assistido a essa conversa...
6 comentários:
Esperemos que tenhas conseguido, talvez, quem sabe.
Conversei com elas: básicas, humildes mas rancorosas. "Esse não nos deixou nada, não fez nada pela terra..." ... disse-me a que está de pé. Atrás delas, um grande cartaz sobre "Património" onde consta também o nome de Eugénio de Andrade. Dei voltas ao miolo para lhes explicar quem ele foi e o que fez por "nós, mulheres" e "nós, povo". Que me adiantava explicar que é o segundo poeta português mais traduzido no mundo? Elas nem ler sabiam! E de como o simples se torna complicado, numa teia da (in)cultura das nossas gentes. Talvez ...nada tenha conseguido senão um sorriso despeitado "lá vem esta da cidade..."; mas é que eu tenho alma de pregadora (ou corregedora?) e sempre meto conversa com as pessoas das terras. Uma vez, no Alvão profundo, numa tarde num café de aldeia, tive de explicar o porquê da "guerra colonial" desde as "descobertas".
Pois é, a ignorância mata muitas vezes o entendimento das coisas e faz crescer o ódio em lugar de desenvolver a curiosidade.
Oh minha pregadora, alguma sementinha acabas por deixar...
Talvez, quem sabe, tenhas sido tema de conversa à ceia...
Às vezes é mais fácil pregar aos peixes!
Pois se o Eugénio de Andrade não lhes deixou um Posto Médico, uma Casa do Povo ou, ao menos uma Fonte, como quererias que elas tivessem orgulho nele? Letras são tretas, não é o que se diz por aí? O que é a poesia para estas mulheres cansadas de trabalhar? Gostaria de ter assistido a essa conversa...
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