Dia 21 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia da M.
quinta-feira, abril 30, 2015
AGENDA PARA MAIO DE 2015
Eu
em substituição da Mac que, por alturas da atribuição das datas
dos desafios a cada um de nós, preferiu entregar-me a tarefa. Até
talvez tenha sido boa ideia pois nunca mais tive notícias suas.
Dia
7 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “De”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
Dia
14 - Reticências
com
a frase “Restara
apenas”
a iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
Dia
21 -
Com
as palavras dentro do olhar sobre
fotografia
da M.
Dia
28 - Fotografando
as palavras de outros sobre
este excerto de um livro de que gostei muito, embora de início me tenha sido estranho:
«Nani, Nani. A boneca, impassível,continuava a vomitar. Despejaste para o lavatório todo o teu limo, valente. Abri-lhe os lábios, com um dedo alarguei o orifício da boca, deixei-lhe correr para dentro água da torneira e depois agitei-a com força, para lhe lavar muito bem a cavidade sombria do tronco, do ventre, e fazer sair por fim o bebé que Elena lhe introduzira lá dentro. Brincadeiras. Dizer tudo às meninas, desde a infância: elas depois pensarão em inventar um mundo aceitável. Eu própria agora estava a brincar, uma mãe não é mais do que uma filha a brincar, ajudava-me a reflectir.
Crónicas do Mal de Amor (A Filha Obscura), Elena Ferrante, Relógio D'Água Editores, Maio de 2014
O DESAFIO DE HOJE
Dia 30 - Fotografando as palavras de outros sobre o excerto de um livro que o meu Pai me ofereceu há muitos anos, e que agora reli com prazer, quando procurava material para os desafios deste mês.
«Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespêro comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar. A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos do infortúnio se houvessem desencadeado sôbre ela. Em vão tentava abafar os soluços, cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações sôltas, enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte o mais pronto dos remédios.
(…)
«Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespêro comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar. A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos do infortúnio se houvessem desencadeado sôbre ela. Em vão tentava abafar os soluços, cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações sôltas, enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte o mais pronto dos remédios.
(…)
Quando a tormenta pareceu extinta, a moça sentou-se na cama e olhou vagamente em tôrno de si. Depois ergueu-se; dirigiu-se trôpega ao quarto de vestir; ali parou diante do espelho, mas fugiu logo, como se lhe pesasse encarar consigo mesma. Uma das janelas estava aberta. Helena foi ali aspirar um pouco do ar da noite. Esta era clara, tranqüila e quente. As estrêlas tinham uma cintilação viva que as fazia parecer alegres. Helena enfiou um olhar por entre elas como procurando o caminho da felicidade. Estêve à janela cêrca de meia hora; depois entrou, sentou-se e escreveu uma carta.»
Helena, Capítulo XIII, Machado de Assis, Gráfica Editôra Record, Rio de Janeiro, 1967
10. Zambujal
… depois,
pela madrugada dentro
entrando pela manhã,
ficou a ler palavras de outros
e a escrever palavras de todos,
à sua maneira…
Zambujal
quinta-feira, abril 23, 2015
AGENDA PARA ABRIL DE 2015
Dia 30 - Fotografando as palavras de outros sobre o excerto de um livro que o meu Pai me ofereceu há muitos anos, e que agora reli com prazer, quando procurava material para os desafios deste mês.
«Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespêro comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar.
A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos do infortúnio se houvessem desencadeado sôbre ela. Em vão tentava abafar os soluços, cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações sôltas, enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte o mais pronto dos remédios.
A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos do infortúnio se houvessem desencadeado sôbre ela. Em vão tentava abafar os soluços, cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações sôltas, enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte o mais pronto dos remédios.
(…)
Quando a tormenta pareceu extinta, a moça sentou-se na cama e olhou vagamente em tôrno de si. Depois ergueu-se; dirigiu-se trôpega ao quarto de vestir; ali parou diante do espelho, mas fugiu logo, como se lhe pesasse encarar consigo mesma. Uma das janelas estava aberta. Helena foi ali aspirar um pouco do ar da noite. Esta era clara, tranqüila e quente. As estrêlas tinham uma cintilação viva que as fazia parecer alegres. Helena enfiou um olhar por entre elas como procurando o caminho da felicidade. Estêve à janela cêrca de meia hora; depois entrou, sentou-se e escreveu uma carta.»
