quinta-feira, março 08, 2007

"Entardecer" por Estranha pessoa esta

11 comentários:

bettips disse...

Vamos ...levamos o cão e ele guia-nos por essa estrada de oiro. Linda!

APC disse...

Ah, que me estavas a faltar tu, Estranhinha! :-) Curioso!... Também inclinei uma tarde à beira mar que tenho no meu post, em Agosto. Gosto... Porque a vida não é plana, tenho a certeza. Tudo toma um rumo, um balanço, uma tendência. Uma qualquer, que nos surpreende e nos acorda para os dias (para tardes como essa também!).
A tua é, certamente, a de tirares fotos belíssimas.
A cumplicidade, sempre! Só por isso, mereces 20!
O resto... O resto é "apenas" uma fotografia extraordinária!!!

PS - Ah poizé, "estranheca" :-PPP

Estranha pessoa esta disse...

heheh
Voces estragam-me com mimos.
:P

ACP,
EstranheCA é a prima, sua camufladaZECA de meia tijela :P

Bettips,
Bom olho ;) Mas, não era um cão, era uma cadela eheheh

Praia de St. Cruz!

APC disse...

Voltas a chamar-me ACP e proibo-te a presença em serviços religiosos, ó papa-óstias! :-P

Anónimo disse...

Que maravilha, um mar de prata (a bambolear?), espraiando-se nas areias douradas de Santa Cruz!
Fez-me saudades!

M. disse...

Um passeio em silêncio dourado.

Anónimo disse...

Foto maravilhosa!

Diafragma disse...

Excelente e originalíssima.

Isabel disse...

Adoro adoro adoro...pronto!
Era ai que me apetecia estar.
É refugiar-menun sitio parecido que vou este fim de semana...

Por algum motivo lembrou-me um poema.

POEMA DO CÃO AO ENTARDECER

Um cão no areal corria presto.
Presto correria o cão no areal deserto.
Era ao entardecer, e o cão corria presto
no areal deserto.
Corria em linha recta, presto, presto,
pela orla do mar.
Pela orla do mar, em linha recta,
corria presto, o cão.
Era ao entardecer.
No areal as águas derramadas
nas angústias do mar
lambuzavam de espuma as patas automáticas
do cão que presto, presto, corria em linha recta
pela orla do mar.
Sem princípio nem fim, em linha recta,
pela orla do mar.
Era ao entardecer,
na hora espessa, peganhenta e húmida,
em que um resto de luz no espasmo da agonia
geme nas coisas e empasta-as como goma.
No espaço diluído, esfumado e cinzento,
corria presto o cão no areal deserto.
Corria em linha recta, presto, presto,
definindo uma forma movediça
que perfurava a névoa e prosseguia
pela orla do mar, em linha recta,
focinho levantado, olhos estáticos,
fixando o breve ponto onde se encontram
além de todo o longe
as rectas que se dizem paralelas.
Alternavam-se as patas na cadência,
na cadência ritmada do movimento presto,
deixando no areal as marcas do contacto.
Presto, presto.
Como se um desejo o chamasse, corria presto o cão
no areal deserto.
O ritmo sempre igual, a língua pendurada,
os olhos como brocas, furadores de distâncias.
Em seu último espasmo a luz enrodilhou
o cão, o mar, o céu, o próximo e o distante.
Era um suposto cão correndo presto, presto,
num suposto areal, realmente deserto,
por uma linha recta mais suposta
que o areal e o mar
Mas presto, presto, sempre presto, presto,
ia correndo o cão no areal deserto.

António Gedeão

Beijo

Isabel

Anónimo disse...

Entardecer em sépia. Uma maravilha

Teresa Silva

Teresa David disse...

Gosto particularmente da perspectiva com que foi tirada a foto, e das cores também.