quinta-feira, outubro 17, 2013

14. Zé-Viajante

Na velha quinta onde nasceram sua mãe, avós e bisavós, havia uma grande alameda de castanheiros. Ao fundo, as cavalariças de então. Junto à porta, num prego de tamanho anormal, repousava sempre um molho de chaves.
Passados muitos anos o Solar da velha quinta é agora uma estalagem de luxo. As chaves desapareceram de vez. Em seu lugar, sinais dos novos tempos, tudo se abre e fecha com recurso a cartões magnéticos e comandos alfa-numéricos. É o «Abre-te Sésamo» das novas tecnologias.
 

Na velha quinta onde ele nasceu há quase setenta anos, ainda existe a grande alameda dos castanheiros. E escapando à profunda remodelação do espaço ainda lá ficou a casa dos cavalos. Hoje sem tectos e com muros a caírem de velhos. E junto à velha porta que ainda resiste, lá está, com as marcas do tempo, o mesmo molho de chaves da sua infância.

Zé-Viajante

6 comentários:

M. disse...

A memória do passado. As mais das vezes provocando um misto de prazer e de dor.

Licínia Quitério disse...

Gostei de ler e achei muito curiosa a referência ao "abre-te sésamo" da Mil e uma Noites, que foi a primeira password da História e também a mais famosa.

bettips disse...

"a alameda de castanheiros"... a chave para a quinta da infância, andar e andar, com pernas pequeninas.
Lindo, Zé, que (nos)saltem as chaves da memória!

Luisa disse...

Chaves antigas que tantas recordações nos trazem à memória!

Justine disse...

História muito bem contada, Viajante, porque vivida e guardada dentro da caixinha das tuas memórias, de que ainda guardas a chave:))))

Benó disse...

Tens as tuas memórias guardadas a sete chaves mas deste-nos o prazer de ficarmos a saber algumas delas. Eu, por mim, gostei.