quinta-feira, julho 12, 2012

11. Zambujal



Há muito que sabemos… que sabemos pouco.
Mas há muito que sabemos tudo
por sabermos que tão pouco sabemos.
(Ah! Se eu não morresse nunca! E eternamente
buscasse e conseguisse a perfeição das cousas…)

No dia em que alguém te ama… o sol brilha
(não sei dizer melhor…).
No dia em que te ama quem tu amas…
mesmo que chova e faça frio, o sol aquece.

Em todos os dias que lutas
(e tens de lutar todos os dias para humano seres)
aprendes que tens muito para ensinar
e que tens muito mais para aprender

A mim, há coisas que ainda me espantam na vida;
eu, que estou no inverno da minha vida,
esqueço-me de tardes de tristeza e de amargura
mas nunca de uma manhã de amor e de ternura.

Por outras vias do que ouço e sei,
sei que, afinal, nunca esqueço nada,
mas sei também que me habituei
a viver com as lembranças e com o que nunca esqueço.

Durante anos e anos, eu dizia: “eu sei!
Só que, quanto mais vivia, mais longe sabia estar de tudo saber.
Agora, que setenta e algumas vezes badalou o meu relógio,
ainda vou à janela, e olho, e procuro, e me interrogo.

Agora, eu sei há muito… que sabemos pouco,
e sei que nunca saberemos tudo!,
da vida, das flores, dos amigos, dos amores,
(das coisas, dos seus sons, das suas cores)

É tudo o que sabemos…
ah! mas isso eu sei!

(uma misturada de
Dabadie, Gabin, Cesário, Brel
e sei-lá-quem-mais lido e ouvido!)


Zambujal

3 comentários:

Zé-Viajante disse...

Brilhante. Só o que posso escrever.

Justine disse...

Eu já sabia como tu escreves bem estas intertextualidades cheias de bom gosto e criatividade!

bettips disse...

Tão bonito, o que sabemos, o que descobrimos (ainda!) e o que aprendemos com outros, assim!