quinta-feira, março 10, 2011

7. Licínia



Talvez, quem sabe, eu passasse 
sem que para ti olhasse
e com pressa caminhasse 
perdida no pensamento.
Talvez eu nunca soubesse 
que alguém ali se acolhesse  
e a doce voz soltasse 
a recitar um lamento.
Talvez, quem sabe, eu te visse 
e a medo te pedisse 
um sorriso, um copo de água, 
a quentura de um feitiço, 
a altura de uma frágua.
Talvez, quem sabe, eu sonhasse 
com um desvão de cidade, 
onde tudo se perdesse 
e onde tudo vivesse 
num tempo sem ter idade.
Talvez, quem sabe, tu sejas
assim enrugada e nua
a minha primeira esperança
a minha última rua.

Licínia

6 comentários:

Benó disse...

A poesia da Licinia a ilustrar uma bonita foto para o... talvez, quem sabe.

bettips disse...

Não me atrevo a querer saber o seguimento do "talvez" mas ficam-nos as palavras doces, duma qualquer rua e porta nr. 1.

M. disse...

Perfeita a sintonia entre este texto e a fotografia. Ambos muito belos.

Justine disse...

Ah poetisa, como é belo o teu talvez...

mena maya disse...

Talvez, quem sabe, ficasse a Rua de S. João da Praça toda vaidosa, se soubesse ter inspirado tão belo poema...

Luisa disse...

Os lindos poemas da Licínia!!!! (repara que desta vez não pus reticências). Como alguém dizia acima, no que teria dado esta história?