Sob o sol violento do meio-dia, numa ruela da aldeia, estava ali a primeira casa ao alcance da minha mão esquerda. A porta da casa já não era bem uma porta, mas um objecto ali esquecido pelos muitos anos da gente que pela casa passou. Na porta, uma montra de vidro estilhaçado. Vendo melhor, um quadro, uma colagem de despojos de batalhas presas no ranger dos dentes. Decadências, pensei, enquanto guardava o quadro na galeria da minúscula máquina de apanhar memórias. Uma pontinha de remorso, como se tivesse tentado roubar a alma a alguém.
Licínia
6 comentários:
Esta fotografia está muito interessante, vejo mil e uma coisas, aliás imagino, sugere-me, não sei o que é, gosto desta provocação
O que nos vai na cabeça pensando com o coração das palavras.
"Decadências", palavra bem aplicada.
É triste ter estas visões ao meio dia em que tudo deveria ser alegrias
Luisa
Texto excelente, fotografia enigmática, um meio-dia especial!
Misteriosa, uma frase em latim e um número de telemóvel. Estranha combinação.
Teresa
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