Helena, Capítulo XIII, Machado de Assis, Gráfica Editôra Record, Rio de Janeiro, 1967
11. Zambujal
Coisas que jornais (que não alguns de parede) e restante “comunicação social” ignoram, como a assinalação dos 65 anos do Apelo de Estocolmo e, hoje, 1% das armas nucleares “em armazém” têm 4 mil vezes mais poder destruidor que a bomba de Hiroshima, segundo a Federação Internacional dos Trabalhadores Científicos… Coisas!
Zambujal
7. M.
Duas estátuas que fotografei, de dia, escolhidas entre as sete que existem na Place Massena, em Nice, e que fazem parte da obra “Conversa em Nice”, de Jaume Plensa, artista catalão.
«A instalação consiste em sete estátuas de resina sentadas a mais de 10 metros de altura em postes de aço. Durante o dia, as estátuas são brancas, e à noite são iluminadas por dentro com lâmpadas de cor. As sete estátuas representam os sete continentes. A forma como as estátuas mudam de cor para cor tem a intenção de representar a interação entre as comunidades que fazem a nossa sociedade e criar um diálogo entre as próprias figuras e transeuntes.» (Retirado da net)
5. Licínia
3. Jawaa
quinta-feira, abril 16, 2015
O DESAFIO DE HOJE
Dia 16 - Com as palavras dentro do olhar sobre fotografia da M.
(Adorei as vossas respostas à minha fotografia. Engraçado como todos encontraram nesta cadeira características humanas, ou com ela associaram situações reais do nosso quotidiano envolvendo comportamentos de gente, o que me leva a concluir que os objectos têm na verdade alma.)
10. Teresa Silva
A primeira reacção é de espanto, pelo insólito da situação. Depois, tento imaginar a cena: alguém estava na cadeira e caiu ou uma pessoa atirou a cadeira pela escada abaixo. Mas em qualquer dos casos ela estaria partida e não ficava tão direita num degrau. Por fim, ocorreu-me que a cena não passava de uma encenação um tanto surrealista, com boa luz e boa definição de imagem. Será?
Teresa
9. Rocha/Desenhamento
Quando
os meus olhos ficam cheios desta imagem, degraus em
pedra, renque de plantas secas, uma cadeira de outrora tombada no
penúltimo degrau, fico preso à grandeza simbólica que parece
desprender-se da «cena». É o resto de uma cena caseira de ontem ou
de há muitos anos, quando a avó tombou de cima das escadas e teve
de ser levada ao hospital, onde acabou por falecer. Bela memória que
enche os olhos da lembrança anterior à que me ocorreu. Deitada, a
cadeira parece o corpo de alguém. E as plantas secas confirmam a
idade do local e das coisas. Bela fotografia.
Rocha
de Sousa
8. Mena M.
Deitada a servir de obstáculo, para proteger qualquer bebé?
Cansada de tanto descanso, não tarda que se ponha em pé!
Cansada de tanto descanso, não tarda que se ponha em pé!
Mena
7. M.
Gosto de cadeiras. Encontro nelas personalidade e comportamentos de gente. Simples ou não, umas mais espartanas do que outras, mais arrebique menos arrebique, com estofo ou sem ele, não resisto a fotografá-las. Reparei nesta. Lembrou-me meninos que se recostam seja onde for, de qualquer maneira, a descansar das brincadeiras, algumas vezes apenas por curiosidade em descobrir de que forma sentem no corpo cada bocadinho do chão onde se deitam. Alguém diligente a colocara ali como cancela improvisada num espaço ao ar livre onde decorria uma festa de crianças. Achei-lhe graça, mas estranhei que a nenhuma tenha passado pela cabeça desafiar aquela vedação frágil, saltando-lhe por cima ou retirando-a dali. Talvez se tenham reconhecido nela pensando que, cansada de brincar, tinha adormecido no degrau.
M
6. Luisa
A
cadeira nas escadas é um mistério quase policial: estava a velhota
no terraço gozando as vistas, e alguém a empurrou para herdar os
seus haveres? Ou a cadeira é um sinal de proibição duns pais
cuidadosos para com os filhos desejosos de ver o que está lá em
cima? Ou alguém, sem forças para subir as escadas, resolveu
auxiliar-se com uma cadeira, o que não resultou? Seja qual for a
hipótese, apeteceu-me ir até aí e subir a escadaria.
Luisa
5. Licínia
O
SUICÍDIO DA CADEIRA
Há anos que
ninguém lhe encontra préstimo. Nem um leve roçar de corpo, no
assento, nem um braço a rodear-lhe as costas, nada. Passam sem a
ver. Descem a escada, apressados, como se vivessem o último dia.
