Violeta
“É preciso viver com o que temos” em violeta ou lilás, de difícil consenso, é um casaco de malha que tenho há 44 anos, fiz as contas. Este casaco é quase de certeza a peça de roupa mais antiga que tenho, comprei-o a conselho de uma colega do liceu cuja mãe trabalhava numa “loja de modas” em Queluz, vendeu-me os argumentos: a marca, a qualidade da malha, o preço e a cor. Não sei como me deixei levar: as marcas entram-me por um ouvido e saem por outro, a qualidade da malha era coisa que não me preocupava aos 15 anos, tive que pedir à minha mãe o dinheiro o que para mim era um rebaixe (teria que enfrentá-la com a minha moral sobre o desperdício em futilidades) e a cor seria o gozo em minha casa, na família, nas amigas. Eu e a minha amiga partilhámos muitas vezes o casaco na fase em que eramos inseparáveis colegas de 12.º ano e sonhávamos em ser arquitetas-artistas que nunca venderiam a alma ao dinheiro e ao sistema, só à fama da irreverência. Está aí o casaco a uso, eu e a Cristina de Queluz amigas, é o que interessa.
Mónica
6 comentários:
Esqueci-me de dizer que este casaco ía com uma saia da Cristina, uma saia comprida indiana com uns guizos pendurados, e usávamos o conjunto à vez. Isto dá-me vontade de rir, a nossa figura à vez, adolescentes.
Excelente a história, Mónica! Revi-me nela e ri c/ ela. Quem nunca? E os guizos "ao dependuro". Lindo!
As coisa de que gostamos quando temos 15 anos!!!
luisa
Uma recordação bem bonita e bem contada. Ah, os tempos de partilhar roupinhas! Conheço a marca...
A tua história muito bem contada fez-me recuar décadas, aos tempos em que "trajava" de forma semelhante! Saudades...
Uma história divertida com o teu sentido prático a mostrar-se sem papas na língua.
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