Talvez, quem sabe, eu passasse
sem que para ti olhasse
e com pressa caminhasse
perdida no pensamento.
Talvez eu nunca soubesse
que alguém ali se acolhesse
e a doce voz soltasse
a recitar um lamento.
Talvez, quem sabe, eu te visse
e a medo te pedisse
um sorriso, um copo de água,
a quentura de um feitiço,
a altura de uma frágua.
Talvez, quem sabe, eu sonhasse
com um desvão de cidade,
onde tudo se perdesse
e onde tudo vivesse
num tempo sem ter idade.
Talvez, quem sabe, tu sejas
assim enrugada e nua
a minha primeira esperança
a minha última rua.
Licínia
6 comentários:
A poesia da Licinia a ilustrar uma bonita foto para o... talvez, quem sabe.
Não me atrevo a querer saber o seguimento do "talvez" mas ficam-nos as palavras doces, duma qualquer rua e porta nr. 1.
Perfeita a sintonia entre este texto e a fotografia. Ambos muito belos.
Ah poetisa, como é belo o teu talvez...
Talvez, quem sabe, ficasse a Rua de S. João da Praça toda vaidosa, se soubesse ter inspirado tão belo poema...
Os lindos poemas da Licínia!!!! (repara que desta vez não pus reticências). Como alguém dizia acima, no que teria dado esta história?
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