Hoje já ninguém se senta, ninguém pára, ninguém olha o céu,
ninguém conversa, ninguém descansa. Dantes, ao luar, no seu colo
pousavam, e ela sentia-lhes as falas, os suspiros, até, quando o
silêncio se fazia, o bater dos corações. Está sozinha a cadeira.
Sozinha e invisível. Pela primeira vez, sem ajuda, moveu as pernas,
inclinou o dorso, rangeu os ossos e atirou-se, no vazio. Um degrau a
acolheu, caída sobre um lado. Ali ficou. Hoje, muitos nela reparam e
dizem: olha uma cadeira aqui deitada. Mas ninguém a levanta. Ao
menos olham-na.
Licínia
4. Justine
Uma pessoa que, sentada no terraço ao sol, se desequilibrou e caiu pela escada abaixo, ficando apenas a cadeira à vista? Ou uma pessoa que, zangada com a vida e com o mundo, descarregou a sua zanga na cadeira mais próxima, que só parou no penúltimo degrau? Ou metáfora de alguma procura filosófica, jogando a artista com a lisura, modernidade e brilho do objecto em madeira, em contraste com a rugosidade, vetustez e frieza da pedra? Ou simplesmente o bom gosto e sensibilidade da fotógrafa, que com este cenário deu asas à minha imaginação? Só ela poderá responder…
Justine
3. Jawaa
É como me sinto: sentada nessa cadeira, as pernas pendentes, os braços inertes e a cabeça a tentar o apoio do degrau acima, olhos sem ver para além do escasso verde por entre uma secura agreste.
Jawaa
2. Bettips
Há uma desarmonia evidente entre as linhas horizontais das escadas, as travessas e tampo da cadeira e o próprio objecto caído. Contudo, nesse desalinho, surgem apontamentos verdes que se estendem dum pátio até à casa, possivelmente. Acaso a cadeira teria saído do seu lugar para conhecer de perto o fim da rede que sempre viu “de cima”?
Bettips
1. Agrades
Deve
ser uma instalação; só pode!
Mas
eu, pessoa prática, acho que alguém se sentou na cadeira, num lugar
errado, e veio de reboleta pelas escadas abaixo. A cadeira ficou a
meio das escadas e o INEM já veio socorrer o infeliz. Até ouço
TINONI, TINONI...
Agrades
quinta-feira, abril 09, 2015
O DESAFIO DE HOJE
Proposta
da M.
Dia
9 - Reticências
com
a palavra “Imagina” a
iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.
11. Zambujal
Imagina lá tu, perdão, imaginem lá vocês que me lembrei logo do John Lennon, e o chamei para música de fundo e inspiração. E tanto ele me prendeu que me atirei a ler o poema (e a canhestra tradução no youtube) e me pus a fazer uma minha versão (um “poema cuco”…), que guardo para mim ou para mais tarde ou nunca. Depois, imaginem lá, fui à estante e reli umas partes de tu imagines la politique, um livro de Philippe Herzog, de 1991 (quando os países socialistas europeus ruíam), e que muito anotei e com que muito me irritei. Então e hoje. Depois, bem… depois fui dar uma volta pelo quintal para, como já imaginaram, “não esquecer a fotografia”. Ela aí fica… imaginem lá o que faria um bom fotógrafo com uma boa máquina!
Zambujal
10. Teresa Silva
9. Rocha/Desenhamento
Imagina que atravessei a ilha toda, passando a Lagoa, sofrendo as intempéries da época, a beleza delas, o sonho de serem assim, sempre a pensar em ti, no que resta de nós aqui, na outra ponta deste resto de terra, e logo que cheguei à base deste monte, tudo estava assim, negado, em ruínas, sem nada a que eu possa agarrar-me, ultrapassando as horas mortas e chegando a ti depois das tábuas velhas da nossa pobre defesa dos bichos e da fome. Impermanente, permaneço.
Rocha de Sousa | com base na curta metragem (Im)permanência, "uma abordagem
à inevitabilidade do inconstante: nas peles das paredes das casas vividas, habitadas ou abandonadas, nas peles de um corpo amado,vivido ou esquecido, no tempo, nas relações, nas estações.
8. Mena M.
7. M.
Imagina,
imagina, imagina sempre. Faz como as crianças que vão crescendo num
mundo muito seu de realidade- -fantasia, ou de fantasia-realidade,
vá-se lá saber onde começa uma e acaba a outra. E querem tanto ser
crescidas. A vontade de imitar os “grandes” é-lhes inerente e,
talvez porque pressentem nesses seus heróis a existência de uma
convivência natural entre realidade e fantasia, não se sentem
ameaçadas. Hum!... Pois, mas em tamanho grande a qualidade, o peso e
a percentagem de cada um destes dois ingredientes com sabor humano
serão outros. E há prazos de validade a ter em conta, mais as
balanças, de tempos a tempos aparece alguém a aferi-las, o que
poderá causar alguns transtornos no que se considera ou não como
certo em questões de dinâmicas vivenciais.
