Imagina que atravessei a ilha toda, passando a Lagoa, sofrendo as intempéries da época, a beleza delas, o sonho de serem assim, sempre a pensar em ti, no que resta de nós aqui, na outra ponta deste resto de terra, e logo que cheguei à base deste monte, tudo estava assim, negado, em ruínas, sem nada a que eu possa agarrar-me, ultrapassando as horas mortas e chegando a ti depois das tábuas velhas da nossa pobre defesa dos bichos e da fome. Impermanente, permaneço.
Rocha de Sousa | com base na curta metragem (Im)permanência, "uma abordagem
à inevitabilidade do inconstante: nas peles das paredes das casas vividas, habitadas ou abandonadas, nas peles de um corpo amado,vivido ou esquecido, no tempo, nas relações, nas estações.
6 comentários:
Nem posso imaginar esse sofrimento todo.
Imagens dolorosas.
Travessia do tempo, dos lugares, da vida na sua inevitável inconstância.
Um texto dolorido cheio de ideias muito interessantes e belas a acompanhar uma fotografia também ela expressiva.
A beleza e a dor da precariedade, da usura do tempo, da perda...
Algo trágico -
mas belo, o mesmo ciúme do tempo que passa sobre os amados e nos deixa rasto.
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