quinta-feira, fevereiro 16, 2012

6. Licínia

NÓS, AS MALAS

Vamos à descoberta, ao achamento,
à aventura, à procura dos mundos
infinitos que guardamos nas malas.
Como pesam as malas. Por entre
os fatos, os livros, os sapatos,
arrumam-se, invisíveis, os segredos,
e, no regresso, as mortes dos caminhos.
A pele das malas transporta as nossas
cicatrizes, a gala das noites de diamante,
os rótulos sucessivos dos nossos
sucessivos rostos, os nomes sobrepostos
das cidades do frio, do calor, da mansidão.
Dentro das malas se atravessa a vida.
Viajantes eternos, à descoberta, vamos.

Licínia Quitério

2 comentários:

M. disse...

As malas como invólucros de vida.

mena maya disse...

A vida faz-se a viajar...