Imagina,
imagina, imagina. Não te canses de imaginar. Para não sofreres de
claustrofobia mental.
Está
bem, eu digo o que vejo neste pequeno quadro: um passeio à beira-mar
durante a maré baixa.
M
6. Luisa
5. Licínia
Imagina um país vendido, comprado, maltratado, malbaratado, despejado, insultado, desgovernado, com os vidros sempre à beira de quebrar, sempre tentado a proibir, de Pereiras salvando bandeiras, de bandeiras hasteadas sem preceito. Mesmo assim um país que resiste e sempre espera um novo vento que lhe desfralde o pano, que lhe conserte a esperança.
Licínia
(Num passeio por Almada, nas entranhas da terra abandonada, como num cenário de guerra. A Lisnave vista lá por trás, os restos de uma cidade morta.)
4. Justine
Imagina que estás comigo de férias, num país estrangeiro mas familiar e querido. Imagina que andas comigo a flanar pelas ruas perto do velho mercado, sorvendo cores, perfumes, ruídos. A rua está animada, com uma banda a tocar e um grupo de mulheres a uma esquina, na conversa. Imagina então que, de entre essas mulheres, sai uma criança, um menino redondinho e simpático, que começa a acompanhar a banda com o meneio das ancas, o movimento sincopado dos braços e da cabeça, o bater ritmado dos pés. A música sai dele como sai o sorriso e o olhar matreiro. Imagina esse momento único e irrepetível, em que tudo foi perfeito.
Justine
2. Bettips
Imagina que se reuniam os melros, numa reunião de condomínio de fim de tarde. Para discutirem as medidas a tomar ao terem sido despejados, eles, os seus ninhos e os seus filhotes, do “Condomínio de luxo” na velha árvore, donde se via o mar-azul-de-água e o mar-verde-de-terra. Despejados por uma serra eléctrica, as suas cabecinhas ainda tremem de espanto.
Bettips
quarta-feira, abril 08, 2015
sábado, abril 04, 2015
quinta-feira, abril 02, 2015
AGENDA PARA ABRIL DE 2015
Proposta
da M.
Dia
9 - Reticências
com
a palavra “Imagina” a
iniciar o texto. Não esquecer a fotografia.O DESAFIO DE HOJE
Proposta
da M.
Dia
2 - Ao
jeito de cartilha: Proponho-vos
que usemos a sílaba “La”
para formar as nossas palavras. O
texto que alguns de nós acrescentarmos é facultativo.
9. Zambujal
LAVRAR
LAdra se
chama a LArápio no feminino e se diz da faLA do cão: LAdra que se
esgana… Basta trocar uma letra à paLAvra e tudo muda. Muda a moda
do faLAr e do vestir como lhes é azado.
As palavras
são volúveis e também solúveis. Ao pôr-se um a
em vez de um o passa
logo outro a ser outra; ao encontrarem-se os dois, soma-se uma letra
e, por mor do amor, um nó em nós nos pode tornar.
Com
palavras, tudo (ou quase) se pode dizer. OLAriLA! Apenas com paLAvras
nada se pode fazer.
(“What
do you read, my lord? Words, words, words!”
– Shakespeare)
Esta
LAboriosa LAbuta é de minha LAvra, mas com paLAvras se LAvra a acta,
o LAbéu, a terra, o futuro.
(Capa de Júlio Pomar
para a edição da Prelo
de Pantagruel, de
Rabelais)
Zambujal
2. Bettips
Alazão
Canção do cigano
“Pela raia de Espanha, nas sombras da noite
Passava um cigano no seu alazão
O vento brandia seu nórdico açoite
E as folhas rangiam, caídas no chão.”
Letra de Frederico de Brito, música de Vasco Macedo, cantada por Alberto Ribeiro (1920-2000)
Quantas vezes não sei se são as palavras que se enredam no pensamento, se são as fotografias que surgem enredadas nas palavras e embrulhadas no pensamento! Teria sido a primeira vez que ouvi a palavra “alazão” que acho muito esbelta, tal qual são os cavalos e o seu porte. A música é dos anos 50/60. Seria capaz de a cantar de cor.
Assim me surgiu este cavalinho de bronze, nos músculos parados numa eterna espera, sem nunca poder atravessar a ponte...
Bettips
Subscrever:
Mensagens (Atom)