Ela sabia o que a fez despertar tão cedo. Lembrava-se de ter visto o retrato a sair da moldura e a deitar-se a seu lado. Quisera tocar-lhe, mas os braços ficaram pesados, inertes. Foi bom o latido do cão no quintal das traseiras. Acordou sem ter tempo de dizer o porquê de todas as manhãs. Ouviu a voz de um dono a ralhar e a fala do cão a abrandar, a calar. Levantou-se, abriu a janela e ofereceu-se à luz indecisa da manhã. O corpo inseguro como um canavial a emergir da bruma. A ponte ainda lá estava. A que atravessaria até à outra margem do dia. Talvez por essa certeza, cantarolou baixinho: manhã tão bonita, manhã...
Licínia
5 comentários:
UAU! Grande foto! E grande texto! Muito bonitos, ambos!
Lindo. Recordei Clarisse, folheando as memórias de manhãs e pontes.
Lindíssima foto e bonita evocação da música brasileira.
Teresa
Sempre belos os teus textos
Luisa
Escreveste um belo texto, a fotografia é apelativa e a canção é linda(fiquei a cantarolá-la)! Tudo em concordância!
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