Luisa: É como dizes. A minha mãe costumava fazer marmelada lá no sítio onde apanhava os marmelos e punha as tacinhas ao sol, cobertas com papel vegetal. E vou contar-te o que me aconteceu. Eu, mais tarde, comecei também a fazer marmelada, mas não na aldeia. Trazia os marmelos para Lisboa e cozinhava-os aqui em casa. E não punha o papel, que ela desaparecia num instante dentro da gula familiar... Isto até ao dia em que estava sozinha em casa e cortei a cabeça do dedo anelar esquerdo. Pousei a faca, enorme!, embrulhei o dedo num lenço e fui ao posto médico a dois passos de casa. Quando lá cheguei perguntaram-me se tinha o resto do dedo. "Não sei", respondi eu, "Posso ir ver lá em casa"... Eu já sabia que às vezes se pode colar os "cacos" ou fazer remendos... :-)) Mas não, no meu caso tive que seguir de táxi para o hospital, o dedo provisoriamente embrulhado num penso, o braço no ar para contrariar o sangramento. Não sei o que o taxista terá pensado, não perguntou nada. Lá, puseram-me Betadine e mandaram-me ir mudar o penso dali a uns dias, que a pele renascia. "A minha aliança?", perguntei eu... Tudo muito eficiente, mas até a minha aliança foi parar ao caixote, agarrada ao resto. Não tinham dado conta. Lá a descobriram no meio do lixo hospitalar e devolveram-ma. A pele renasceu, a cabecita do dedo recompôs-se, mas a primeira vez que me descolaram aquele penso até vi as estrelas!... E fiquei sem sensibilidade na dita cabeça e com pouca vontade de me debater de novo com aquele esforço de cortar marmelos. Quase tão difícil como cortar uma abóbora enorme. Já alguma vez experimentaram? Mas que os marmelos daquela aldeia são muito mais saborosos do que os comprados, ai disso sei eu. Por experiência própria.
A foto está harmoniosa, não há dúvida...No entanto, depois de ler a história da feitura da marmelada, fiquei admirada de ainda conseguires encarar os marmelos... Agrades
M. que história trágica!!!!!! Então o dedo ficou misturado com as cascas de marmelo??? A minha Mãe também sempre fez marmelada e com as cascas fazia geleia. Será que com um dedo misturado ficaria mais saborosa???? Por essas e por outras é que eu nunca me aventurei nesses doces tradicionais. São um perigo.
Não te conhecia essa faceta de humor-negro, M.!!! Como num instante consegues transformar uma foto harmoniosa e serena numa visão de cozinha ensanguentada e pasta de marmelo a saber a dedo cortado:)))
Quando trabalhava tinha tempo para tudo, inclusivamente para fazer marmelada com uns fantásticos marmelos que a minha sogra da altura me oferecia. Felizmente não tenho nenhuma história trágica para contar, mas sim, a recordação do sabor daquela marmelada caseira que nenhum estabelecimento consegue vender que se equipare.
9 comentários:
O céu, a árvore, o fruto, tudo em perfeita harmonia. É um marmelo, não é? Que bela marmelada se fará depois!
Como a Natureza, a harmonia que nos transmite essa esperança-fruto contra um céu transparente!
Luisa:
É como dizes. A minha mãe costumava fazer marmelada lá no sítio onde apanhava os marmelos e punha as tacinhas ao sol, cobertas com papel vegetal.
E vou contar-te o que me aconteceu.
Eu, mais tarde, comecei também a fazer marmelada, mas não na aldeia. Trazia os marmelos para Lisboa e cozinhava-os aqui em casa. E não punha o papel, que ela desaparecia num instante dentro da gula familiar... Isto até ao dia em que estava sozinha em casa e cortei a cabeça do dedo anelar esquerdo. Pousei a faca, enorme!, embrulhei o dedo num lenço e fui ao posto médico a dois passos de casa. Quando lá cheguei perguntaram-me se tinha o resto do dedo. "Não sei", respondi eu, "Posso ir ver lá em casa"... Eu já sabia que às vezes se pode colar os "cacos" ou fazer remendos... :-))
Mas não, no meu caso tive que seguir de táxi para o hospital, o dedo provisoriamente embrulhado num penso, o braço no ar para contrariar o sangramento. Não sei o que o taxista terá pensado, não perguntou nada. Lá, puseram-me Betadine e mandaram-me ir mudar o penso dali a uns dias, que a pele renascia. "A minha aliança?", perguntei eu... Tudo muito eficiente, mas até a minha aliança foi parar ao caixote, agarrada ao resto. Não tinham dado conta. Lá a descobriram no meio do lixo hospitalar e devolveram-ma. A pele renasceu, a cabecita do dedo recompôs-se, mas a primeira vez que me descolaram aquele penso até vi as estrelas!... E fiquei sem sensibilidade na dita cabeça e com pouca vontade de me debater de novo com aquele esforço de cortar marmelos. Quase tão difícil como cortar uma abóbora enorme. Já alguma vez experimentaram? Mas que os marmelos daquela aldeia são muito mais saborosos do que os comprados, ai disso sei eu. Por experiência própria.
Ui! A tua história veio quebrar o encanto pela harmonia que ressalta da foto.
Ainda és capaz de comer marmelada? :)
A foto está harmoniosa, não há dúvida...No entanto, depois de ler a história da feitura da marmelada, fiquei admirada de ainda conseguires encarar os marmelos...
Agrades
Ó M., um humor negro com marmelada e cabeças de dedos à mistura, estragou-nos a poesia harmónica do marmelo ao sol... bolas.
Quem vê marmelos duros
não vê dedos seguros!
M. que história trágica!!!!!! Então o dedo ficou misturado com as cascas de marmelo??? A minha Mãe também sempre fez marmelada e com as cascas fazia geleia. Será que com um dedo misturado ficaria mais saborosa???? Por essas e por outras é que eu nunca me aventurei nesses doces tradicionais. São um perigo.
Não te conhecia essa faceta de humor-negro, M.!!! Como num instante consegues transformar uma foto harmoniosa e serena numa visão de cozinha ensanguentada e pasta de marmelo a saber a dedo cortado:)))
Quando trabalhava tinha tempo para tudo, inclusivamente para fazer marmelada com uns fantásticos marmelos que a minha sogra da altura me oferecia.
Felizmente não tenho nenhuma história trágica para contar, mas sim, a recordação do sabor daquela marmelada caseira que nenhum estabelecimento consegue vender que se equipare.
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